Banho 1ª Parte

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Meus amores, alguns esclarecimentos. Essa é uma ficção, não retrata a realidade, tudo maluquice da minha cabeça. Obrigada pelos comentários. Eles deixam meu coração bem quentinho. Agora boa leitura.

Quando o beijo cessou minutos depois, Rosamaria estava levemente avermelhada, de vergonha e excitação. Ficou olhando para Carol, que tinha um sorriso de lado que poderia ser considerado indecente. "Sabia que eu queria fazer isso a muito tempo?" Perguntou a central "mas tinha medo de levar um fora, as vezes você pode ser bem intimidadora sabe?"

Em resposta Rosamaria tentou transmitir tudo que sentia em um único olhar, cheio de significados "então acho que somos duas bobas porque eu também queria fazer isso a muito tempo" e sem se conter abraçou Carol com força, como se quisesse se certificar que não iria perder aquela mulher de vista novamente. Depois de um tempo dentro daquele abraço Gattaz sentiu uma pontada nas costelas o que gerou um pequeno gemido de desconforto. Se dando conta da força de seu abraço e do gemido que escutou, Rosa recuou imediatamente "desculpa Carol, tá doendo onde, quer que eu chame a enfermeira?" no que Gattaz foi rápida demais em afirmar que tava tudo bem, o que não convenceu a ponteira "você mente mal sabia?" e acionou a luz de emergência que chamava o posto de enfermagem.

Nesse meio tempo, enquanto aguardavam a chegada da profissional, Rosa precisava falar de seus sentimentos para Carol, afinal não tinha cometido a loucura de se declarar sua namorada à toa. Realmente amava aquela mulher, mas sabia que aquele não era o momento mais apropriado "olha, tu passou por muita coisa nesses últimos dias, quase morreu, mas prometo que quando tu sair desse hospital a gente vai conversa sobre nós ok". Carol também sabia que aquele momento não era adequado, mas não queria perder a oportunidade de criar ótimas memórias dentro do caos.

Por isso, chamou Rosamaria para mais perto e pousou a mão livre em seu rosto. Começou suave e delicadamente a traçar com as pontas dos dedos os traços delicados de Rosa, passando pela sobrancelha, olhos, descendo pelo nariz e acabando contornando sua boca. Era um gesto tão simples e tão sensual ao mesmo tempo, que fez com que a mulher mais nova fechasse os olhos "você tem razão, vamos conversar com certeza depois de sair daqui, tenho muitas coisas para dizer".

O momento que as duas jogadoras estavam tendo foi interrompido com a entrada da enfermeira e de Marcela, municiada com uma mochila de itens de higiene pessoal, pijamas mais confortáveis do que as camisolas de hospital e outras coisas que estavam fazendo falta para a irmã. Marcela logo percebeu a proximidade de Rosa e Carol, suas mãos entrelaçadas e seus lábios meio inchados e vermelhos, mas preferiu nada falar sabendo do rolo eterno que as duas viviam e dos sentimentos que carregavam, torcendo para que elas se entendessem definitivamente depois de todo o drama que estavam vivendo.

A enfermeira deste turno era muito gentil, uma das preferidas de Rosamaria porque explicava para ela os termos técnicos de forma que a jogadora sempre entendia quando surgia uma dúvida. Sem contar o jeitão de vó da profissional, sempre com seus cabelos grisalhos prendidos em um firme coque no alto da cabeça, dando uma sensação de aconchego "tá precisando de alguma coisa?" e Rosa, meio constrangida, teve que explicar que estava abraçando Carol e ela se queixou de dores nas costelas. A enfermeira apenas sorriu de forma delicada e avisou que estava na hora da medicação para dor, mas fez questão de relembrar que Gattaz estava com as costelas quebradas e não poderia ser movida ou abraçada de forma brusca, o que fez o rosto de Rosa corar.

Marcela, fazendo jus a fama da família Gattaz, não poderia perder a oportunidade. Então emendou de primeira "já tava dando uns amassos na minha irmã né Rosinha?" Marcela falou aquilo com ar de deboche, o que suavizou suas palavras, mas isso não impediu Rosa de corar mais forte ainda, até as raízes do cabelo. Uma coisa era ela saber que a vontade de ter Carol era grande, agora ouvir um terceiro falar o que se passava em seu íntimo parecia concretizar de vez o fato de que não havia volta em relação aos sentimentos que foram expostos.

Quando Rosa estava prestes a responder a provocação da amiga, Carol se pronunciou "Deixa ela em paz Marcela, Rosa não gosta de ser chamada de Rosinha e a gente não tava de amasso". Vendo Rosa na sua pose característica, mãos na cintura e olhar de quem iria xingar até a terceira geração da família Gattaz, Marcela resolveu deixar quieto o assunto no momento e desviou a atenção para as necessidades de sua irmã "trouxe o que pediu, agora você pode tomar banho como queria". Aquilo pareceu iluminar o semblante de Carol "Graças a Deus, não aguentava mais. Vocês vão me ajudar né, acho que não consigo sozinha?". Gattaz na sua ingenuidade não percebeu o absurdo da ideia.

A enfermeira que observava todo o diálogo calada, enquanto ministrava os remédios da hora se viu na obrigação de explicar melhor a situação delicada para Carol "Banho sozinha nem pensar querida. Você ainda vai precisar de ajuda para fazer coisas simples por muito tempo, talvez meses e como vai ser seu primeiro banho fora do leito, já designei duas auxiliares para vir ajudar" falou se dirigindo a paciente e olhando as acompanhantes emendou "Daqui meia hora os remédios para a dor já estarão no pico e a equipe vem fazer o serviço. Se vocês quiserem sair pra comer alguma coisa ou descansar podem ficar tranquilas que quando voltar ela já vai estar de banho tomado".

Seria uma reação natural as duas concordarem e se sentirem até aliviadas em poder ter uma folguinha, mas a resposta de Rosamaria foi completamente contrária ao que todos esperavam "Não, obrigada, vou ficar e ajudar Carol a tomar banho". Quando sentiu três pares de olhos voltados para sí bufou de impaciência e deu de ombros "Eu vou ter que aprender de qualquer maneira e a Marcela também, então vamos ficar e observar" disse como se essa fosse a explicação mais coerente no mundo.

Rosamaria não revelaria nem sob tortura, mas ela morria de ciúmes de Carol, exposta para a cobiça pública, principalmente de uma das auxiliares que pegou birra. Então ela queria se certificar quais eram as funcionárias que iriam dar o banho. Na sua cabeça isso não era ciúmes, mas excesso de zelo. Queria ficar de olho na "assanhada" como passou a se referir à moça em sua mente.

Seus pensamentos foram interrompidos por Marcela, que não estava nada satisfeita de ser incluída naquela bagunça "Uai, porque eu? Não quero dar banho na minha irmã não. Eu não dô banho nem nos meus sobrinhos, qualquer coisa eu contrato alguém pra isso" fazendo Rosamaria bufar de frustração "Qual o problema, já ví Carol nua e já tomei banho com ela milhares de vezes e tu também que eu sei". Como atletas, Carol e Rosa estavam acostumadas a se verem nuas, por dividirem o mesmo vestiário por anos, então isso não era um problema.

Marcela não queria se dar por vencida "você pode ter visto ela nua várias vezes, mas eu não". Nesse momento Carol, que só assistia a discussão das duas perdeu a paciência "vocês querem parar? Tão falando como se eu não tivesse aqui credo, eu só quero tomar banho, um misero banho sô". Marcela olhou para a irmã e para Rosa e resolveu recuar, porque discutir aquilo não traria benefícios para ninguém no momento e, ao contrário do que havia falado anteriormente, era comum as irmãs se trocarem uma na frente da outra, o que não causava constrangimento nenhum para ela.

Assim, depois de um suspiro alto e uma fuzilada com o olhar pra Rosa, Marcela se virou para a enfermeira e informou que ela podia mandar a equipe para o banho, que tanto ela quanto Rosa iriam aprender como ajudar.

Depois que Carol voltou do coma a dieta nasogástrica foi retirada, mas por orientação médica a fralda que usava ainda foi mantida. A Dra. Carla queria um "feedback" da equipe de enfermagem para saber se poderia autorizar a paciente a se locomover até o banheiro para suas necessidades. Então o banho não era simplesmente um banho, mas um teste para determinar o estado geral da paciente em pé, fora do leito.

Depois de mais ou menos 20 minutos, os piores temores de Rosamaria se concretizaram e foi inevitável pensar que o destino não estava sendo nada bonzinho com ela nos últimos dias porque junto de uma mulher que sabia se chamar Maria e que aparentava estar na casa dos 40 anos vinha a dita cuja assanhada. Sim meus amigos, pensou Rosa, esse banho ia ser babado e ela não iria se responsabilizar se a piranha fizesse alguma coisa com a sua namorada. Carol era dela e ninguém iria ficar metendo a mão onde não era chamada.

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