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Lencinhos prontos? Vocês vão precisar. Mas é, de longe, um dos mais lindos que escrevi. Boa leitura!

Okane nem sabia direito o que estava fazendo, mas quando se deu conta, já segurava o braço daquele garoto fortemente e o fazia levantar do chão. O estresse com Luka na festa e com aquela história da moto...mexeu em alguma coisa no seu interior, começou a encher um reservatório que estava vazio havia tempos e aquele quase atropelamento foi a gota d'água que faltava para o reservatório transbordar de vez.

Isso o teletransportou para o dia daquele acidente que mudou sua vida para sempre, que lhe fez se sentir culpado pelo que aconteceu ao seu pai e lhe fazia estremecer sempre que o via naquela cadeira e lembrava do que aconteceu. Então as palavras saíram da sua boca antes que ele sequer percebesse:

— Você tem ideia do que poderia ter acontecido com você se esse carro te atingisse, garoto?– pergunta com raiva, segurando o braço do menino forte.

— D-desculpa!— o garoto gagueja.– E-eu não vi o carro.

— Desculpa? O que faz andando de bicicleta à essa hora?– Já eram quase onze da noite.– Onde estão seus pais?

— M-me esperando a-ali do lado! Viemos dar uma volta e eles me deixaram andar de bicicleta!– o menino fala apavorado pois Okane ainda lhe segurava o braço.

— Ah, claro! E pensou neles e no que aconteceria caso eu te atropelasse? – O menino nega assustado– Pois deixa eu te falar: se você morresse, eles iam sofrer pro resto da vida! Mas se ficasse doente ou paraplégico ia ser três vezes pior! Porque iam ficar perguntando o que poderia ter feito pra que isso não acontecesse!

— Tá bom, Okane! Para.– Luka tenta intervir mas o moreno praticamente não lhe ouve, tamanha raiva que sentia. Mas não era do garoto, não. Era dele. Tudo o que ele falava, era como se estivesse falando pra si mesmo.

— E toda vez que te olhassem numa cadeira de rodas um numa cama de hospital eles iam reviver esse dia. E eu posso te garantir que é a pior coisa do mundo! Você ia querer que seus pais passassem por isso?– O menino nega com os olhos arregalados.– E eu ia ficar me sentindo culpado pro resto da vida também! Você ia querer isso?– pergunta chacoalhando o menino que começa a chorar.

— Okane, já deu! O moleque tá chorando!– Luka diz e finalmente consegue tirar as mãos do outro do garotinho– Ei, carinha, calma tá bom? Não precisa chorar! Eu te garanto que o tio aqui não é tão assustador normalmente...– fala se abaixando na altura do menino e falando num tom ameno e calmo. O menino logo se acalma– Mas ele tá certo. É perigoso andar assim mesmo que quase não tinham carros. Toma mais cuidado da próxima vez, ok?– o menino assente e Luka enxuga suas lágrimas.– Machucou?

— N-não.

— Ah, tudo bem. Vem, vou te ajudar a levantar sua bicicleta.– Luka diz puxando o menino até a bicicleta e o ajudando.– Agora volta pros seus pais. E cuidado ok?– diz e o menino assente, já em cima da bicicleta e volta a pedalar, de onde veio.

— Você...seria um ótimo pai.– Okane constata olhando pra Luka e pela maneira educada e calmante que falou com o menino. E lembrando do que o próprio lhe falou há alguns dias naquela tarde que passaram no parque se divertindo.

– Valeu...– sorri– Agora vamos sair daqui antes que os pais daquele garoto venham bater na gente.– Luka dá de ombros e entra no banco do passageiro enquanto Okane volta ao banco do motorista e eles saem de lá, indo até o prédio em que moravam.

E se Okane bem conhecia Luka, ele não tinha esquecido do que aconteceu. Ele viu um ataque de raiva do moreno. Como ia esquecer daquilo? Ele só estava esperando o momento certo pra dar o bote. E foi dito e certo, porque assim que puseram os pés no apartamento, o loiro foi logo dizendo:

Sálvame| Lukane Onde histórias criam vida. Descubra agora