Capítulo 7

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O escritório entrou em um silêncio palpável por alguns instantes. Todos (menos Ayo, que estava muito entretida em abraçar a canela do primo) encaravam Celeste com um misto de surpresa e indignação em suas expressões.

ㅡ Sinceramente, estou começando a questionar sua sanidade, Celeste. ㅡ foi Aren o primeiro a falar. ㅡ Estou cogitando a ideia de chamar um curandeiro mental para te examinar, porquê você realmente não está agindo como uma pessoa sã.

Celeste apenas ergueu as sobrancelhas. Sim, sabia que sua cabeça estava muito cheia e confusa, e sim, nos últimos dias havia questionado sua sanidade mais vezes do que podia se lembrar, mas aquilo não havia sido muito sutil da parte de seu tio.

ㅡ Estou completamente sã, tio Aren. ㅡ mentiu apenas um pouco . ㅡ Não permitirei ninguém vasculhando minha cabeça.

ㅡ Seu pedido anterior me faz duvidar de sua palavra. ㅡ assumiu uma postura ereta, a máscara aristocrática de volta em sua feição. ㅡ Você foi sequestrada em Ugahdu, uma vila que se torna um ponto de encontro de aurores sempre que é dia de visitas de estudantes, a caminho de Uagadou, uma das melhores e mais bem protegidas escolas de magia do mundo. ㅡ apontou. ㅡ E está querendo ir para Hogwarts? A escola que é cheia de fantasmas e poltergeists que parecem gostar muito de fazer a vida dos alunos difíceis. A escola vizinha de uma floresta lar de dezenas de criaturas perigosas. A escola de magia que não permite que magia seja usada nos corredores. Que todo ano surgem rumores de alunos sendo postos em situações de perigo. A escola que nesse ultimo ano protagonizou um torneio a muitos anos proibido, de onde dois alunos foram sequestrados debaixo do nariz de todo o corpo docente e Ministério, e que quando retornaram um deles estava morto? ㅡ enfatizou. ㅡ Essa Hogwarts?

ㅡ Sim.

ㅡ Está maluca. ㅡ sussurrou para si mesmo, virando-se e indo se sentar no sofá junto ao sobrinho.

ㅡ Celeste, querida. ㅡ Dori chamou sua atenção. ㅡ Tem noção de que Hogwarts não é um lugar seguro? ㅡ a garota acenou. ㅡ E você entende que, se o que o menino Potter e Dumbledore dizem for verdade e Voldemort tiver retornado, você estará se metendo no meio de uma guerra? ㅡ mais um aceno. ㅡ E ainda assim deseja ir?

ㅡ Sim. ㅡ respondeu. ㅡ Entendo a preocupação de vocês, mas não a nada que digam que me fara mudar de ideia. Caso não queriam cuidar de minha transferência por favor digam logo, que então cuidarei disso eu mesma.

ㅡ É uma adolescente, Celeste. ㅡ Zuri interviu. ㅡ Não pode fazer isso sozinha.

ㅡ Sou oficialmente uma Senhoria. ㅡ rebateu, a voz soando firme. ㅡ Mesmo que tio Aren tenha assinado um termo de responsabilidade, sei que essa foi apenas uma das opções, sei do regulamento desde que me entendo por gente. Eu também poderia me emancipar.

O escritório voltou ao silêncio, todos os olhos (inclusive os de Ayo, que parecia ter sentido que algo estava estranho) focados na garota em pé atrás da mesa antiga.

Ela não estava brincando, eles perceberam. A postura ereta, cabeça erguida e olhar firme exalavam seriedade o suficiente para isso.

Havia algo de diferente nela, também notaram. Sempre foi uma garota quieta, inteligente e determinada, mas agora havia algo mais que não sabiam dizer o que era.

Celeste voltou a erguer as sobrancelhas.
ㅡ E então?

Aren bufou de uma forma nada madura.
ㅡ Tudo bem. ㅡ disse. ㅡ Cuidarei de sua transferência.

ㅡ Ótimo, obrigada.

ㅡ E quanto a mim? ㅡ a voz de Bomami soou baixinha, enquanto olhava muito atento para a irmã. ㅡ Posso ir com você?

Celeste - Resgatada da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora