Capítulo 9

2 0 0
                                    

O ministério britânico e sua imprensa eram uma piada. Era a única coisa que se passava pela cabeça de Celeste enquanto lia todas aquelas edições d'O Profeta Diário impressas e espalhadas nas ultimas quase três semanas após o dia vinte e quatro de Julho - dia da ultima tarefa do Torneio Tribruxo e morte de Diggory.

Tudo o que faziam era debochar de Harry Potter e Alvo Dumbledore, fazê-los de chacota. Diziam que a morte do garoto Cedric Diggory fora apenas um acidente, diziam que Potter era fantasioso, que queria atenção.

Bom, Celeste não o conhecia pessoalmente, mas concordava com sua família de que era sim possível o que o garoto falou sobre Voldemort ser verdade. Em contra partida o Ministério da Magia Britânico estava muito arisco, na defensiva contra algo que diziam ser lorota de malucos.

Se fosse mentira bastaria soltar uma nota desmentindo a situação, uma pequena coletiva com um funcionário da segurança, caso o boato tivesse ganhado alguma força. Mas não, eles estavam atacando, como se tivessem sido atacados primeiro. Como se ressurgir em um mundo onde existem Pedras Filosofais, dragões, fantasmas e pessoas que voam em vassouras, fosse uma ideia absurda. Como se estivessem com medo.

ㅡ Ministro Fudge está alucinado. ㅡ comentou Aren. Durante o jantar, após um longo dia de compras com Bomami, a sobrinha o havia perguntado se ele sabia de mais coisas sobre o que estava acontecendo. ㅡ Estive no Ministério a alguns dias para lidar com a papelada necessária para seu visto e transferência e acabei escutando ele conversando com um garoto ruivo, e parecia irritado. Afirmava que Dumbledore claramente estava querendo roubar seu cargo, que aqueles que o apoiavam ou acreditavam nele eram desleais ao Ministério e deveriam esvaziar suas escrivaninhas, e como o garoto, um tal de Weasley, deveria escolher seu lado. ㅡ mastigou um pedaço de frango assado sob o olhar atento de Abby, que estava sentada em uma das cadeiras bebendo suco em uma taça de cristal. Deixou um grunhido de aprovação proposital sair e a elfa abriu um sorriso grande. ㅡ Pelo que soube alguns funcionários foram realmente demitidos após declararem que acreditam em Dumbledore publicamente.

ㅡ E quanto ao público?

ㅡ Alguns acreditam em Dumbledore, mas a maioria está com o Ministério. Dizem que Harry Potter está obcecado com a fama desde que descobriu ser famoso, que Dumbledore está ficando caduco por acreditar em fantasias.

Celeste raciocinou por um segundo antes de acenar com a cabeça. Bomami soltou uma pequena gargalhada alheia enquanto comia sua comida e brincava com sua nova familiar.

ㅡ Algo mais? ㅡ não ouve resposta. Ela voltou seu olhar para Aren, que já a encarava de forma cautelosa. ㅡ Há algo mais, tio Aren? ㅡ Repetiu.

ㅡ O que exatamente você quer fazer se transferindo para Hogwarts, Celeste? ㅡ silêncio. ㅡ O que você quer vindo para esse lugar, sabendo perfeitamente bem que pode estar se metendo no meio de uma guerra?

ㅡ Se está com medo de ser perigoso está livre para voltar para sua casa, tio.

ㅡ Não estou indo a lugar nenhum. ㅡ a respondeu com um tom cortante que fez até mesmo Bomami o olhar. ㅡ Não temo por mim, trocaria facilmente minha vida pela de vocês. Tenho medo é por você.

ㅡ Estou em paz com as consequências de meus atos, independente de quais sejam.

ㅡ Você não é burra, Celeste. Sei que sabe o que está fazendo e onde está se metendo, mas gostaria de te lembrar que uma dessas “consequências” que mencionou pode ser a morte.

ㅡ Minha palavra continua a mesma.

ㅡ Pois não deveria. ㅡ rebateu com acidez, e isso fez com que a menina finalmente tirasse a atenção de seu prato e olhasse para ele. Aren a admirava muito por sua paciência, mas naquele momento ela estava o incomodando. ㅡ Você é uma Senhoria agora, como gosta de falar, tem deveres com sua família. A vida é sua, claro, então você pode fazer o que quiser com ela, mas não se esqueça que o que boa parte do que faz também nos afeta e que, se morrer, tudo será jogado para Bomami.

Celeste - Resgatada da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora