Celeste - Resgatada da Morte

Capítulo 4

Aren estava no hall com Mimi e Jiwi para receber sua família quando eles chegaram através de chaves de portais, no dia seguinte.

Zuri vinda de Quioto, Japão, junto do marido Dori e sua filha Ayo, uma bebê com apenas alguns meses de vida. E Jawari, com a esposa Bintu, vindos de Mênfis, Egito.

Eram seus irmãos. Eles mal precisaram se olhar para perder aquelas poses aristocratas. Os olhos se encheram de água assim que pisaram no chão, correndo para se abraçarem logo em seguida, lamentando pela morte do irmão mais velho e da cunhada.

Aren havia os contado sobre a situação brevemente em uma ligação a través de um telefone fixo (e que era incrivelmente mais útil e rápido do que a linha de flú), logo após ouvir Celeste contar pela primeira vez. Faziam três dias.

Dori e Bintu se cumprimentaram e ficaram lado a lado em silêncio, o japonês segurando uma bebê de seis meses dormindo em seus braços. Jiwi e Mimi agarraram as bagagens e sumiram um estalo no segundo seguinte.

Ouve um barulho de passos chegando e os mais velhos olharam para a porta que dava acesso ao saguão, por onde os irmãos mais novos passaram logo em seguida.

Estavam no quarto de Celeste, ela lendo o livro de medibruxaria e Bomami trabalhando em mais um desenho (agora apenas o perfil de seu pai sorridente e com o olhar brilhante), quando Jiwi apareceu avisando que seus tios haviam acabado de chegar.

Zuri e Jawari imediatamente correram até os sobrinhos, os envolvendo em abraços apertados e molhando seus ombros com lagrimas.

ㅡ Eu sinto tanto, tanto. ㅡ Zuri disse com a voz forte e feminina soando falhada. ㅡ Vocês são tão novos, não deveriam ter que passar por isso.

ㅡ Prometo que vamos cuidar bem de vocês. ㅡ A voz grossa de Jawari veio seguida de uma fungada.

Pouco tempo depois, após os Carolinos mais velhos se recuperarem da crise emocional, todos se reuniram no salão principal.

Aren usou uma penseira para mostrar aos irmãos e cunhados sua memoria do depoimento de Celeste aos aurores. Mesmo Jawari e Bintu – que eram aurores a muito tempo – sentiram seus estômagos se revirarem.

Celeste ignorou os olhares que se voltaram para ela após aquilo, concentrando toda sua atenção na bebê em seu colo. Tinha o pequeno corpo gordinho vestido em um delicado conjunto de shorts e meias brancas e camisa azul com estampa de ursinhos, que lhe destacava a pele negra leitosa. A boca pequena tinha um tom escuro, o nariz era larguinho e o pouco cabelo que tinha dava indícios de que seria um ondulado preto muito bonito. O único traço que havia herdado do pai eram seus olhos, puxados como de felinos e em um tom marrom claro.

Ayo parecia encantada com os cachos da prima, tentando os puxar o tempo inteiro com as mãozinhas babadas e levá-los a boca sem dentes.

ㅡ Não adianta fingir que não nos vê, Celeste. ㅡ foi a voz de Dori que soou, rouca, clara e uniforme. Um leve sotaque japonês em seu malgaxe perfeito. ㅡ Deixe Ayo brincando com seu irmão e venha até aqui.

Ela olhou para o tio com o rosto em branco, ponderando por um segundo e então colocou a bebê sentada no chão, onde Bomami brincava com alguns ursos de Ayo em cima de um tapete felpudo e macio colocado lá instantes antes, caminhando até os mais velhos em seguida.

Ela se sentou em uma poltrona confortável e então sentiu o corpo tremer e arrepiar. Bintu havia jogado um feitiço de privacidade ao redor deles para que os menores não escutassem.

Celeste voltou a olhar para o marido de sua tia. Ele tinha a pele clara, o corpo esguio e alto, sua pele era lisa e sem manchas, os lábios eram rosados, o nariz arredondado e os olhos puxados e marrons. O cabelo liso era negro e um tanto longo, caindo elegantemente por sua testa e orelhas, o corpo estava coberto por sapatos de couro escuro, calças e camisa pretas, sem adereços além do anel de sua família, o clã Saito.