Levei um pequeno susto ao sair do quarto, e a primeira pessoa a passar por mim é a minha filha, com a barriga indicando seus oito meses e a feição branca de tão pálida.
Esse último trimestre não estava sendo nada fácil pra ela. Clarice estava sentindo dores, contrações de treinamentos e seu humor estava péssimo.
Olhei para o quarto, vendo Olivia entre as minhas cobertas. Ela parecia dormir de maneira pesada, então apenas fechei a porta, seguindo minha filha até a cozinha.
Algum tempo havia se passado desde que os pais de Olivia vieram para os Estados Unidos.
Olivia garantiu a guarda das filhas quando o caso não precisou ser levado para o juíz. A única condição era que ela e Jake se resolvessem pelo bem das crianças. Então, ficou combinado que ele ficaria com as filhas todos os fins de semana, Ações de Graças e Páscoa. Olivia ficava com elas nos dias de semana, aniversários, e nas festas de fim de ano.
Ele não se agradou muito disso, mas Olivia sabia que logo ele voltaria a ser o Jacob que não ligava para as filhas e só procurava saber delas a cada dois meses.
Algumas semanas depois da conversa com a representante do Serviço de Proteção às Crianças, a síndica do prédio ligou avisando que o prédio já estava habitável mais uma vez, e nós tivemos que nos mudar mais uma vez.
Porém, por conta da gravidez, Olivia teve a brilhante ideia de que nós ficássemos em sua casa. Assim teriam mais pessoas para cuidar de Clary, e lhe ajudar caso algo acontecesse.
Eu achei a ideia absurda no começo, mas me lembrei de dezessete anos atrás. O medo e o histórico por conta da Indie falaram mais alto e eu acabei aceitando. Quando Indigo passou mal aos sete meses de gestação, eu estava sozinha com ela e fiquei desesperada.
Não estou pronta para viver tudo de novo, por isso ter três olhos atentos (mais os olhos da pequena Alice) não seria algo ruim.
Segui minha filha até a cozinha, sentando-se na bancada e soltando um suspiro.
— Não deixe a Olivia saber que você saiu do quarto dela dessa forma, e que eu ainda te vi — Clarice riu fraco, arrumando seu café da manhã — Como foi a noite? —
— Nós não fizemos nada. É só que... Desde que ela quase perdeu a guarda das filhas, ela está um pouco... — grudenta. Mas se eu disser dessa forma, Clary vai pensar que eu não gosto do que está acontecendo.
Eu estou amando a forma como Olivia está me tratando. Mas ao mesmo tempo, eu estou preocupada com isso.
Era como se ela tivesse medo de me perder da mesma forma que quase perdeu as filhas.
Eu me sinto mal por isso, ela passou um momento difícil, e agora está com medo, mesmo que ela não admita. Mas dormir com ela em meus braços todas as noites era tão bom, que eu me recusava a dizer que eu nunca sairia do seu lado.
— Sabem do que vocês precisam... Ir em um encontro — Clary deu a ideia, se sentando perto de mim.
— Sem chances — respondi na mesma hora.
— Ela precisa comemorar! A Olivia conseguia vencer os pais brasileiros que dão medo e o pai babaca da Ann. Também faz meses que eu não vejo vocês saírem de casa. Vão transar, dançar, os dois. Não sei — minha filha falou sobre o assunto como se fosse normal.
Muito normal minha filha — grávida — falar que eu preciso transar.
— Não fale assim da minha vida sexual, é nojento — foi o que eu respondi, fazendo uma feição enojada.
— Mãe... Eu estou grávida. Quer algo mais nojento que isso? —
Não acho que seria uma boa ideia deixar Ann sozinha com uma Clary rabugenta e mal-humorada. Que uma hora estava zangada, em outra estava chorando e em outra queria sexo. Eu vivi isso tudo com Indie e sei como é.
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Midnight Memories |G!P| ✅
FanficBillie e Olivia nunca se deram bem no passado. A história foi marcada por bullying, brigas e agressões verbais. Mais de quinze anos depois, as duas acabam se reencontrando e tendo que conviver juntas por conta de um amor envolvendo suas filhas. Bill...