32.Liberação do corpo?

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A sensação é mais ou menos essa, seus ossos parecem quebrar quando entram em contato com a água, então você se sente puxado para baixo com força e a cada segundo em que seu corpo fica mais e mais distante da superfície é como se uma vontade quase incontrolável de fechar os olhos e desistir tomasse conta de você, então de repente você não tenta mais lutar contra a vontade de se entregar, você quer simplesmente ir e abraçar a inconsciência.

No momento eu já não tento mais, sinto que o ar está deixando meus pulmões com demasiada facilidade, bem como quando Carol me beija, só que sem a parte boa
de sentir seus lábios e depois o calor dos seus braços.

É insuportável, é um arder sufocante, é de fato torturante sentir sua última bolha de oxigênio se esgotar, mas antes de ir,ainda sinto, ainda reconheço o toque das mãos dela em mim, sei que ela está tentando me levar para cima, mas estou pesada demais e estou adormecendo, meu lamento é não conseguir ver seus olhos devido a escuridão. Estou morrendo afogada dentro de um mar congelante e mesmo assim você está ao meu lado Carolyna Borges, você sempre esteve.

***

É absolutamente congelante, mas não me
importo, estou mergulhando cada vez mais
fundo até que toco em sua mão, Priscila não
está reagindo, tento puxa-la para cima, toco
seu rosto, mas ela não se movimenta, tento
arrastar a pesada bola de ferro, mas é inútil. Meus pulmões começam a reclamar por ar, subo o mais rápido que posso a superfície.

- SOCORRO...SOCORRO..- grito desesperada.

Volto a mergulhar, meu coração se aperta ao sentir a pele fria de Priscila, tudo que consigo fazer é implorar para que ela resista, colo meus lábios nos seus, quero entrega-lhe meu ar, quero que ela acorde e me ajude a livra-la dessas amarras, eu sei que não aguentaremos muito tempo, também sei que não tenho forças suficiente para levar nós duas para cima, então apenas a abraço forte, se ela não respirar de novo eu também não irei, me prendo ao corpo dela apenas esperando por um milagre ou uma entrega, eu só não irei deixa-la, não importa onde isso irá acabar eu estarei ao lado dela, eu a abraçarei até o nosso último segundo.

Um puxão brusco me trás pra cima, minha cabeça submersa agora está fora d'água, uma lancha cheia de oficias surge, três homens mergulham em direção a Pricila, entre o abrir e o fechar dos olhos vejo imagens confusas, até que tudo desaparece. Frio, muito frio, tento abraçar meus joelhos para me livrar do frio, preciso abraçar meu corpo, preciso de calor. Minha cabeça dói, é uma dor torturante, pregos parecem ter sido enfiados em meu crânio, tento abrir os olhos, mas estão tão pesados, tão...

- Tragam mais um cobertor.

Ouço uma voz desconhecida dizer, depois só o silêncio. Estou com tanto sono.

Bip Bip Bip...

E um barulho infernal, sempre a mesma
coisa, sempre o mesmo som, isso está me
enlouquecendo.

Bip Bip Bip...

Por Deus, alguém desligue isso, meus olhos
ainda estão pesados, minha garganta está
apertada e meu corpo ainda sente frio e o
maldito Bip Bip Bip...Não acaba, nunca se
cala, nunca...

Bip,Bip,Bip...

Durmo novamente. Um cheiro estranho me desperta, algo faz cócegas em meu nariz, consigo me mexer, meus olhos estão se abrindo sem resistência, mesmo a terrível luz que cega é bem vinda, não aguentava mais a escuridão em que me encontrava, Branco, o teto branco é a primeira coisa que vejo, em seguida o branco é substituído pelo castanho de olhos familiares.

- Malu.- minha voz está baixa e fraca.

- Bem vinda de volta.

- Priscila, como ela está?...Onde ela está?

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