Cap. 24

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  Domingo.

  Robin me passou seu endereço pelo telefone e combinamos que eu chegaria às 18h e meu pai me buscaria às 21h.

  Robin me recebeu com um sorriso e um abraço e a primeira coisa que disse quando entrei foi pra não reparar no tamanho da casa.

  A casa dela era muito simples, poucos cômodos e não muito espaçosa.

  Buckley me direcionou até seu quarto. Era um quarto pequeno, sem muitas coisas mas muito organizado, bem mais que o meu.

  Ao vê-lo, entendo o porquê de Robin ficar tão impressionada com o tananho do meu, mesmo que não seja lá essas coisa. O dela é bem menor.

  Me sinto mal por notar tanto o tamanho quando foi justamente o que ela pediu pra não fazer, mas em nenhum momento olhei com julgamento, apenas observei o local.

  As paredes do quarto são de um tom laranja fraco e nelas são notáveis vários pôsteres de diversas bandas e filmes que ela deve ser fã.

  Ao lado de sua cama, que é decorada com uma roupa de cama de estampa cinza xadrez, há uma mesa que suponho que seja usada pra estudos. Nela há um pote com lápis e canetas e alguns livros empilhados.

  Na parede à frente da mesa, há folhas adesivas contendo algumas informações importantes sobre diversos assuntos e matérias em uma caligrafia confusa, mas legível.

  Nos sentamos em sua cama. A garota ao meu lado parece desconsertada, talvez esteja envergonhada com a minha presença aqui?

  Começamos a conversar de assuntos monótonos até ela começar a se soltar e começar a falar sem parar e eu ficar só olhando com cara de boba.

  Então de repente ela para sem concluir o assunto.

  Espero por alguns segundos mas ela só olha pro chão.

— E o resto? — Pergunto pra que ela continue.

  Ela parece surpresa com a pergunta.

— Você tava interessada mesmo? — Disse e começou a sorrir. — Tipo, pra valer?

  A fala me deixa confusa.

— Ué? — Eu rio. — Eu tô. Você parou do nada sem concluir o que tava dizendo! Isso é tortura! — Disse fazendo uma cara sofrida.

— É que eu tenho a impressão que eu fico muito irritante quando começo a falar sem parar assim, e então, quando eu percebi que eu tava fazendo isso eu me fiz parar, porque eu não quero te irritar nem fazer você cansar de mim, sabe, e eu tô fazendo isso agora e você deve tar pensando "Nossa, como ela é irritante!" mas quando eu começo eu não consigo parar, eu simplesmente falo tudo antes de pensar. — Soltou de uma vez só.

  Contenho o impulso que tenho de pegar em sua mão.

— Eu não te acho irritante! Na verdade eu adoro quando você faz isso, eu presto muita atenção, juro! — Respondi e ela abriu um grande sorriso.

— Tá, então... Acho que devo continuar o assunto, né?

— Por favor! — Eu disse.

  Ela concluiu e continuamos a conversar por mais um longo tempo.

  Robin se mostrou bem mais solta do que no começo, quando estava visivelmente nervosa.

  Depois de mais um tempo colocamos músicas pra tocar e cantamos as poucas que sabíamos de cor em intervalos entre alguns assuntos.

  Cantamos sem medo de errar ou desafinar sabendo que nenhuma de nós era cantora ou coisa alguma.

  Saímos pra comer e voltamos mais uma vez ao seu quarto, onde o aparelho continuava a tocar.

  Descobri que de sexta pra sábado Steve virou a noite em uma festa e ligou pra Robin pela tarde alegando que ser um zumbi seria melhor que ter que conviver com a ressaca que ele tinha no momento. Rimos muito do pobre coitado.

— Vou ter que voltar a trabalhar amanhã. — Buckley disse fazendo uma voz chorosa engraçada quando o fato de amanhã ser segunda-feira acabou eventualmente se tornando o assunto.

— Sinto muito! — Disse fazendo uma cara exageradamente triste, o que a fez rir.

  Eu passei os próximos minutos consolando Robin da temível ideia de voltar a trabalhar, provavelmente tendo que aturar o cara da locadora muito puto com o fato de seus 2 únicos funcionários além dele mesmo tirarem folga juntos semana sim, semana não.

  No tempo que fiquei aqui não conheci ninguém que more com Robin. Quem quer que tenha me atendido quando liguei no outro dia não estava em casa.

  Nossas piadas e risadas foram interrompidas quando alguém do lado de fora tocou a campainha e paramos pra ver o horário.

  Passava de 21h, tudo indicava que era meu pai quem esperava lá fora.

  Abrimos a porta e não foi nenhuma surpresa, era ele mesmo.

  Nos despedimos tristes por já termos que nos separar e eu fui embora com meu pai que ficou perguntando tudo o que aconteceu no caminho pra casa.

Whispering Secrets - Robin BuckleyOnde histórias criam vida. Descubra agora