Capitulo 1
Ainda estava tentando digerir todos os acontecimentos dos últimos meses, já estava cansada de receber todos aqueles olhares de pena, e naquela situação eu só podia sentir raiva e acabei percebendo que estar com o Erick por todos aqueles anos foi uma completa perda de tempo, eu precisava seguir em frente e superar os sentimentos ruins que se instalavam em mim, e acabei chegando à conclusão de que estar com ele nunca me fez bem, nunca foi uma relação de dar e receber, eu nunca recebia, mas me doava inteiramente para ele.
Naquela manhã dos últimos dias do verão meu pai me entregou uma das últimas cartas de aceitação da faculdade, eu tinha me inscrevido para algumas antes de todos aqueles planos para o casamento, e com todos os acontecimentos havia deixado de lado. Me sentei em uma cadeira na cozinha e abri a carta, era da Universidade Cornell, em Nova York, respirei fundo e deixei a carta em cima da mesa, era uma oportunidade rara, tinha ganhado a bolsa completa para o curso, vi meu pai parado na porta me olhando com estranheza, ele também estava irritado com o desaparecimento repentino de Erick e fazia de tudo para me ver um pouco mais animada e eu apreciava seus gestos, meu pai era um homem incrível.
— Essa é a carta daquela faculdade que você tanto falou durante o verão - me ajeitei na cadeira e fiz que sim com a cabeça.
— É essa pai, e eu meio que consegui, ganhei 100% - ele me olhou animado e vi a felicidade brotando em seu rosto, aquilo foi o suficiente para me animar um pouco mais.
— A meu Deus Donna, eu estou tão orgulhoso de você querida, temos que começar a organizar as coisas, temos que pesquisar o mercado imobiliário da cidade, e não se preocupe, vou lhe ajudar em tudo que for preciso, as coisas estão indo bem na loja e... - Me fixei na felicidade dele e sorri, ainda não tinha decidido se iria ou não para Nova York, ainda me sentia insegura.
— Eu..eu ainda não sei se vou aceitar pai, as coisas estão tão complicadas nesse momento, talvez não seja uma boa ideia – ele parou e me observou, puxou uma cadeira e se sentou frente a mim, tomou minhas mãos e olhou em meus olhos.
— Querida, pense bem, você lutou tanto por essa oportunidade, estudou por noites a fio, e agora quer desistir, meu bem, o sofrimento é inevitável, mas cabe somente a você buscar maneiras de se reerguer, o que ele te fez é imperdoável, mas não pode parar sua vida por isso-meus olhos marejaram e baixei a cabeça, meu pai estava certo.
— O senhor tem razão pai, não posso jogar essa oportunidade pros ares – meu pai sorriu e logo voltou a fazer planos e aos poucos fui entrando naquele jogo com ele, aquilo era tudo o que eu precisava para tomar coragem e recomeçar.
Tive muito tempo para me organizar, meu pai não poupou esforços parecia mais animado que eu, eu iria partir durante a tarde, iria uma semana antes do início, para poder me instalar e não ter problemas quando tudo começasse, me levantei cedo e tomei o café da manhã com meu pai, durante aqueles dias de preparo decidimos que manteríamos minha partida em segredo, não me sentia muito à vontade para deixar meus amigos sabendo de minha localização, eu precisava do meu tempo, e no momento certo eu contaria, papai estava emotivo, já dizia sentir minha falta antes mesmo de eu ter ido, eu iria de avião por insistência do meu pai, que alegou que a viagem de ônibus seria desgastante, não tentei argumentar, seria muito mais rápido.
Então naquela tarde eu me despedi dele, me senti chateada por deixa-lo sozinho ali em Point Place, mas era necessário, eu precisava sair e me encontrar longe dali, ele me prometeu que iria me visitar nos feriados e que me ligaria todas as noites, o voo seria de curta duração, apenas quatro horas de viagem, olhei a cidade pela janela do avião e suspirei, a partir dali uma nova fase iria se iniciar.
Quando finalmente cheguei no meu novo endereço, já se passava das 18h, não tinha o que fazer naquele horário, o apartamento era bem aconchegante e ficava a dez minutos de caminhada do campus, era realmente o lugar perfeito, coloquei minhas malas na sala e senti meu estomago roncar, estava quase na hora do jantar e achei que seria bom sair para procurar algum restaurante por perto, peguei minas chaves, meu dinheiro e meu celular, quando estava no corredor trancando a minha porta, minha vizinha da frente também estava saindo, ela era uns dez centímetros mais baixa que eu, e seus cabelos eram engraçados.
— Olá - falei para chamar sua atenção, ela se virou para mim enquanto guardava o seu telefone.
— A, oi – ela disse meio confusa.
— Desculpe, eu sou Donna Vause, acabei de me mudar hoje e não conheço nada por aqui – falei meio desconcertada.
— Seja bem vinda Donna, me chamo Nicole Nichols, mas o pessoal me chama de Nick – eu estendi a mão e ela apertou, sorrimos uma para a outra.
— Você poderia me indicar um bom restaurante por aqui? Eu ainda estou meio perdida – passei a mão pelo pescoço.
— Se quiser pode vir comigo, eu estava indo encontrar alguns colegas da faculdade, vamos a um bar, mas tem um hamburgueres legais por lá.
— Isso seria ótimo Nick, vou ficar muito grata se puder fazer isso, mas espero não causar nenhum tipo de incomodo.
— Corta essa, seu nome é Donna, não é? Não combina nenhum pouco com você.
— Você acha? Acho que meu nome é mediano, nem tão ruim, nem tão bom – dei de ombros e começamos a andar até o elevador.
— Vamos te arrumar um nome novo, que combine mais com você, vejamos – ela parou bruscamente e se virou para me encarar, fiquei um pouco desconcertada, mas não disse nada — Alex, sim, você tem cara de Alex, Alex Vause, a harmonia é inegável – a olhei mais confusa ainda, e antes que pudesse dizer qualquer coisa ela voltou a andar sem me esperar.
— Alex? Por esse eu não esperava, eu podia esperar Pearl, mas não esse. - Saímos do prédio e continuamos a andar rua a baixo.
— Não me leve a mal Vause, mas Donna dá um ar de terceira idade, e convenhamos, Alex realmente lhe cai bem. - Me dei por vencida depois de todo aquele papo e continuei seguindo-a até o bendito bar que não ficava muito longe do nosso prédio, duas quadras de distância. Quando entramos no bar, Nick foi cumprimentada por algumas pessoas que estavam sentadas mais ao fundo, retirei meu casaco e o coloquei na volta do braço.
— Olá meus caros – ouvi Nick falando com seus amigos. — Essa aqui é minha nova amiga Alex, ela acabou de chegar..- ela se virou para mim — De onde disse que veio mesmo Vause?
— A, bem, eu sou de Winsconsin, Point Place, e meu nome é Donna, é um prazer estar aqui com vocês. - Nick revirou os olhos quando mencionei meu nome real e uma das garotas se manifestou, que só mais tarde seria apresentada, ela se chamava Lorna.
— Seja bem vinda a Nova York Donna, e parece que nossa querida Nicole já decidiu trocar seu nome, releve, ela tem essa mania estranha. - Nick se sentou e apontou para uma das cadeiras vazias próximas a ela.
— Obrigado, e eu realmente não me importo, até que é um nome legal.
E aquela foi a primeira noite de uma vida toda, me senti grata por não estar sozinha naquele momento, naquela cidade enorme e desconhecida por mim, ali se iniciava o meu recomeço.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O caminho até você
RomantikDonna Pinciott é uma jovem de uma cidade pequena, vivendo num relacionamento fadado ao fracasso ela vê uma oportunidade de recomeçar numa cidade grande quando é aceita numa faculdade que tanto sonhava, ela parte em busca de ser uma nova pessoa (lite...