Capitulo 2
O tempo passou rápido, e antes que eu pudesse perceber já se faziam 6 anos e estava iniciando a minha residência no NewYork-Presbyterian Hospital, muitas coisas aconteceram nesse meio tempo, em termos de personalidade e aparência, claro que tive uma bela influência de Nick nisso, alguns meses após minha chegada, já tínhamos nos tornado boas amigas, estávamos quase sempre juntas e a companhia dela me fazia bem, ela disse que eu precisava mudar um pouco meu visual, para combinar com as minhas motivações, e com isso decidi trocar a cor do meu cabelo, e agora com meus 24 anos ostentava madeixas negras, e sinceramente aquela cor me favorecia, amava o tom ruivo natural, mas não abriria mão da nova cor. Não tinha voltado a Point Place desde que decidi ir a faculdade, mas meu pai estava sempre me visitando, nunca tínhamos passado uma data comemorativa longe um do outro, e nunca tentou me convencer a ir, ele sabia que eu ainda não estava pronta, e também não tinha muita vontade.
Já estava um pouco tarde quando sai do meu apartamento, Nick não estava por perto naquela semana, teve que ir para casa resolver algumas coisas com os pais, ela não se aprofundou nas razões e disse que voltaria em breve. O hospital não ficava tão longe de casa, no máximo uns 10 minutos de caminhada até lá, então não precisava sair tão cedo de casa, as ruas já estavam movimentadas naquele horário e nem eram 9 horas ainda, passei numa cafeteria próxima e peguei algumas rosquinhas e café puro, mal tinha começado e já teria um plantão severo, só voltaria para casa no outro dia, tinha decidido me especializar em clinico geral, e seria colocada na área de emergências, me sentia animada e realizada com tudo o que acontecia, desde que cheguei as coisas tendiam a dar certo e com muito esforço consegui o que desejava.
O início tinha sido relativamente calmo, só alguns pontos, pés e pernas quebradas, mas nada alarmante para um primeiro dia, já se passava da meia noite quando meu intervalo foi interrompido por mais uma emergência, um acidente de carro, ao que parece a garota estava voltando pra casa e quando passava por um cruzamento seu veículo foi atingido por outro carro, o condutor estava bêbado, mas não sofreu mais do que alguns arranhões, já ela tinha batido a cabeça no volante na hora do impacto, entrei no quarto em que ela estava ainda olhando sua ficha.
- Boa noite, eu sou a Dra.Vause e vou lhe examinar - me aproximei e só reparei nela naquele momento, e meu deus, ela era tão bonita, levei um tempo para assimilar a situação e só voltei a realidade quando a escutei pigarrear - A, eu lamento. - disse meio sem jeito e comecei a testar sua sensibilidade a luz e estava normal. - Se sente tonta ou nauseada?
- Na verdade não doutora, só essa dor de cabeça que está me matando, tem algum remédio para aliviar? - concordei silenciosamente e achei melhor pedir uma tomografia para ter certeza de que estava tudo bem.
- Antes da enfermeira lhe dar o remédio preciso que faça uma tomografia, nada demais, é só para termos certeza de que está tudo bem. - Ela me olhou contrariada, mas não tinha muito o que fazer.
Solicitei o exame assim que sai do quarto, voltei para o quarto de descanso e me senti um pouco tonta, ela era uma mulher muito bonita, mas essa é a primeira vez que olho para uma garota dessa forma, depois que Erick fugiu para não se casar eu não me senti mais à vontade para ter ninguém, só alguns casos de uma noite e nada mais, mas nunca garotas, mas é bobagem eu apenas achei ela bonita, nunca me interessei por pessoas do mesmo sexo e provavelmente não vai ser agora que eu irei começar.
- Vause, os exames da sua paciente já estão prontos. - Olhei para quem me chamava e concordei. - Já estou indo. Mal percebi que já tinha passado uma hora e meia desde que sai do quarto dela, e me sentia meio intimidada quando pensei que precisava voltar, mas não tinha para onde correr, me levantei e vesti meu jaleco, peguei os exames na recepção e comecei a andar vagarosamente até ela enquanto analisava os resultados, quando cheguei à sua porta suspirei e entrei.
- Bem, senhorita Chapman, não tem nada de anormal em seus exames, mas vou precisar que fique em observação até amanhã. - Ela passou uma das mãos pelo rosto, demonstrando estar frustrada.
- É realmente necessário Doutora? Eu tenho que ir trabalhar amanhã!
- Lamento, é um protocolo comum, preciso que fique e vai ser liberada logo cedo, e não recomendo que volte a trabalhar tão rápido, precisa de no mínimo uma semana de repouso.
- Não tenho tempo para repousar, maldito imbecil bêbado! - Ela estava verdadeiramente nervosa.
- Só tente descansar, vou passar para te verificar em duas horas. - Ela apenas concordou e voltou a se ajeitar na cama.
Ainda estava um pouco nervosa com a beleza dela, mas voltei a pensar no Erick, alguns meses depois que voltei meu pai me ligou dizendo que ele tinha voltado para Point Place e que queria saber onde eu estava, pois precisávamos conversar, mas meu pai seguiu com nosso combinado e nunca mencionou a ele ou a qualquer outro sobre onde eu estava ou que estava fazendo, e eu era grata por isso, não tinha estomago para ficar lidando com as pessoas do meu passado, me machuquei muito naquela época por um amor juvenil que tinha tudo para dar errado, mas me sinto aliviada por não ter dado certo, só agora posso ver que ainda precisava viver muitas coisas e aquele casamento estava fadado ao fracasso, poderia não ter sido naquele momento, poderia ser no futuro, mas ainda daria errado e eu perderia tantas conquistas e seria só mais uma dona de casa que passa os dias esperando o marido fracassado voltar para casa.
Passei mais umas duas vezes pelo quarto dela, e pela manhã outro residente assumiria o meu posto, então eu provavelmente nunca mais a veria e nem teria que me preocupar com as sensações estranhas que ela causava. Recolhi minhas coisas e sai do hospital, passei novamente na cafeteria para tentar recuperar um pouco da minha vida e voltei para o meu apartamento, estava tão silencioso e calmo, era realmente o paraíso, tomei um banho e me joguei na minha cama, senti meu corpo relaxar e suspirei quando ouvi meu telefone tocando, atendi e era Nick dizendo que voltaria naquela tarde, e que iriamos sair pra beber, tentei argumentar contra e dizer que estava cansada, mas ela não voltou atrás e disse que eu iria nem que fosse arrastada, por fim concordei e me despedi. Passei a tarde toda dormindo até ouvir a porta do meu quarto batendo e não fiquei nada surpresa de ver Nick parada na minha porta me olhando com diversão.
- Vamos Vause, levante essa bunda magra daí e vamos nos divertir, com moderação claro. - Revirei os olhos e me levantei para trocar de roupa.
- Droga Nickols eu juro que só queria dormir!
- Você tem uma vida toda para dormir Alex, agora nós vamos sair.
Desisti novamente de argumentar com ela, Nick sabia ser bem convincente, e a noite não foi de todo ruim, me diverti bastante, e não pensei na loira em momento algum, exceto agora talvez, mas são detalhes e ignoramos alguns detalhes para evitar enlouquecer. Já era quase 23 horas quando me aproximei de Nick.
- Nickols eu realmente preciso ir embora, tenho que estar no hospital as 8h e não posso me atrasas.
- Às vezes você consegue ser bem estraga prazeres Vause, pode ir, mas não pense que vai escapar de mim no fim de semana, uma amiga minha do colegial se mudou pra cidade e eu a convidei para jantar lá em casa, espero que esteja livre no dia.
- Não prometo nada, mas vou ver o que faço por você - ela revirou os olhos e voltou a beber, coloquei meu casaco e sai do bar.
A noite estava bem fria, coloquei as mãos nos bolsos e apreciei a brisa e novamente os olhos azuis brilhantes e cheios de fúria apareceram em minha mente, e era oficial, eu estava ficando louca.
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O caminho até você
RomansaDonna Pinciott é uma jovem de uma cidade pequena, vivendo num relacionamento fadado ao fracasso ela vê uma oportunidade de recomeçar numa cidade grande quando é aceita numa faculdade que tanto sonhava, ela parte em busca de ser uma nova pessoa (lite...