Minho estava ajoelhado em frente aos aposentos do príncipe herdeiro, estava de cabeça baixa e a sua espada estava no chão igual o seu chapéu. Aquela atitude do guarda demonstrava seu arrependimento pelos próprios atos, afinal, já se mantinha assim por mais de 30 minutos — imóvel e sem subir o olhar, mantendo sua conduta como foi treinado e por respeito.
Jisung fechou a janela e voltou a atenção para seu primo. Estava irritado, já havia contado o que aconteceu para Seungmin, porém o herdeiro soltou uma breve risada e pediu uma das damas da corte que trouxessem petiscos feitos por Yang Jeongin.
— Vai ficar fazendo birra? Parece que vai chover, pretende deixá-lo debaixo da chuva? — Seungmin perguntou enquanto observava o guarda ajoelhado.
— Não é birra. Onde está Jeongin? Estou com fome. — Ignorou a pergunta do mais novo mudando de assunto.
Jisung olhou para trás assustado quando a porta fora aberta com brutalidade. O cozinheiro entrava segurando um prato cheio de doces e uma pequena jarra de chá.
— Eu não aguento mais! — Ele estava irritado. Yang se aproximou dos príncipes e mudou sua postura colocando delicadamente o prato sobre a mesa, porém após isso voltou a ficar irritado.
— O que aconteceu? — Seungmin perguntou.
— Alguém tira esse médico da minha cola! — Jeongin bagunçou o cabelo, que estava preso em um perfeito coque. — Toda a comida que faço ele quer investigar! E o pior, quando não investiga, ele come!
Não conseguiu segurar sua risada, e quando viu Hyunjin curvar-se mostrando respeito, sua crise de risos aumentou.
Seungmin pegou um dos doces e mostrou para o médico oferecendo para ele, porém Hyunjin rejeitou, rejeitou imediatamente, era nítido em seu rosto que estava com medo do cozinheiro.
— Jeongin, você não apontou uma faca para ele. Não é? — O herdeiro perguntou segurando a risada.
O sorriso cínico do Yang entregava que em algum momento na cozinha real o cozinheiro ficou com tanta raiva ao ponto de ameaçar o médico. E pela reação do Hwang, Jisung supôs que havia acontecido a poucos minutos.
— Hwang Hyunjin, qual a sua defesa?
— Fui designado a investigar o preparo das refeições, para caso haja algum tipo de erva venenosa na comida. — Hyunjin esclareceu seu lado.
— Na minha cozinha não entra nenhum tipo de erva! Eu vou surtar!
Jisung não parava de rir, as reações inocentes do cozinheiro e a forma como ele demonstrava sua raiva era muito fofa. Seus olhos estavam cerrados, sua bochecha vermelha e seus lábios formavam um pequeno bico.
A sua frente o homem maneou a cabeça em negação, seus lábios mostravam que ele estava segurando a risada, claro, em uma situação como essa quem não iria rir?
— Hyunjin foi designado a investigar a cozinha real. Jeongin, não duvidamos de você, mas sim dos servos que trabalham contigo. Ninguém é confiável. — Seungmin falou.
Jisung tomou um gole do chá que o cozinheiro trouxera e apreciou o gosto da tisana, porém não demorou muito para substituir o sabor em sua boca por um tteok que comprara no dia anterior.
— Majestade, não sabia que gostava de tteok. — Jeongin disse animado o que fez Han o olhar.
— Ah, eu experimentei a poucos dias, o sabor me agrada.
— Irei preparar para o senhor sempre que quiser algum petisco.
Olhou para a janela mais uma vez, Minho continuava quieto, sem se mover. Deixou um suspiro escapar por seus lábios, inseriu todo o doce em sua boca, consequentemente ficando com as bochechas cheias, levantou-se e com a boca ainda cheia disse:
— Preciso ir.
Saiu às pressas dos aposentos do herdeiro, assim que calçou seus sapatos o som alto de trovões ecoava por todo o aposento misturando-se com a preocupação que corria pelo corpo do príncipe. Ao longo de seu caminho pelo extenso corredor, pode encontrar um pequeno guarda-chuva, se aproximou e o pegou voltando a seguir seu caminho.
Ao que se aproximava da saída, conseguia escutar as gotas se intensificarem. Seus pés agiam por vontade própria, já não caminhava com calma e postura, estava com pressa, mas não poderia correr. Quando finalmente chegou na saída conseguia ver Minho, mesmo debaixo daquela chuva, o oficial continuava a manter sua conduta. Certo, o oficial errou, mas seria egoísmo seu deixá-lo na chuva, não queria o prejudicar daquela forma e estava preocupado se já não tivesse pegado algum tipo de resfriado.
Diminuiu seus passos e abriu o guarda-chuva, caminhou até o homem e ergueu o acessório sobre ele, impedindo que a chuva o encharcasse. Assistiu calado o oficial não se mover, não demonstrar surpresa, nenhuma reação. Jisung suspirou, as gotas caiam sobre seu rosto juntando-se a seus cílios dificultando um pouco sua visão, passou o dorso de sua mão sobre seus olhos e voltou a encarar o jovem.
— Levante-se, vamos para meus aposentos.
Minho, surpreendentemente, não lhe disse nada em resposta. Muito pelo contrário, o oficial aparentou respirar fundo, ficou de pé, entretanto continuou com o olhar baixo.
— Faça aquilo mais uma vez e de adeus a sua mão. — O príncipe ameaçou em um tom brincalhão e entregou o guarda-chuva para Minho. Sentiu seu coração aquecer quando notou um pequeno sorriso do Lee, porém ignorou a sensação e tornou a caminhar para o aposento real.
[...]
Minho estava sentado à sua frente, já trocado e completamente seco, os olhos do homem estavam caídos focados em algum livro de poesia. Vigiando-o pelo canto dos olhos, Jisung gostaria de rir com a cena, afinal, o oficial apertava os olhos com tanta força que parecia pronto para gritar com o livro, como se estivesse lendo um texto mal escrito. Aquele tipo de literatura certamente não aparentava ser o gênero preferido do Lee.
— Tome um pouco de chá. — O príncipe segurou a chaleira e colocou o líquido quente de cor amadeirada na pequena xícara e empurrou para ele tomar.
Estava preocupado, com medo de suas ações terem o deixado resfriado, então estava cuidando do guarda como se fosse um pequeno cachorrinho encontrado na chuva.
Assim que chegaram nos aposentos o príncipe pediu para que Minho se secasse e se trocar, não tinha nem se ligado ao fato de que também precisava se trocar, queria cuidar de seus erros primeiro. Agora que o oficial já estava aquecido, estavam calados no quarto escutando a chuva e lendo.
Diferente de Minho que lia poesias, Jisung estava foleando as cartas de seus pais. Cartas que seus pais trocavam enquanto estavam vivos, também tinham algumas cartas de aniversário que seus pais escreveram para ele.
Estava ficando com o coração apertado, mas quando desviou sua atenção ao oficial, perdeu completamente o foco nas cartas e ficou vidrado nas reações expressivas do garoto. Estava feliz por conseguir ver aquele lado do garoto, ver que ele estava se soltando, o que deixava o príncipe cada vez mais feliz por estar se aproximando mais dele.
Notas da autora;
Bom dia, florzinhas, como estão? Estão gostando da história? Alguém aí já tem suspeitas de quem pode ser? Deixe um comentário aqui se está gostando. Uma estrelinha também, ajuda muito! Favi ama vocês. ❤️
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Secrets 秘密 | Minsung
RomanceJisung não sabia que ao segurar aquele arco, a flecha do amor o acertaria. "Eu quero dar o tiro certo em você e deixar você na minha mão" [秘密] ─ ⌑ ── ⌑ ── ⌑ ── ⌑ ── ⌑ ── ⌑ ─ ⌗ ˓ ִ+16 ִֶָ Myunwalk © 2022/23