Capítulo 23

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Joseon sempre foi um reino rico. Cheios de minas de diamantes e outros minérios, além do forte poderio militar. Mas se tornou ainda maior quando o rei Yejun subiu ao trono com a Jeheon, segunda esposa do rei. Se tornou rainha assim que declararam a morte de Gonghye, mãe de Seungmin. Jeheon é filha do maior general e lorde do reino de Joseon. Um ato de estratégia para começar seu reinado de forma próspera e bem vista aos olhos do povo, pouco tempo após o irmão mais velho de Yejun e antigo herdeiro do trono ter morrido em uma emboscada de ladrões, junto de toda a família. Era isso que o povo de Joseon pensava, mas o único filho de Han Yeonbin sobreviveu. Kim Yejun logo se tornou herdeiro, e assim que Sejong renunciou ao trono, o herdeiro foi coroado recebendo o selo real. Yejun acreditava que Joseon estava destinada a ser superior e com uma jogada ousada, o rei marchou em direção a Pyeongnan-do, o segundo maior reino, e o conquistou em uma noite, com a vantagem do ataque surpresa.

Todavia, nem tudo é um mar de rosas. Um ano após sua coroação, Yejun se viu em uma emboscada. O que realmente aconteceu quando Yejun tentou fazer de Joseon superior? Yejun realmente era um bom rei? Após seis meses, o rei de Pyeongnan-do, rei Taeyong, declarou guerra a Joseon. Como alegação de que o ataque a Pyeongnan-do e morte de toda a família real era um ato de traição a todos os reis e aos próprios deuses. A guerra se prolongou por dois anos. O rei caiu e com ele seu reino, Pyeongnan-do foi massacrada e com a fúria de Yejun foi reduzida a ruínas, com o tempo os restos do povo se uniram em aldeias, trabalhando nas plantações que abasteciam Joseon.

Mas não fora Yejun quem lutou por Joseon, o atual rei estava em seu palácio, enquanto sua população lutava para sobreviver a uma guerra que ele começou, sua majestade estava imerso a luxúria e prazeres da vida, pouco se importando aqueles que estavam sofrendo por suas ações. Dois anos de pura guerra e morte, onde Yejun dominou todo o reino de Pyeongnan-do, se tornando o monarca de toda a região. Uma vitória suja. O povo de Hanyang festejava a vitória, novos escravos e servos, novas riquezas e terras, estava tudo perfeito, realmente, Yejun era um bom monarca, nessa visão.

— Yang Daesung... — Esse nome não era estranho a Jisung, mas não conseguia o reconhecer. Bagunçou seu cabelo frustrado, deitou-se na grama e largou o livro de lado.

Essas escapadas desses dois já se tornaram frequentes. Minho e Jisung estavam sempre driblando Felix e as damas da corte, sem se importar se estava tarde e se iriam se preocupar, ficar malucos, no caso. Minho encontrou uma forma de ajudar Jisung a encontrar uma válvula de escape para se ver um pouco livre da rotina sufocante como Grão Príncipe.

Sua vista as estrelas foi atrapalhada pelo belo rosto do oficial, não que estivesse reclamando, na verdade, Jisung ficou ainda mais imerso a "paisagem" a sua frente. A chama do lampião iluminava seu rosto e refletia em seus olhos escuros, era belo.

De uns dias para cá, Jisung se viu mais vaidoso, se arrumava mais na intenção de parecer mais apresentável, queria mostrar sua beleza, mas não sabia exatamente porque estava fazendo aquilo, cogitou até a usar os produtos femininos, mas foi barrado pela dama da corte Heo, que o repreendeu no mesmo segundo falando que o príncipe não precisava usar aquilo, já era mais que o suficiente no quesito de beleza, talvez o príncipe mais bonito já visto em Hanyang, pelas falas de Heo.

Jisung observava o rosto de Minho, ele também parecia mais bonito que o normal. Viu seus lábios se mexerem, mas não escutava nada, estava tão imerso a beleza do oficial que parece ter caído em um buraco mudo, onde apenas escutava sua própria respiração e coração, e nossa, seu coração estava agitado. Colocou a mão em seu peito sentindo cada batida rápida, parecia que iria ter um ataque cardíaco de tão agitado que estava.

— Majestade, está me escutando? — Minho perguntou preocupado. Jisung sentiu a mão do guarda repousar sobre a sua, e foi nesse momento que saiu de seu transe. Empurrou Minho atordoado, sua respiração estava desregulada e agitada, sentou-se na grama e fechou os olhos tentando se controlar.

— O que disse? — Receoso a voltar a olhar para o oficial, Jisung perguntou olhando para seus pés.

— Está tudo bem? Faz uns dias que andas meio avoado.

— Só estou pensando. — Sua resposta era vaga, não queria mostrar algo incompreendido por si mesmo ao oficial.

— Anda sorrindo muito com esses pensamentos, estou cogitando a achar que está gostando de alguma dama do palácio.

— Eu? Gostar de uma dama do palácio? — Jisung riu. — Está imaginando.

— Vai saber, Seungmin irá casar, quem sabe você não está apaixonado? — Minho fez um biquinho e levantou os ombros, como se aquilo não fosse nada de mais. E realmente, não deveria ser algo que incomodasse tanto, não para Jisung, que sabia que apaixonado por alguém definitivamente não era uma ideia em sua mente.

Jisung então encarou a correnteza do lago e se lembrou da época em que seus braços finos de garotinha mal conseguiam erguer a adaga de aço que seu pai havia lhe presenteado. Ele sentiu sua garganta se fechar com um nó e seu peito pesar mais uma vez. Porém, por causa daquela lembrança, o príncipe levantou agitado assustando o oficial.

— Majestade?

— O livro. — Jisung falou caminhando inquieto até a parte interior do pavilhão abandonado. Ajoelhou-se em frente ao banco e tirou a pedra que escondia o livro que seus pais esconderam ali.

— O que tem o livro? — Minho agachou ao lado de Jisung olhando para o objeto em suas mãos.

— É um contexto diferente, contado com outros personagens. E se essa for a verdadeira história? E se o livro for baseado em fatos? — Foleou as paginas apreensivo. Procurava pelas folhas alguma resposta, algo que definisse o porquê do livro ter essa versão, o porquê de tudo o que está acontecendo no palácio. Nem se dava ao trabalho de terminar de ler as paginas, apenas pulava para as seguintes, como se o que estava ali não fosse importante no momento.

Jisung sentiu as mãos do oficial tomar o livro, o olhou em dúvida.

— Jisung, respira. — Ele colocou o livro de lado e segurou as mãos do príncipe. — Ficar ansioso não vai te ajudar. Eu sei que é difícil e muita coisa está acontecendo, mas preciso que você respire antes de tomar alguma atitude, dessa forma você irá tirar toda a história do contexto e não irá descobrir nada. — Jisung engoliu seco, ele estava certo, estava ficando agitado por notar que poderia mudar todo o contexto da história.

— Desculpa. — Abaixou o olhar e suspirou.

— Por que está pedindo desculpas? Você não fez nada de errado, está tudo bem. — Minho acariciou o ombro do príncipe.

Aquele toque fez um arrepio subir pelo corpo de Jisung. Não estava acostumado a receber toques de conforto, na verdade, nem palavras reconfortantes escutava. Sempre era tido como certo por todos do palácio, ninguém o parava e nem o ajudava a fazer o que queria, talvez por isso fazia tudo o que queria e do seu jeito, talvez por isso escutava dos trabalhadores do palácio que os príncipes eram livres para fazer o que quiser.

O corpo de Jisung foi tomado por uma onda eletrizante quando sentiu o abraço aconchegante de Minho, ainda não estava acostumado com todas aquelas caricias, mas não conseguia entender porque não estava com vontade de o afastar, nem o repreender por aquela atitude, estava gostando e queria ficar ali por um tempo. Parecia que suas energias recarregavam, era estranha a sensação que tinha com um simples abraço, era como se precisasse daquilo, e que aquele ato poderia resolver todos os seus problemas.

Talvez Jisung estava realmente apaixonado.


E como obra do destino, esse capitulo está saindo no Valentine's day! Não se esqueçam da estrelinha. Um beijo e até o próximo capitulo.

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