Capítulo 32

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Ao lado das duas margens do lago cresciam muitos salgueiros, proporcionando sombra no calor sufocante, essa era uma das vistas que Jisung tinha dentro de seu quarto. Belas arvores, que no outono deixavam um ar aconchegante, na primavera, davam flores, no verão, eram usadas como escapatória do calor, e do inverno, congelavam.

Jisung era filho único, herdou a beleza de seus pais, como uma grande mistura de genes, o príncipe tinha grandes características dos dois, e, desde tenra idade, uma criança pequena e inocente, ele já era bonito. Além das palavras, com uma aparência de precioso jade, realmente, um príncipe ideal, o padrão colocado em livros de romance.

Apesar de não ter irmãos, Jisung nunca fora um menino metido, era educado com todos e gentil, um doce de garoto. Jisung tinha de tudo para ser mimado, recebia o que queria de seus pais, quando queria, tinha suas frescuras com comidas e muito mais. Entretanto, a educação que recebeu, não o deixava ser o oposto do que é.

Porem, toda essa beleza estava escondida por trás dos fios descabelados e soltos do príncipe, que vestia apenas as peças brancas, que ficavam por baixo de seu hanbok, desleixado, completamente escorado no parapeito da janela.

Han foi tirado de seus pensamentos assim que uma das damas da corte anunciou sua entrada ao príncipe. Jisung sentou em frente a sua mesa e a esperou entrar. A mulher segurava uma carta em mãos, o que deixou ele um tanto curioso.

— O príncipe Seungmin mandou entregar-lhe. — A dama curvou-se e, segurando a carta com as duas mãos, ergueu o papel na direção do príncipe.

— Avise a Seungmin que enviarei uma resposta assim que possível. — Jisung falou ao pegar a carta e colocá-la em sua mesa. A criada se virou e saiu do quarto do príncipe, o deixando sozinho.

Colocou um pouco de água em seu copo e tomou em apenas um gole, uma sensação esquisita tomou conta de seu peito. Seungmin raramente o enviava cartas, principalmente quando as cartas eram tão bem produzidas ao ponto de ter aromas adocicados.

Parecia até uma dos milhares cartas que Soyeon o enviava, com doces cheiros de flores. Já a de Seungmin, tinha um aroma das flores de macieiras, um cheiro que Jisung gostava muito.

"A noiva já foi escolhida, espero conseguir apresentá-la antes da cerimônia de casamento. Papai, Vossa alteza real já tem em mente uma concubina, na verdade, também foi de minha escolha, apesar de gostar muito da minha noiva. Um doce aroma de maçã, sei que seus pais usavam em suas cartas. Espero te ver em breve Jisung."

Jisung fechou a carta e a guardou em sua gaveta. Então Seungmin já tinha em mente duas das garotas da seleção, deve ser isso o que Bangchan o falou quando cochichou em seu ouvido no dia da seleção.

Escutou Minho entrar nos aposentos e olhou para ele. O oficial tinha um sorriso em seus olhos, eles brilhavam como estrelas em um céu noturno, e Jisung estava apaixonado por aquilo.

— Encontrei o livro que falou. — Sentou-se em frente ao príncipe e abriu na página marcada. — Yin Yang é um princípio da filosofia de Qing, onde yin e yang são duas energias opostas e complementares. Yin significa escuridão e yang é a claridade. — Minho disse, mostrando o desenho que estava no livro. — Segundo os estudantes da filosofia de Qing, o mundo é composto por escuridão e por claridade e é essencial que se tenha equilíbrio entre as duas partes para que tudo funcione corretamente. Mas no dia a dia, conhecemos pessoas com um lado mais forte que o outro.

— E o que isso tem a ver com as pessoas? — Jisung questionou.

— Em um livro sobre os estudos de Qing, descobri que os Xamãs costumam falar muito de Yin e Yang. Por exemplo; quando temos uma pessoa muito racional e uma pessoa muito emocional, dependendo de seus conceitos de vida, eles se encaixam, formando o par perfeito e se ajudando em tudo, tornando-se, assim, muito poderosos em questão de emoções. Eles se ajudam a viver.

O príncipe assentiu. Então era disso que a Xamã falava. Mas não fazia sentido Yejun não ter gostado da notícia, tudo aquilo parecia ser algo grandioso e bom. Jisung nunca entenderia a mente de Yejun.

Sua atenção foi levada ao pente, que fora colocado em cima da mesa. Olhou curioso para Minho, que tinha uma feição zoeira em sua cara. Jisung riu anasalado, uma risada desdenhosa perante a situação. Sabia que o oficial adorava brincar com detalhes de Jisung, e entregar um pente ao mesmo para lembrá-lo que estava desarrumado o fez rir.

— Palhaço. — O príncipe disse. Pegou o pequeno pente e passou em seus longos cabelos, tão longos que chegavam a cintura do garoto. — Nem está tão ruim. — Falou enquanto penteava o cabelo, desembaraçando poucos nós que se formaram nele.

— Seu cabelo é tão grande que consigo fazer várias tranças nele. — Minho comentou, sem tirar os olhos de Jisung.

— Se me ajudar a desmanchar os coques que as damas fazem, talvez considero deixá-lo trançar. — Deixou o pente em cima da mesa e colocou o cabelo, agora arrumado, para trás.

O oficial se manteve em silêncio. Jisung sabia que aquilo era um sim silencioso, Minho estava com uma expressão leve, parecia feliz, e isso já era suficiente para o príncipe.

Entretanto, tudo aquilo lhe parecia algo distante, inexistente, ou talvez, algo que somente encontrava nos livros da biblioteca que adorava surrupiar. Sabia que seus sentimentos existiam, mas o que estava vivendo não parecia real. Os momentos de troca de afeto entre os dois, os beijos que trocaram a poucos dias atrás, pareciam tão irreais quanto as histórias que as damas do palácio pagavam para escutarem.

Perdido na escuridão daqueles orbes tão acolhedoras, feito o céu em uma noite sem estrelas. Ele observava com afinco o oficial Minho, que estava ao seu lado, e em silêncio tocou o rosto do homem, temendo que ele fugisse de suas mãos. Jisung desejou, em seus pensamentos, que Minho pudesse ser seu.

Um silêncio confortável se instalou no cômodo enquanto os dois trocavam olhares, que falavam mais do que mil palavras.

— Eu quero te beijar. — Jisung disse.

Han foi se aproximando lentamente do rosto de Minho, mas de repente sentiu um pano ser jogado em sua cara.

— Ei! O que você está fazendo? — Jisung questionou, tirando o tecido de seu rosto.

— O quê?

— Como você ousa. — Disse manhoso.

— Serio, sempre que você vê uma abertura? — Minho repreendeu risonho.

— Você só me deu abertura duas vezes! — Jisung o refutou.

— O que se passa nessa sua cabeça?

— Você. Você está lá dentro! — Minho corou com a fala do príncipe. Coçou a garganta e tentou esconder o sorriso do rosto virando-o na direção oposta. — Te deixei tímido!

— Não se vanglorie disso, Han Jisung.

— Irei contar a todos deste palácio!

— Han Jisung! Se eu te pegar você estará morto! — Minho levantou.

Jisung, assim que notou o que o oficial iria fazer, levantou-se o mais rápido que conseguiu e começou a correr pelo hanok rindo. Os papéis e tinta voaram por todos os lados, bagunçando o cômodo por conta da brincadeira dos dois. Pisavam na almofada e, o estofado que antes ficava no centro do quarto agora estava próximo à porta.

Jisung e Minho escorregaram na almofada e caíram juntos no chão, cobertos de tinta e papéis. O príncipe não conseguia conter as gargalhadas enquanto Minho tentava se levantar, com um sorriso no rosto. A brincadeira dos dois havia se transformado em uma grande bagunça, mas eles não se importavam.

Os dois se olharam nos olhos por alguns instantes, sem dizer uma palavra. Jisung sentiu seu coração acelerar quando Minho se aproximou ainda mais.

— Eu te peguei. — Disse o oficial, que sorriu e beijou a ponta do nariz do príncipe.

— Sim, você me pegou. — Respondeu o príncipe, sem conseguir esconder o sorriso.

— Vossa Alteza, escutei um barulho. Está tudo bem ai? — A dama da corte perguntou por trás da porta. Os dois garotos se olharam e riram baixo.

— Está tudo bem, sim, o Oficial Lee apenas escorregou na própria roupa. — Jisung recebeu um tapa no braço e voltou a rir alto.


Uma cena fofinha para preparar o coração de vocês! 

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