capítulo 1.

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- Lalisa! Aonde você pensa que vai!? - meu pai gritava com o sangue nos olhos.

- Isso não te importa. - peguei uma torrada que estava em cima da mesa e caminhei até a saída.

- Me importa! Meu carro sumiu e derrepente um outro carro novinho aparece na minha garagem! - ele agarrou meu braço - Como conseguiu esse carro!? - o encarei.

- Vendi seu carro e mais algumas coisas velhas na garagem - forcei sorrir sem mostrar os dentes.

- Como!? - apertou meu braço com mais força me fazendo sentir dor.

- Gostou? Isso não é um terço do que você fez com a minha mãe - o empurrei tirando a chave do carro novo do meu bolso.

- Lalisa Manoban! - me seguiu até a porta gritando.

O olhei sorrindo e mostrei o dedo do meio. Corri até o carro e o liguei antes que meu pai viesse encher meu saco novamente. Dei partida e então fui em direção a escola.

Esse desgraçado ainda iria me pagar por tudo que fez para minha mãe.

Eu diria que para uma adolescente minha vida pode se considerar bem difícil, mas nada que não tenhamos visto em filmes e livros. Não sei se me sinto lisonjeada por ser representada por tais obras, ou se fico triste pela minha vida ser uma desgraça.

Desde que me lembre, minha família sempre foi um caos. Tenho quase que certeza que meu pai deve ser alguns problemas psicológicos, assim como eu. 

Brigas era algo comum dentro de casa, mas eu era inocente de mais para entender o que de mais grave acontecia entre elas. 

Com meus oito anos de idade, vi pela primeira vez meu pai jogar minha mãe no chão da sala e agredi-la com socos. Ouvia minha mãe gritar e chorar. Nunca entendia o motivo das brigas, mas meu pai sempre se alterava.

No ano seguinte, em uma tarde de verão, meus familiares tailandeses tinham ido passar o dia em casa, para aproveitar o calor e tomar um banho de piscina, mas assim que foram embora, como de costume, meus pais começaram a brigar. Foi a primeira vez que entendi o motivo da briga.

Minha mãe estava de biquíni, esse foi o motivo. 

Eles brigaram e então meu pai levantou a mão para ela mais uma vez. Depois da agressão, minha mãe correu para fora de casa, na tentativa de fugir. Olhou para trás para me dar tchau, eu pensei que ela voltaria logo, mas então paralise quando vi o corpo da minha mãe ser jogado para longe. Um carro descontrolado havia batido nela e minha mãe acabou morrendo.

Policiais e ambulâncias logo chegaram no local e o desespero no rosto do meu pai era nítido, pois as marcas das agressões ainda estavam no corpo dela.

Ele me pegou no colo e junto com ele trouxe apenas sua carteira com dinheiro e alguns cartões e em quatro dias, já não estávamos mais na Tailândia.

Ano passado descobri que gostava de mulher e também foi a primeira vez que tentei me matar. Tenho uma tatuagem no pescoço, que serve para cobrir a cicatriz. Eu falhei, não consegui nem ao menos acabar com a minha própria vida. Tola. 

Meu pai não sabia que eu gostava de meninas, eu tenho medo da sua reação e o que pode acabar fazendo comigo. Tudo bem que meu maior desejo nos últimos tempos é morrer, mas não quero morrer nas mãos de um filho da puta asqueroso.

Estacionei meu mais novo carro no estacionamento da escola. Peguei minha bolsa que estava jogada no banco do passageiro e saí.

Andando pelos corredores da escola, acabei encontrando minha melhor amiga. Jisoo.

- Bom dia, linda - ela se aproximou sorrindo e beijou minha bochecha.

- Bom dia, Jichu - sorri pegando alguns livros que estavam nas mãos da garota - estava vasculhando a biblioteca de novo?

- Sim - sorriu - o diretor anunciou que chegou livros novos.

- Por isso está tão alegre.

- Sim! E você, como está? 

- nada de diferente, talvez um pouco animada por que comprei um carro.

- sério!? Como conseguiu?!

- isso é segredo - deu uma risada curta.

- qual é? Assim não vale. Eu sou sua melhor amiga, deveria me contar mais coisas - fez um bico.

- vou pensar no seu caso - dei um peteleco na sua testa e então entramos na sala. 

Sentamos uma ao lado da outra, como de costume.

O sinal logo tocou e o professor junto de mais alguns alunos entraram na sala.

- tão dizendo que tem uma aluna nova na nossa sala - Jisoo comentou.

- ih? 

- falaram que ela é bonita e é de fora, parece que da Califórnia.

- hm, legal. Jisoo, já viu o filme novo que vai lançar nos cinemas? 

- Lalisa? - a professora me chamou - não percebe que já estou na sala? 

- sim, claro - debochei.8

- sabe o que eu acabei de falar? 

- sei lá... sobre a aluna nova? - respondi em dúvida.

- vemos que não está tão desligada - tocou os ombros da garota com os cabelos loiros - já que é assim, você ficará responsável por apresentar a escola para ela.

- ótimo - suspirei.

- Chaeyoung... - a garota lhe interrompeu.

- Rosé, me chame de Rosé, por favor.

- ah claro, Rosé. Pode sentar ali na frente de Lisa, qualquer dúvida basta chamar a mim ou ela, ela é bem inteligente.

- claro - a garota sorriu e se aproximou sentando em minha frente.

Ótimo, agora tenho mais uma coisa para me preocupar nesse colégio. Pensei que ter notas boas eram o suficiente, mas se você tem notas boas, você obviamente se destaca. Isso leva a você ser responsável pela turma ou até mesmo pelos alunos novos que chegarem, isso é um saco.

Killing for LOVE - Chaelisa (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora