Fire: Indecente e Irresistível

12- Eai topa?

Boston, 2022.

Merlia

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Já é bem tarde quando estou nesse porto marítimo olhando esse mar a minha frente, com uma garrafa de uísque na mão quase pela metade. O céu estrelado e a lua brilhante forte.

Se uma coisa que Lucca me ensinou foi apreciar boas bebidas e cá estou eu o odiando e conversando com a lua como se fosse aquele diabo.

De certa forma era o jeito que sentia mais próximo dele. As lágrimas descem queimando.

- Seu desgraçado, eu não tenho nem foto dos meus filhos, não sei como são. Apenas a idade que daqui a dois dias iram fazer quatro anos. A única coisa que me lembro são seus olhos, cada um com a cor de nossos olhos. A menina tinha os meus e o menino os seus.

Dou gole na garrafa e aponto para a lua e consigo ver perfeitamente o seu rosto lá longe, seu maldito sorriso.

- Eu estou em chamas, cada parte do meu corpo pegando fogo e juro que farei você virar cinzas. Mesmo sendo o pior dos homens, eu não merecia todo esse inferno.

Dou o gole mais demorado até agora, para criar coragem para dizer as próximas palavras.

- Eu te amei, eu juro que amei, até o dia da minha morte. E depois de tudo nasci no corpo de uma nova mulher.

Sinto as lagrimas fortemente chicotearem a minha pele.

- Mais em dois dias estarei frente a frente com você e irei lutar todos os dias da minha vida para pegar de volta o que é meu.

Bebo o resto da minha bebida e vou arrastando de volta para casa. Chego com muita dificuldade pela tonteira qual estava e vim na sorte dentro deste carro. Agradeço pela casa está vazia, já que Erika estava no trabalho qual não trabalho mais, graças a ela eu consegui o emprego como babá dos meus próprios filhos e na primeira oportunidade fugirei com eles.

Vou me segurando em cada parede até o banheiro para tomar um banho, olho no espelho e essa transformação que me deixou de cabelos curtos e brancos só me mostraram o que dentro de mim não existe há muito tempo, a Lia.

Sinto falta da minha tia, fazia anos que não havia antes de sua morte no ano passado. Morreu como uma guerreira humanitária quando foi atingida por uma bala perdida no Iraque quando estava ensinando o seu evangelho. Seus conselhos, suas risadas me fazem falta.

Sei que ela me repreendeu muito antes de me casar com Lucca, mesmo sabendo que é um mafioso. Que eu teria o mesmo destino, como de minha mãe, claro que contexto diferente porque o deles foram um assalto terrível.

Me olho no espelho nua, passo o dedo levemente em cima da maldita tatuagem que fiz com Lucca, minha primeira e única. Do lado esquerdo do peito, três dedos acima do meu seio.

NEOQUEAV.

É o que está escrito e o significado disso dilacera meu coração. E carregar o peso disso só me faz me lembrar o quanto fui boba.

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Boston, 2017.

Lucca