Oh, brilho do céu estrelado
Como pode uma escuridão tão ampla brilhar tanto?
Qualquer outro espectador encontraria a mesma intensidade se admirasse por tanto tempo quanto eu?
Ou não são estrelas, mas luas que refletem o que há em mim nesse tão céu?Oh, tilintar lírico
Como pode cada nota arbitrária dessa canção que ouço poetizar-se tanto com a próxima?
Qualquer outro ouvinte saberia reconhecer as mesmas notas profundas se apreciasse tanto quanto eu?
Ou os paradigmas desse som não formam sintagmas tão complexos quanto insisto em afirmar?Oh, arrepio estival
Como pode o calor provocar tanta ansiedade para senti-lo?
Qualquer maldito sortudo que, ao receber calor, se sentiria tão quente quanto eu?
Ou não é a chegada do verão que desejo, mas um convite para o termômetro me deixar febril?Oh, coração apertado
Como pode agonizar tanto, mesmo sabendo que o céu não vai brilhar, que a poesia não vai rimar, que o verão não voltará e que por ti já não vão mais ao mar?
Qualquer outro céu poderia ter estrelas, qualquer outra canção teria belas letras e qualquer outra estação poderia ser agradável às borboletas
Ou pelo menos poderia serSe tu, oh, soubesses o quão doloroso a maré quando não pra ser
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Carta aberta para toda história que talvez eu nunca escreva
PoesíaPalavras são peças de um dos jogos mais elegantes e excitantes que há. Quantas frases posso formar? Quantas subversões sou capaz de criar? Palavras são um vício, e vício leva à perdição, e perdição leva à catástrofe, e catástrofe só pode acabar em t...