24- triângulos gorduchos

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Círculos são triângulos gorduchos e agora paro para pensar nisso. É como se… não existisse um acontecimento chave que levou a outro, que leva ao acontecimento final. São infinitos acontecimentos, e você não vê quando uma coisa se transforma na outra. Antes que pare para prestar atenção, é como se tivesse voltado para o início ou nunca saído de lá.

É a vida. O círculo.

Espera, não acho que esteja conseguindo explicar isso, porque eu fico pensando, e pensando e… Na verdade, eu pensei nisso há, talvez, duas horas, e aí eu disse "preciso escrever essa coisa" só que eu me distraí e, bem, só lembrei agora de abordar o assunto, então, aqui estou, e ainda nem falei sobre o que realmente quero falar, só estou tentando dar uma espécie de introdução à reflexão maior.
São meus sentimentos, entende? Penso agora que meus sentimentos são como esses círculos que na verdade são triângulos.

Círculos. O livro tinha muitos gráficos. Penso que seria bem mais fácil dizer como estou me sentindo se eu pudesse me colocar em uma função e criar um gráfico. Mas acabaria fazendo um círculo, não acabaria? Oh, nem a ciência mais exata poderia me ajudar.
Juro que tento me agradar, ficar estaticamente só por um momento. Mas, quando percebo, eu estava sentindo isso o tempo todo ao mesmo tempo que negava.

Entende? Círculos. Não sei que ponto levou ao outro, ou em que momento o ponto a passou b ser c e o a desapareceu. Se misturou. Se fosse um triângulo comum eu veria certamente três ângulos e entenderia muito bem o que se passa comigo, mas é um círculo, então não entendo coisa alguma.
Círculo, círculo, círculo… Oh!

Me dá uma vontade de gritar de repente, porque sinto que tudo já deu errado tantas vezes, mas essa parece tão certa… Que, se eu contar para alguém, temo que ela escape das minhas mãos e eu não a encontre mais. "I was so ahead of the curve, the curve became a sphere"¹ (estava tão adiante na curva que ela se tornou uma esfera). Está vendo? Círculo.

Circulando em minha mente me vem essa ideia, de algo bonito que poderia ser, mas que me parece completamente improvável. Mas seria bonito, não seria? Isso sim. É uma ideia que me agrada, mas eu sempre tive muito medo de viver. E o medo sempre me domina muito mais. Então, não, infelizmente não circularei por esse labirinto que talvez me levaria para uma coisa boa, porque tenho medo. Por medo, não faço nunca nada a respeito das minhas ideias bonitas. E ninguém nunca faz por mim. Eu sei que, se eu não correr atrás, não vai ter ninguém que vai achar que vale a pena vir me buscar.

No fim do dia eu ainda estou neste círculo. Estaticamente só.

Eu sinto muito, ideia bonita, porque sei que, se eu tivesse um pouquinho menos de medo, você poderia ter sido uma coisa muito, muito boa.
Mas eu sou só um círculo.

Caso não entenda essa metáfora, é simples. Eu vi num livro esses dias que…


1. This is me trying, música de Taylor Swift. Uma mulher obcecada em escrever sobre mim.

Carta aberta para toda história que talvez eu nunca escrevaOnde histórias criam vida. Descubra agora