Carta aberta para toda história que talvez eu nunca escreva

22- Estação Passageiras

Acho curioso como as coisas sempre passam
Um adereço vira moda e um mês depois é vergonhoso usar
Ou morro de raiva, mas ressuscito em exaltação cinco minutos depois
Fácil assim, passa

É que num corre corre do dia a dia fica difícil fazer alguma coisa durar
Tempo passa, tempo corre, voa, faz sinal, para e vai embora

É bem mais fácil cansar-se do que manter-se interessado
Com pensamentos tão hiperativos,
meus gostos mudam centenas de vezes por dia
A cada hora é como se uma nova obsessão nascesse
Um livro novo, uma série, uma música
E então, passa

É que são tantas coisas que eu quase nunca consigo pensar em uma só
Tudo passa, toda vida, sem demora, faz sinal e vai embora

A gente tem a impressão e vontade de pensar que com o amor é diferente
A gente acha que ele fica
Mas tudo na vida passa
Pode levar anos, pode levar segundos
Mas do nada, passa

É que o amor é um sentimento tão grande que acaba não cabendo dentro do peito
Transborda vida, Te faz sentir tudo de uma vez, e do nada some, vai embora

Só que, mais curioso do que o fato abismável de que tudo vai passar, é que tudo também pode voltar
Moda se repete o tempo todo
E eu sempre acabo ficando com raiva outra vez
Fácil assim, volta

E aí é uma coisa que te pega despreparado, você não imaginava que pudesse voltar
Vai e vem, vem de novo, repete tudo, vem de volta

A vida é um grande ciclo vicioso que a gente nem percebe
Mas nos repetimos centenas de vezes por dia
Acorda, banha, come, trabalha, banha, come, dorme
Trezentas e sessenta e cincos vezes, e mais uma a cada quatro anos
Tudo vai e volta
Do nada, volta

E aí você não tem outra escolha a não ser cometer os mesmos erros outra vez
Chora e ri, grita, sufoca, se despede, mas depois volta

Em conclusão, tudo bem eu amar hoje se não me amarem de volta, se nunca me amarem de volta
Porque eu sei que, amanhã
Passa

A única falha nesse meu plano de esperar passar é que…
Tudo que passa, volta
Fácil assim, volta