CAPÍTULO 08 - QUINTA-FEIRA

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Três Bons Motivos para Matar


       O detetive Rogério estava no departamento de polícia, tomando seu café sem açúcar, com seu fiel amigo e parceiro. Ambos conversavam em frente ao mural, a fim de juntar todas as peças que cada um havia coletado nos últimos dias.

Ele, deu um gole na bebida quente, estalando a língua no céu da boca, antes de fazer a pergunta para o investigador, ocupado com suas anotações:

— Amadeo? Me conta como foi o velório da menina? — Falava, dando mais um gole.

— Se eu te disser que foi como todos os outros, estaria sendo hipócrita. — Virou-se para o outro. — Foi realmente triste, porém revelador.

Foi até a sua mesa, pegando um dos sanduíches de Amadeo.

— Revelador? Explique melhor isso.

O de cabelos castanhos, colocou as mãos na cintura, observando em silêncio, com a boca torta.

— O que foi? — Disse, dando uma mordida. — Estou com fome.

Amadeo revirou os olhos, suspirando e continuando de onde havia parado.

— Enfim! — Sacudindo a cabeça. — Os pais, amigos mais próximos, professores, mostravam-se realmente consternado, em um luto genuíno.

— Ok... Até agora, nada de surpreendente. — Se encostando na ponta da mesa, com o que sobrou do sanduíche.

— Calma, Rogério! Não terminei ainda. — Cruzou os braços. — Adivinha quem ficou por último? E, estava muito mais sofrido?

Rogério, dando mais uma mordida, respondeu sem levantar os olhos.

— O dono da oficina mecânica, João Barros?

Amadeo olhava para o detetive, boquiaberto.

"Como ele sabia?" — Pensou, assombrado.

— Certo.... — Continuou. — Ele ainda deixou um ramalhete no túmulo, assim que se viu sozinho, no cemitério.

— Eu sei — Jogando o embrulho vazio do sanduíche no lixo. — Também chorou e só saiu alguns minutos depois.

— Não sei como você descobriu, Rogério, mas sim. Ele mesmo! — Sentou em sua cadeira.

— É simples. — Sorriu. — Eu consegui ver de dentro do carro, meu amigo. Não tinha certeza, mas você me confirmou.

— Agora é a minha vez. Quero seguir seu raciocínio, agora! — Girou a cadeira na direção do outro, ainda encostado na quina da mesa.

— Antes, vamos pegar o resultado dos exames finais do laudo médico. — Limpou a boca, no guardanapo.

Amadeo pegou o último sanduíche que ainda restava, dando uma única mordida, deu um gole em seu café já frio que jazia sobre a mesa, concordando com ele. Enquanto esperava que o detetive fosse pedir para o policial Sérgio, buscar no laboratório, terminou muito a contragosto o restante do café.

Assim que foi entregue o envelope amarelo com o lacre de confidencialidade na borda, sentaram-se, para abrir. Rogério rasgou o lacre e retirou as folhas. Leu em voz alta, para seu colega acompanhar e de repente, se olharam:

— Nos cabelos, havia resíduo de óleo automotivo e lascas de madeira envernizada. Nas unhas foram colhidas um gel à base de silicone, musgo, fibras de um tecido de poliéster e creme de amêndoa. — Olhou para seu parceiro. — Você está pensando o mesmo que eu?

— Com absoluta certeza, Rogério! E o DNA no brinco? E o teste do sêmen que havia na sacada do quarto?

— Um instante! Já vou continuar lendo — Disse, passando os olhos e se fixando em um detalhe.

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