CAPÍTULO 10 - SEXTA-FEIRA - Parte 02

27 7 37
                                    

Um Silêncio Velado


        Havia quatro salas de interrogatório e em três delas, estava um dos garotos com seus pais e os Palmas na quarta sala. Meg estava aguardando em uma destas salas, acompanhada de seus pais. Ela olhava em direção ao espelho enorme que ficava próximo a elas.

— O que está olhando, filha? — Disse seu pai.

— O espelho, pai.

— O que tem ele? Que está todo sujo? — Falou Neusa Costha, nervosa por estar naquela sala fria.

— Na verdade, mamãe é um espelho falso. Deve ter policiais agora mesmo nos observando, para saber o que conversamos e olha lá em cima — Apontou para uma câmera no canto da parede. — Estamos sendo filmadas. Eu já vi muito filme policial e sei bem como tudo funciona, mãe.

Neusa Costha olhou assustada para seu marido, que preferia ficar alheio a tudo aquilo. Sua filha olhava na direção da câmera, como se estivesse numa encenação e não suspeita de um crime. Neusa olhou em seguida para onde ela apontava. Havia mesmo uma câmera discreta, entre as duas paredes de cor cinza e ela se surpreendeu com a filha.

A pequena câmera passaria despercebida, caso não olhassem para cima e como suspeitos tendem sempre olhar para baixo evitando ter contato visual, olham para o chão ou para suas mãos. A psicologia criminal sabe disto e, geralmente, não percebem que estão sendo filmados e posteriormente serão analisados.

Exceto um psicopata.

De repente a porta se abre e Amadeo entra sorrindo com a mesma pasta nas mãos, fechando a porta e se aproximando dos três.

— Olá, Megan? Senhor e senhora Costha? — Falou, assim que sentou em frente aos três.

— Por que estamos aqui, policial? Estávamos numa reunião na igreja! — Disse Osvaldo.

— Sim, eu sei. Queremos interrogar a sua filha. Se quiserem, podem sair. — Largou uma pasta do caso, em frente a eles.

— Pode ir, mãe. Papai? Pode sair também. — Disse Megan, mordendo o canto da boca.

Ele a olhou e percebeu que, apesar do aparente nervosismo, não havia vida naqueles olhos verdes escuros. Respirou fundo, dando um tempo para que um deles se manifestasse. Abriu o arquivo e expôs as mesmas fotos que mostrou para Pedro. Os três olharam, causando exclamações de susto e asco.

— O que o quer provar com isto, detetive?! — Osvaldo bateu na mesa. — Minha filha era a melhor amiga dessa menina! Vou processar todos vocês! — Disse, furioso.

— Isto é uma afronta! Não vou deixar que que façam isto com minha filha! — Neusa olhava para o investigador, totalmente alterada.

Amadeo, cruzou os braços no peito, esperando que se calassem.

— Posso continuar, senhores? — Virou-se para a garota ruiva. — Então, Megan? Horrível o que aconteceu, não?

— Isa... — Choramingou, alisando a foto com o indicador. — Ela sofreu muito, investigador?

— Megan, me diga uma coisa. — Falou, ignorando a pergunta da ruiva. — Você estava com os outros, na quadra de skate, aguardando a chegada dela?

— Sim. Eu estava com Quim e B. A gente sempre se encontrava todas as sextas.

— E, depois foram todos para a casa, assim que souberam que ela não se encontrava em casa?

— Isto mesmo! Posso ir embora agora? — Disse, esfregando as mãos.

— Daqui a pouco. — Pegou uma foto de dentro do arquivo. — Megan, este brinco. — Falou, mostrando a foto do brinco achado no local, por Rogério. — Você reconhece?

SEGREDOSOnde histórias criam vida. Descubra agora