CAPÍTULO 09 - SEXTA-FEIRA

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A Filha da Mentira


        Rogério e Amadeo chegaram na residência dos Palmas, no início da tarde, após o almoço. Amadeo já havia acertado com o policial Sérgio em acompanhá-los e apenas esperasse na viatura, um sinal de um deles, caso necessitasse do apoio. Ao chegar na soleira da porta, Rogério olhou ao redor, com sua paciência tão característica antes de avisar sua chegada.

— Que jardim bem cuidado, não é mesmo meu amigo? — Falou de repente.

Amadeo desviou os olhos para os canteiros circulares de rosas e dálias bem cuidadas da família, concordando.

— Adoro flores, Amadeo. Principalmente rosas. Elas são as flores delicadas, mas muito exigentes dentre todas as outras. — Falava, sem tirar os olhos do jardim. — Não é fácil tratá-las, se não tiver muita dedicação. Já as dálias, se dão bem com qualquer outra flor, sem macular sua beleza exótica.

— Rogério, conheço você. Não está falando apenas de flores. — Seguiu o olhar em volta.

Este olhou para o investigador, com seu sorriso enigmático, tocando a campainha em seguida. Aguardaram alguns segundos, antes que a senhora Palmas abrisse com o olhar aflito:

— Detetives? Por favor, entrem! — Afastou-se da porta, para deixar que a dupla passasse por ela.

— Obrigado, senhora. — Falou Amadeo, que ia atrás de Rogério.

Aguardaram no hall da sala, até que ela os convidasse para ir com ela até a sala. Após sentarem, dona Maria perguntou se tinham novidades.

— Por favor, venham. — Falou, indo em direção a sala. — Fiquem à vontade, por gentileza.

Andaram os três, até a sala, se acomodando nas poltronas.

— Senhora Palmas, seu marido está em casa? — Perguntou Rogério. — Temos algumas pistas importantes que gostaríamos de conversar com os dois.

— Ele está repousando, como faz sempre após o almoço, detetive. — Sentou-se em frente aos dois.

"Quem consegue dormir, com os responsáveis pela morte da filha, ainda soltos, por aí?" — Pensou Amadeo, desconfortável.

— Certo. Poderia chamá-lo, por favor? — Rogério tinha o indicador pousado por sobre os lábios, sério. — Diga que precisamos conversar e, também ligue para Megan, Joaquim e Bryan, juntamente com seus pais? — Disse, lendo os nomes no seu bloco e se recostando na poltrona.

Assim que ficaram à sós, Amadeo não aguentou sua indignação, diante da informação sobre o sono do pai.

— Cada pessoa reage de forma peculiar perante à morte de alguém ou de algo que não pode suportar, meu amigo. — Sorriu. — Além do mais, eles dois precisam seguir suas vidas.

— Mesmo assim... Pra mim não é uma atitude de pai. É tão...

— Relaxa, meu bom amigo Amadeo. Pode ser uma reação fria, pode ser uma fuga..— Gesticulava as mãos. — Eu realmente não sei o real motivo dele estar assim, Amadeo. Mas logo saberemos.

Em poucos minutos, ela surgiu, avisando que ele já desceria.

— Posso oferecer algo para beberem? Água? Suco? Um cafezinho, policiais?

Os dois perceberam o estado emocional da mulher em frangalhos. A voz tremida e as mãos agarradas ao mesmo ursinho que da última vez que estiveram lá. Mas nenhum dos dois teriam coragem de fazer qualquer comentário.

— Uma água gelada, seria perfeito, dona Maria. Obrigado. — Disse Amadeo.

— Não queremos tornar este momento ainda pior do que já está sendo para a senhora. Mas é o nosso trabalho. A senhora entende, não?

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