CAPÍTULO 13 - SEGUNDA-FEIRA

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Quando a Dor e a Culpa se Abraçam


 

      Bryan saiu de casa, com passos largos em direção a casa do amigo. Quando estava a alguns metros, parou, se apoiando em uma árvore, para recuperar o fôlego. Não queria chegar com tanta fúria na casa do Joaquim e chamar atenção do pai dele. Respirou fundo, passando as mãos suadas nas calças e continuou a andar. Chegou na mecânica e percebeu que seu João estava distraído debaixo de um motor. Entrou decidido, indo até a porta que dividia a mecânica da casa da família Barros.

Encontrou Joaquim na sala, com um caderno nas mãos.

- Por que você mentiu pra mim, cara?

Bryan foi se aproximando da sala, enquanto falava de maneira alterada e violenta. Nem parecia o rapaz tranquilo e amigável que sempre foi, durante toda sua vida.

- Não sei do que está falando, B!

- Nem vem! Você sabe exatamente do que estou falando! - Colocou as mãos na cintura, falando cada vez mais alto.

-Preciso Ficar só, cara! Não tô legal, hoje!

Ele ignorou totalmente as palavras do amigo, se aproximando ainda mais.

- Por que você não apareceu na faculdade, hoje? Vergonha?

- Que você quer que eu diga, afinal? - Disse, irritado. - O que eu menti? Qual a parte do "Esqueça ela, cara. Ela nunca vai te dar uma chance", você não entendeu?

Joaquim estava tentando se controlar, mas estava a um passo de perder a cabeça. Tudo aquilo estava deixando-o louco, sem saber mais o que fazer da própria vida.

- Você vacilou, cara...

- É sério, Bryan! Vai embora, vai! Me deixa, cara! - Ia fechando os punhos, enquanto falava.

- Você voltou lá, depois! Mentiu pra mim! Eu era seu melhor amigo!

- Eu também tô sofrendo pra ca****o! Você acha que só vocês é que foram enganados?

- Você é tão mentiroso quanto nossos pais, merda!

Joaquim olhou o amigo, sentindo seu rosto queimar. A raiva, a frustração e a falta da amada, estavam todas girando dentro dele, numa simbiose de emoções, aflorando, fazendo-o ir de contra o amigo, pronto para desferir um soco, mas quando estava a alguns centímetros de Bryan, paralisou. A frase pegou-o de surpresa, fazendo com que este sentasse na beira da poltrona da sala. Sentia a boca seca e as batidas do coração acelerando. Sua mente processava o que dizer ao amigo. Tudo veio num turbilhão.

- B... Eu não sei o que fazer. Não sei o que falar...

- Não! Pode parar, cara! Tô tão cheio! É tanta mentira!

- Bryan... me escuta?

- E nem me vem com este papo! Você era um irmão, pra mim, cacete!

- Olha, cara... - Falou, se levantando e indo até ele.

- Você foi lá! Você sabia que ela não estava em casa! Você sabia o tempo todo! - Gritava.

Joaquim, ficou parado, olhando seu amigo. Sentia as lágrimas transbordarem.

- Você é canalha, Joaquim! Fez maior cara de desentendido, quando os pais estavam no maior desespero! Sabia de tudo e se fez de bom menino! - Levantou os braços, descontrolado.

- O que você queria que eu fizesse, hein?! Me fala! A polícia ia arrancar meu couro!

- Eu queria a verdade, Quim!

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