A Testemunha Ocular.
Isabel dobrou a esquina, olhando para trás para ter a certeza que ninguém a seguia. Não queria se atrasar, apressando o passo na direção da autoestrada, porque desta forma, ninguém a veria sair dos limites da cidade. Estava indo o mais rápido que podia, mas sabia bem que daquele ritmo, levaria uma hora pra chegar. Foi quando decidiu pedir uma carona; assim pouparia tempo e chegaria mais cedo que o combinado no local. Faria uma surpresa para seu amado.Esticou o braço, fazendo gesto com o polegar e não demorou muito para um jipe parar para ela. Agradeceu ao casal de turistas que a deixaram bem próximo ao barranco. Esperou que o veículo se afastasse, descendo na direção da trilha que a levaria até o lago do pântano encantado.
Assim que chegou, sentou em um tronco podre, para recuperar o fôlego. Estava excitada com aquela aventura. Levantou, limpando as mãos na roupa, seguindo em frente. Mais à frente, Isabel escorregou na lama de argila e galhos umedecidos, esfolando os joelhos e um dos cotovelos.
— Mais que merda de lama! — Praguejou, levantando e limpando as mãos uma na outra.
Era um lugar fechado pela vegetação alta e as árvores, mas ela conseguia vislumbrar as águas caudalosas do lago. Sorriu, se vendo com ele ali, naquelas águas quase cobertas pelos aguapés floridos. Olhou ao redor, respirando fundo, sentindo-se livre. Resolveu se aproximar mais, até a pequena clareira e ao descer, bateu em alguns galhos finos secos, rasgando o supercílio, fazendo sangrar. Não era um corte profundo, mas ela sentiu a ardência que o machucado causava, passando os dedos de leve. Mesmo assim, ela pensou que nada a faria perder aquela sensação de felicidade, que há muito não sentia.
— Espero que valha a pena... — Sussurrou, alisando os joelhos e cotovelos feridos.
Chegando na margem, onde guardava um espaço plano, com o capim baixo, resolveu tirar a roupa e se jogar nas águas mornas do lago.
Foi colocando um dos pés mais para dentro das águas, lentamente, para ir se acostumando com a mudança de temperatura, quando ouviu o som de alguns galhos quebrando. Sorriu, pensando ser o seu amor. Virou-se para trás, sorrindo e assim que viu ser Megan, seu sorriso foi morrendo aos lábios. Sua amiga ruiva estava parada às margens, com um bastão de madeira nas mãos. Seu olhar era de puro ódio.
— Sua traíra desgraçada! — Berrou, indo na direção dela.
— Meg! O que você está fazendo aqui??
— Vadia! Você sabia que eu amo Joaquim!
Isabel olhava a amiga assustada, e quando seus olhos desceram para o que ela carregava, seu instinto de sobrevivência, deu o alarme. Imediatamente, agarrou o braço da outra, para tentar impedi-la de atacar, mas a posição da ruiva era superior e estava num lugar mais seco, fazendo seus esforços em vão. Megan gritava, tentando se desvencilhar e acertar a amiga com o bastão pesado.
— Meg! Para! Você está completamente louca! — Gritava, aos prantos.
Se apoiou nos braços da ruiva, ao mesmo tempo que as mãos dela apertava seu pescoço, com muita força. Isabel, tentava respirar, lutando pela sua vida. Se agarrava com força nos cabelos da outra e assim que conseguiu se equilibrar, passou as unhas pelo pescoço dela, arranhando sua nuca, fazendo com que um dos brincos de Megan caísse no meio das folhas secas, sem que esta percebesse.
— Eu vou te matar, Isa! Eu odeio você! — Vociferava.
— E quem você acha que ele deseja, sua vagabunda! Acha mesmo que ele vai se interessar por uma sardenta como você? Não seja ridícula!
Enfurecida, Megan não respondeu. Olhou-a bem nos olhos, soltando uma risada de gelar a espinha.
Desferiu um único golpe, na cabeça de Isabel, acima da orelha, fazendo com que a garota virasse os olhos para dentro das órbitas, perdendo os sentidos. Isabel caiu. Enquanto rolava, ia ferindo sua pele macia, nas pedras pontiagudas, galhos e folhas secas.
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SEGREDOS
Mystery / Thriller🥇 primeiro lugar concurso Bueno Designer categoria suspense/mistério 🥉 terceiro lugar Concurso Literário Fênix categoria Mistério/Suspense 🥇 primeiro lugar concurso Cósmico 2° edição categoria suspense -ˋˏ ༻✿༺ ˎˊ- Você já ouvi...