lembranças

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Andrew Williams

Apesar do meu súbito silêncio, a forma que aquela garota falava me insultava. Não parecia que Zayla estava feliz pela sua mãe ter encontrado alguém como eu, mas também não me importava a opinião dela. Como uma garotinha poderia opinar em algo? Ela teria que acostumar com minha presença.
Hoje eu não iria trabalhar, mas precisava resolver algumas coisas da minha empresa.

— Vamos desenvolver o projeto? — Thomas perguntou.

Thomas era o cara de quem eu mais confiava. Meu braço direito. Somos amigos desde o ensino médio para vida inteira, já passei muita dificuldades, mas ele sempre esteve ao meu lado.

— acha mesmo que valerá o investimento?

— Você estaria dando oportunidades à estudantes. Com a publicidade, seu nome estará famoso.

Além de professor de matemática, sou  arqueteto e desenvolvi uma empresa de engenharia com a ajuda dos meus sócios, Thomas, Jhony e Marcos.
Estamos com um projeto a ser lançado. Queremos desenvolver um projeto robótico nas escolas de ensino médio, os três melhores projetos ganhará uma bolsa de estudos na faculdade de Nova York, cursando engenharia. E com isso, nossa publicidade ganhará fama. Tudo o que queremos é levar para todo país o nome da minha empresa.
" Forte Arquitetônica " voará!

— Tudo bem. Faremos uma reunião para discutir isso com os outros sócios. — liguei para minha secretária pelo interfone. — Adele, venha até minha sala agora.

Não demorou muito e a mesma chegou. — Marque uma reunião para daqui uma semana, e informe à todos os sócios.

— Agendado, senhor. Algo a mais?

— Não. Obrigado. — ela saiu.

Resolvi outros assuntos pendentes da empresa e depois fui para minha casa.

Zayla Carter

Amanhã é o meu aniversário, e eu deveria estar feliz nesse exato momento, contando para todo mundo, planejando uma festa, mas não... Eu não conseguia ser feliz nessa data. Foi o dia em que meu pai resolveu nos deixar, eu e minha mãe, no meu próprio aniversário.

Flashback on

Hoje é meu aniversário de oito anos, caramba, eu estava mais feliz do que nunca! Meu pai e minha mãe me levará para o parque aquático e depois ao cinema. Eu até pedi uma festa de aniversário, mas eles não disseram nada. Eu não estou triste, eu adoro ter meus pais ao meu lado.
Quando estava chegando da escola e pus meus pés em casa, não encontro ninguém, a luzes estão apagadas.

Minha mãe estava segurando minha mão e ficou surpresa.

— Pai? — o chamei, mas não escutei sua voz. — Papai, o senhor está brincando não é?

De repente as luzes se acendem e falam: SURPRESA! meu coração acelera à mil!
A vovó Lúcia está na aqui, até todas minhas amigas. Só faltava uma pessoa especial. Meu pai.

— Mãe, cadê meu pai? — perguntei estranhando sua ausência. Minha mãe parecia estar nervosa. Mas porque?

— Eu não sei, filha... — De repente escuto um estrondo lá fora. As portas se abrem e meu pai entra. Ele parecia bêbado, até segurava uma garrafa de bebida não mal. Eu não gostava quando ele bebia! Não queria vê-lo gritando com minha mãe. Logo tampei os ouvidos. Mas ainda pude ouvi-los.

— O que merda está acontecendo, Wanessa? — gritou com ela. — SAÍAM TODOS DA MINHA CASA! — minhas amigas gritavam e saíram.

Tentei defender minha mãe o empurrando. Ele estava muito agressivo. — PARA, PAPAI!

— SAI DAQUI ZAYLA! EU E VOCÊ VAMOS EMBORA DAQUI.

— você não vai tirar minha filha de mim, seu monstro! — quando ela disse isso, meu pai a bateu no seu rosto a derrubando. Minhas lágrimas já me sufocavam. Minhas mãos trêmulas e o coração acelerado. Eu não queria vê isso acontecendo com meus pais. O que eu poderia fazer para ajudar? Apenas gritar. Mas era que eu já estava sem voz e desesperada.

— MALDITA HORA EM QUE EU ME CASEI COM VOCÊ, SUA VAGABUNDA! NÃO SERVE PARA NADA. — jogou a garrafa de bebida no chão, um caco atingiu minha perna sangrando muito.

— Olha o que você fez com ela, James! — minha mãe me pegou no braço.

— Solta ela, Wanessa. — minha mãe não obedeceu. — SOLTA A MINHA FILHA! — deu um murro nos olhos delas. Meu mundo se despencou quando a vi chorar e percebi que a ver chorar era o corte mais profundo da minha alma.

Flashback off

Eu era tão pequenina para vê aquilo acontecendo. Era meu aniversário!

— Eu irei te odiar por toda minha vida, James.  — falei enquanto olhava sua foto e a rasguei. Era minha última lembrança que ainda me atrevi de guardar.

Me jogo na cama chorando. Eu odiava o fato de anos e anos se passarem e isso nunca sai daqui minha cabeça.
Escutei a campanhia tocar, já sabia que era o senhor Williams. Eu fiquei quietinha na minha cama, embaixo do cobertor. Sabia que logo logo isso iria passar. Não queria me deixar permitir que James pudesse atrapalhar meu aniversário de dezessete anos.

Escuto alguém bater na porta do meu quarto, quando fui abrir, para minha surpresa não era minha mãe e sim, o meu professor.

Ele me olhava de uma forma que nunca me olhou antes, quando me viu chorar. Parecia pena. Dó. Talvez esse seja o sentimento que eu mereça.

— Alguma coisa, senhor? — perguntei um pouco estressada.

— Posso entrar?

— Fique a vontade. — sai da frente da passagem.

— Você estava chorando?

— Não estava. Minha renite atacou, e... e... Começa aparecer que eu estava chorando mesmo, mas eu não estava não. Não se preocupe.  — Sentei na cama e ele me seguiu.

— Amanhã é seu aniversário, não é? — perguntou baixinho. O que havia com ele?

— Minha mãe te contou? — ele assentiu. — É, amanhã é meu aniversário.

— E você não parece feliz com isso. — comentou.

— Eu estou feliz. Apenas me expresso diferente. — falei um pouco ignorante.

Mais uma vez Andrew assentiu e falou sussurrando. — Percebi. — eu revirei os olhos.

—Senhor Williams, eu sei que o mesmo veio para nossa aula, mas por favor, se pudemos adiar, eu agradeceria.

Ele parecia pensar em algo, mas por final, só respirou fundo.

— Tudo bem. Mas revise o assunto. — assenti e ele saiu do meu quarto.

Não revisado.

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