revelação

3.1K 145 15
                                    

Zayla Carter

Aguardei em silêncio a chegada da minha mãe, parecia que eu estava há séculos presa nesse quarto. Andrew já ameaçou arrombar a porta, mas não me importei. Escuto a voz da minha mãe, finalmente. Abro a porta do meu quarto, dando de cara com meu padrasto sentado no sofá, de cabeça baixa. Assim que nossos olhares se encontram, paralisamos, mas eu reverto essa situação, dando atenção para minha mãe.

— Então, a senhora já fez o teste?

— Está aqui. — mostrou a sacola. — vou fazer agora.

Assenti. A mesma caminhou até o banheiro, e eu fiquei atrás da porta, roendo as unhas. Andrew vem em minha direção, mas viro a cara.

— Zayla. — sussurrou aquela voz grossa no meu ouvido.

Não respondi nada. Ele segurou meu braço, sem apertar.

— Olha pra mim, vai. — cochichava.

Puxei meu braço da sua mão com uma força brutal, e o encarei com raiva.

— Vamos conversar, por favor. — pedia com cara de cachorro abandonado.

— Não tenho nada pra conversar com você.

A porta do banheiro é aberta e minha mãe sai de lá com o teste na mão. Respiro fundo, sentindo meus batimentos cardíacos aterrorizados.
Ela também se tremia, e Andrew como um psicopata, estava estátua, esperando uma resposta.

— Deu positivo, estou grávida! — sorriu boba.

Eu já esperava essa resposta, mas nada me confortava. Enguli meu egoísmo, mesmo que doesse ao ponto de me sangrar e passasse despercebido. Caminhei até a mesma e abracei.
Ela me espremia de tanta felicidade, me largou e foi abraçar meu padrasto. Ele me olhava com seus olhos confusos. Era difícil me concentrar sem sentir falta do que ganhei. Um romance fingido, o que era apenas tesão para ele.
Wanessa desfez o abraço exibindo seu melhor sorriso, isso me deixava leve de alma. A tanto tempo estive batalhando para vê-la sorrir, e agora um garotinho faria isso por mim.
Talvez essa criança seja a verdade que eu precisava entender, de que nunca se pertence a uma história que não é sua.

— Você terá um irmãozinho, filha. — me conta com entusiasmo.

Sorri verdadeiramente, concordando com suas palavras.

— Parabéns, mãe. — digo indo para meu quarto.

O egoísmo é um sentimento podre de uma alma enfraquecida das suas próprias verdades discretas. Sentir e respeitar o que sente, era essencial, mas sentir os mais profundos sentimentos de uma pessoa machucada, era uma passagem para a ruína. Há coisas que nunca mudam seus fatos, mesmo quando somos birrentos e queremos fingir não acreditar.
Eram assim o fim de uma ilusão.
Uma fantasia continuam em suas linhas, até que uma simples realidade te acorda. Sexo era escolha, amor era sorte, palavras são intencionadas, o vilão era o bonzinho. Tudo fugia do roteiro.

Andrew Williams

Eu estava quebrado. Ainda tentando entender o que estava acontecendo, enquanto me torturava. Não estava nos meus planos ser pai, e agora essa novidade me surpreende. Me desentendi com minha enteada, e sabia que fazê-la se amolecer seria complicado. Ela estava uma fera. Nunca me imaginei construindo uma família, e confesso, se fosse ela que estive grávida, eu estaria o cara mais feliz do mundo. Penso nas circunstâncias que acontecerá, e nas consequências.
Wanessa estava muito feliz, era notório.
É claro que eu também fiquei feliz, mas dentro de outra realidade.
Orgazino algumas pendências da empresa, e saio mais cedo. Não estava com cabeça para trabalhar.
Pensei em me distraí, dirigindo por aí sem destino, enquanto tudo se acalmava. Deveria estar uma manifestação em casa, Wanessa contando essa novidade para todos, seus parentes deveriam estar felizes.

Amor de Padrasto Onde histórias criam vida. Descubra agora