homem velho

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Zayla Carter

Abro o guarda-chuva andando pelas ruas solitárias, àquela chuva forte que ainda inundava qualquer sobrevivente do frio. O outono estava por vir. Andei em passos apressados, queria chegar em casa antes do meu padrasto, ele mais uma vez, iria me encher de perguntas sobre o motivo da minha pressa para voltar pra casa sem esperar por ele. Acontece que ainda estou chateada com essa situação, me sinto totalmente independente a ele, e então, vê-lo beijar outra mulher me atinge profundamente e me desestabiliza.

Adentrei em casa, minha mãe estava cozinhando o jantar com a Ruth. Eu estava com muito frio, então pulei o banho da noite. Coloquei um pijama e fui assistir um filme romance. Minutos depois o Andrew chegou em casa com sua expressão de cansaço, para minha surpresa, ele evitou contato visual comigo. Fiquei com vontade de gritar por isso, mas fingi não me importar.

— O jantar está pronto. — diz minha mãe.

Me sentei à mesa, cabisbaixa, peguei meus talheres e me servi. Era um macarrão italiano delicioso, acompanhando de sobremesa.
Comemos em silêncio, minha mãe não parecia tão intelectual hoje, o Andrew estava com seu mal humor e fechado.

— Mãe, quando a senhora vai começar o pré-natal? — tentei puxar assunto, desviando o olhar do meu padrasto.

— Nas próximas semanas, você me pode acompanhar com o Andrew. — ela sorriu.

Assenti.

Assenti contra minha vontade inferior. É claro que eu amo essa criança, porque é meu irmão, filho da minha mãe. Mas por outro lado, eu não consigo ser tão presente.

Penso no amor espontâneo, sem culpa, verdadeiro, intenso. Penso ser assim um amor. E também, me julgo ser fraca. Como é difícil saber que futuramente vou ver uma criança inocente correndo por essa casa, que vai me amar tanto, porque no seu coração nobre não caberá ódio, disputa ou rejeição. Muito menos mágoa. Mas olha pra mim, estou completamente modificada. Sou egoísta, idiota. Completamente apaixonada pelo pai dessa criança.

Ele não é como os garotos da minha idade, ele tem barba, o corpo de um homem, a voz grossa, as mãos grandes, ele é alto, tem o semblante fechado sempre. Ele me faz se sentir segura, uma mulher livre, me faz sentir prazer. Não é como um garoto, ele é diferente.

Eu nunca senti isso antes de o conhecer.

Nenhum outro homem me tocou, e puta merda, ele fez isso tão bom. É inexplicável, juro que é, não posso descrever quando nosso corpo está colado um no outro. A forma como ele me faz se sentir como uma mulher de verdade, pronta para um sexo selvagem. Ele não me vê como uma garotinha assim como outros homens me viriam.

Ele me toca, suas mãos passam por todo meu corpo, ele me acaricia uma noite inteira.

E isso tudo não for amor, desisto.

Estou dividida entre o certo e o errado.

Terminamos aquele jantar silencioso que estava acabando comigo, porque um armazenamento de pensamentos explodiu na minha cabeça.

— Vou precisar sair, não espera por mim. — ele falou para minha mãe.

Sair? À noite?

— Onde você vai? — ela ficou um pouco chateada.

— Em uma reunião da empresa, Wanessa.  — ela assentiu.

Eu acompanhava esse diálogo do sofá, prestando atenção em tudo. Me senti uma fofoqueira de plantão.

— Tudo bem, se cuida. — Wanessa tentou beijá-lo, mas ele virou o rosto, discretamente, seu beijo tocou a bochecha dele.

Confesso que aquilo me deixou leve e tranquila.

Senti que minha mãe percebeu a rejeição do seu beijo, ela ficou séria, mas disfarçou.

— Café? — perguntou.

— Sim, posso nos servi. — ela assentiu sentando no sofá.

Enchi duas canecas grandes de café, no da minha mãe coloquei duas colheres de leite, mas o meu, deixei amargo.  Sentei-me em seu lado no sofá e entreguei a caneca.

— Como vai você e o David? — perguntou. — Sei que tem algo entre vocês.

Meu amigo, nessa hora o café desceu queimando a garganta.

Ela ainda sorria, espontânea.

— Sabe, é? — bebi o café desconfiada.

— Ele é tão carinhoso com você, nem parece aquelas duas crianças birrentas. — rimos.

Fiquei com vergonha de falar sobre dele com minha mãe, ainda mas sabendo que transei com o David. Tinha medo de qualquer assunto sobre gostar de um garoto que  me levasse a pergunta do " você ainda é virgem? "

— Oh, meu amor, você está com vergonha, não é? — ela riu fazendo carinho na minha bochecha.

Vergonha de ser desmoralizada.

— É normal se apaixonar, principalmente na sua idade. Não tem problema nenhum, Zayla. Algumas pessoas se apaixonam, namoram, casam, outras se apaixona mas não se casam, não tem problema nenhum. Você só precisa ter cuidado, você sabe, né?

Assenti.

— Não precisa ficar com vergonha não, sou sua mãe. Mas olha, eu quero mesmo que você se apaixone, mas que encontre uma pessoa que te ame e respeite, certo?

— Eu te amo, mãe. — dei um beijo na bochecha dela. — É sério, apesar de tudo, eu não sei se conseguiria viver sem a senhora.

Ela sorriu lindamente.

— Eu também te amo, minha Lala.

— Ah, não. Fala sério? Esse apelido era de criança, mãe. — fiz cara de nojo.

— Você sempre vai ser minha criança. Acha que filhos crescem para as mães?

Neguei e ela se gabou. Escutamos a companhia tocar.

— Vou atender. — se levantou.

Fiquei sentada esperando por ela, enquanto terminava o resto do café, acredito que me precipitei, fiquei nervosa porque a vi se desesperar lá da porta.

— Como assim o Andrew sofreu um acidente? — perguntou para o rapaz.

Não revisado.

Amor de Padrasto Onde histórias criam vida. Descubra agora