último amar

2.7K 123 5
                                    

Zayla Carter

Às três da manhã meu relógio mental me acorda, eu não consigo mais pregar os olhos. Vou até a cozinha, faço um copo de leite quente e tomo. Sento-me no sofá antigo da sala, e mil lembranças me vem à mente, de quando a vovó penteava meus cabelos longos naquele sofá de couro. De repente, sinto uma sensação estranha, mas ao mesmo tempo boa, de que há alguém me observando. Repreendo essa sensação, tentando especular uma distração para mente.
Vou ao meu quarto, pego meu diário e volto para o sofá. Escrevo meus sentimentos, desabo nas palavras, pois elas nunca dizia nada, mesmo que se ouvisse algum som.

O pressentimento de estar encadeada na minha dor, e poder encontrar minha solidão, era persistente.
Na noite passada, eu orei pela minha vó.
Supliquei pela sua alma, eu ainda não havia aprendido que a minha alma era a única que eu podia salvar.
Mas afinal de contas, o paraíso não me interessaria se eu não encontrasse pessoas amadas.

De tanto pensar, escrever e me induzir cafeína, pude contemplar o nascer do sol, por trás de uma grande janela de vidro.  O dia era o renascer de uma sobrevivência.
Meu avô como sempre, acordava cedo com o pôr-do-sol, mas acho que a ansiedade por novidades da vovó influenciou seu despertar tão cedo nessa manhã.
Fiz companhia para ele, jogamos conversa fora, até que as demais pessoas da casa acordaram. Tomamos café reunidos, ansiando o telefone tocar.
Tive que evitar troca de olhares com o Andrew, e fingir está bem para os demais.

Ainda naquela manhã, o telefone da nossa família toca, um médico falava.

— Família da senhora Lúcia Carter? — o doutor pergunta.

— Sim, sou neta.

— Bom, por volta das onze da noite de ontem, a senhora Carter entrou na sala cirúrgica para realizar a cirurgia de ablação por cateter, a cirugia demorou quatro horas, fizemos o que pudemos em equipe, mas por volta das três e meia da manhã, a senhora veio a falecer, tendo causa de óbito o Infarto agudo do miocárdio.

Sinto o maior desespero em choque que eu pudesse sentir na vida. A pior sensação que eu senti no peito.
As lágrimas escorrem sem destino, me causando calafrios.

— Meus pêsames aos familiares, bom dia. — desligou o telefone.

O que me doeria mais ainda, seria entregar uma notícia dessas, quando o vovô tinha acordado cedo para escutar a voz da minha vó, quando a Sophia estava tagarelando sobre o quão ama nossa vó, e minha mãe... Bom, minha mãe. Como aguentaria vê-la chorar?!

Caminho até a sala, com os nervos atacados, fungando e me derretendo em lágrimas. Lá estavam eles, roendo unhas inquietos, com os semblantes moldados pelo cansaço.

— Por que está chorando, filha? — minha mãe pergunta desesperada.

— Mãe, a vovó morreu...

Para meu aflito, minha mãe entra em choque, desmaiando em seguida, mas meu padrasto a segura no colo.
Eu não queria ficar ali, vendo eles desesperados. Eu não conseguia ser forte, percebo meu fracasso.
Corri para meu quarto e lá me tranquei, pedindo a Deus que me confortasse.

Não revisado.

>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>

Oi, princesas!! 🩷
O capítulo foi pequeno, mas tem um intuito.

Amor de Padrasto Onde histórias criam vida. Descubra agora