O começo

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Pov Wanda Maximoff:

Acorde Wanda... Acorde Wanda... ACORDE WANDA!

Acordei em um sobressalto sentindo uma coisa úmida em minha testa. Abro os olhos e vejo um homem, moreno, barba malfeita com olheiras grandes embaixo de seus olhos, comecei a prestar até no lugar onde estava, máquinas apitavam e tudo era branco, sem vida, eu estava confusa.

— Onde estou? — Perguntei com o sotaque, que tinha perdido, carregado, isso me deixou um pouco confusa.

— No hospital. — Disse o homem de forma curta.

— Quem me trouxe? — Questionei mais uma vez, fazendo o mesmo suspirar.

— Doutor Strange! Pelo visto a senhora está bem, iremos fazer alguns exames pra ter certeza e aí lhe daremos alta. — Ele afirmou saindo do quarto me deixando sozinha.

Sei que não fiz coisas boas, minhas atitudes são completamente questionáveis, matei pessoas, destruí minha vida por esse luto. Um luto que não acabou. Sinto que está vivo em mim como a certeza de que o mundo não serve pra mim, de que tudo que ele tem não vai facilitar minha vida. O que ele vão fazer é tentar complica-la ainda mais, tenho plena certeza.

[...]

Fizeram uma bateria de exames em mim, acredito que seja pra me por o mais rápido possível pra fora dali, não julgo, fiz coisas terríveis e não existe justificativa, mas como vou pagar, queria pelo menos um tratamento decente. Todas as coisas que fiz passam pela minha cabeça, matei, tudo por conta de meus filhos, eu sou poderosa, mas do que isso importa se não tenho ninguém.

Tony, Nat, Visão, Pietro, Steve, todos se foram, o que resta pra mim é a solidão inevitável, como eu odeio essa palavra. O melhor seria eu me juntar a eles, talvez fosse realmente melhor assim, não iriam sentir falta de mim de qualquer forma.

Me deram alta, devolveram minhas roupas, meu traje de Feiticeira Escarlate, e a conta do hospital, havia permanecido três meses no hospital e devia a eles cem mil dólares. Um valor relativamente baixo, até porque com esses anos de "heroína" eu tinha juntado uma graninha, além do salário dos vingadores, ganhava por ser professora de artes marciais na Shield e fazia uns bolos como hobby.

Não iria me matar, não hoje, precisava resolver umas coisas primeiro, e uma delas era falar com o Clint.

Peguei o vôo mais próximo até a fazenda, não queria mandar mensagem nem ligar, até por que não tinha celular. Quando cheguei eram vinte três e oito da noite, fiquei com um pouco de receio em bater, mas ouvi barulhos estridentes dentro da casa, vozes e também vi as luzes ligadas, então engoli meu orgulho e dei três batidas na porta.

Ouvi alguns passos e logo a porta se abriu, mas não era Clint, nenhum de seus filhos ou sua mulher, Laura, e sim uma garota de pele branca como neve, de cabelos pretos, olhos incrivelmente azuis, como as profundezas de um rio, a mesma ficou olhando para mim por um longo tempo até gritar "Clint!" e sair atrás do mesmo me deixando parada na porta.

Não a culpo, minha presença pode ser surpreendente, até porque, matei pessoas, destruí famílias não só aqui, mas também em outras realidades. Usei meu poder para o mal e...

— Wanda, tá comigo?! Wanda, você está em Ohio, Estados Unidos, são onze e dez da noite do dia vinte e seis de julho de dois mil e vinte quatro! — Dissertou Clint me fazendo voltar para o mundo real, quando o vi meus olhos encheram d'água.

— D-desculpa Clint, eu-eu fiz algo terrível e-eu não... — Comecei a balbuciar coisas sem sentido sem conseguir me controlar.

— Tudo bem, você já pagou pelas consequências de seus atos! Eu estou aqui com você agora. — Ele dizia enquanto me abraçava, mas não fazia sentido pra mim. Fiz coisas horríveis, se essas são as consequências o universo tinha sido, verdadeiramente, piedoso.

Nos sentamos na varanda, não queria entrar já casa dele, seria invasivo e meio desconfortável, não vejo as crianças e Laura a um bom tempo. As coisas mudaram bastante por aqui.

— Quem era a menina que me atendeu?-/ — Perguntei, apenas curiosa, olhando para o horizonte da fazenda, as estrelas brilhavam pela falta de luzes fortes e o céu estava azul escuro de maneira estonteante, queria estar lá, ver mais de perto, sentir algo.

— Ela é Kate Bishop, minha amiga, aprendiz, filha, ela é uma ótima arqueira, tipo muito boa! Não tanto quanto eu, mas dá pro gasto! — Ele respondeu me fazendo sorrir de um pouco.

— Ela deve ser boa! — Afirmei suspirando, vontade de dormir.

— Queria te contar as novidades, mas sei que você não tá muito legal pra isso! — Falou Clint e então olhei pra ele pela primeira vez naquela conversa.

— A novidade é que você tá velho e que logo Kate Bishop vai te colocar no chinelo?!- Brinquei e ele me olhou, colocando a mão no peito fingindo estar ofendido.

— Eu não estou velho! Estou na flor da idade. — Disse ele com uma falsa cara de emburrado, deitei minha cabeça no ombro dele, peguei sua mão e comecei a mexer na mesma.

Eu e ele ficamos em silêncio durante isso, ele tinha um anel de noivado na mão, onde eu também tinha, só que esse era apenas decorativo, uma memória vazia. O de Clint era real, porque o amor da vida dele tava aqui, e mesmo tendo ido embora ela voltou, o meu foi embora muitas vezes, e nunca mais voltará. Meus olhos encheram de lágrimas, mas eu não iria chorar, estou cansada de chorar.

— Acho que você precisa entrar, já está tarde e como sabe o que fiz, não preciso mais falar! Vou te deixar em paz, qualquer coisa que precisar me ligue, sabe que venho correndo. — Falei me levantando, limpei uma lágrima que rolou rapidamente, ele parecia confuso e se levantou.

— Onde você pensa que vai?! Sei que não tem lugar pra ficar, Wanda. — Respondeu Clint me fazendo olhar pra ele.

— Sabe que eu dou um jeito! — Exclamei com um sorriso sarcástico.

— Mas está tarde, vamos entre! Tem um quarto de hóspedes disponível! — Suplicou ele vindo em minha direção.

— Eu fico, mas amanhã vou embora assim que acordar, não importa se você vai estar acordado ou não! Não quero ser um peso na sua vida. — Afirmei não acreditando no que dizia, parecia que estava fazendo drama, odeio me ver assim.

— Concordo, mas você nunca será um peso na minha vida, Wanda. — Ele falou, mas sei que foi só pra me consolar.

Evitei diálogos e apenas assenti positivamente com a cabeça indo pra sala. Ele falou com a mulher, dei boa noite a todos e fui pro quarto de hóspedes que o mesmo me indicou, sem nem tirar as roupas direito, apenas o sapato e um casaco que comprei me joguei na cama, me cobri e dormi.

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Mais uma fic que saiu do forno, não sei quando vcs vão estar lendo isso e nem se esse vai ser o recado que vocês vão ver, mas quero explorar bastante a depressão da Wanda sem parecer com drama.
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Bem vindos amores!

Capítulo Revisado
Palavras: 1180

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