Os Poderes Da Sua Mente

Esbarros

Pov Wanda Maximoff:

Entro na loja ainda pensando naquela garota. Sei que sou famosa, e que meu "disfarce" não é tão bom assim, mas a garota falou de forma segura, como se já me conhecesse de algum lugar. Paro de pensar nisso e começo a focar no que preciso para começar a sobreviver. Então fui até a parte de casacos e moletons, mesmo com bastante dinheiro, não podia me dar ao luxo de comprar coisas caras ainda.

Então peguei dois casacos pesados, um conjunto de moletom com calça e casaco vermelhos. Fui até a sessão de camisetas e t-shirts, logo tinha em minhas mãos duas t-shirts brancas e uma preta quando esbarrei em alguém, novidade.

- Cuidado! - Com um sotaque russo carregado me virei para ver quem era, uma menina loira com olhos verdes claro, olhou-me surpresa. - Wanda Maximoff?

- Essa, infelizmente, sou eu! Quem é você? - Perguntei virando meu olhar para a arara de roupas. Não havia mais nada de interesse nessa sessão pra mim.

- Yelena Belova, irmã Natasha Romanoff! Vocês duas eram colegas naquele time que salvou todo mundo, né? - Perguntou a mesma e senti o pesar na sua voz, ainda dói nela, assim como sangra em mim.

- Ela era uma boa amiga! Acho que o universo gosta de tirar pessoas boas da minha vida! E o que faz em New York, principalmente nessa loja? - Questionei curiosa andando devagar para a sessão de calças e shorts, ela entende o recado e vem andando atrás de mim.

- Bom, vim tentar matar Clint, mas ai desisti fui pra Rússia, voltei e estou aqui pois a insuportável da Bishop, que eu já sei que você conhece, falou que preciso de mais roupas! Só que estou perdida no meio de tanta breguisse! - Respondeu a loira e seu sotaque nunca dava trégua, eu adorei isso.

- Se ela é chata, por que segue os conselhos dela?! - Questionei de forma sarcástica, fazendo a outra abrir um sorriso.

- Não conta pro Clint, mas ela é a minha insuportável! - Afirmou Yelena com um sorriso de orelha a orelha. Mais um casal apaixonado, sério que eu vou virar a solteirona?

- Vocês são um casal?! Meus parabéns, você parece gostar dela. As duas tem sorte de se encontrar! - Exclamei com sinceridade olhando para os olhos verdes da menina, os de Bishop são azuis. No fundo normalmente é assim, todo Azul encontra seu Verde, e vise versa.

- Obrigada, Maximoff! Te vejo por ai!

- Nada, Belova! Te vejo por aí! -Respondi a menina que acenou para mim enquanto ia tentar achar o que precisava. Assim como eu, peguei duas calças que gostei e fui até o provador.

Acho que tinha encontrado combinações perfeitas. Pus uma t-shirt e a calça flare, me olhei no espelho por alguns segundos, acessórios melhorariam esse visual, mas estava bem bonito. Abaixei a cabeça por um momento, quando levantei tudo girou. Segurei-me em uma das paredes, não tinha comido nada hoje.

Mas não merecia comer, na verdade eu nem sei porque estou tentando me reerguer... Lembrei, Clint me pediu, não posso quebrar minha promessa. Suspirei pesadamente tirando a roupa do corpo pra experimentar as outras, e assim continuei por alguns minutos.

[...]

Pra pagar foi meio complicado, não pela falta de dinheiro, ou eu esquecer a senha, e sim pois a caixa não parava de me olhar em dúvida, como se eu devesse algo pra ela. Sei o que fiz, sei que mereço certo desprezo, mas porra, eu tô pagando bem caro nessas roupas.

Eu estava passando mal de fome, então decidi que não queria passar mais vergonha e fui até uma cafeteria comer. Quando entrei fui direto para o balcão, me esbarrando com uma pessoa, qual o problema comigo, hein?!

- Desculpa aí!

- Wanda? Quer dizer, desculpa! - A pessoa sabia meu nome?! Logo olhei, um menino da minha altura, cabelos morenos com um casaco bem grande. Eu conheço ele, só não consigo lembrar quem é!

- Eu tenho a impressão de te conhecer! Mas tudo bem, pelo visto você já me conhece, qual seu nome? - Perguntei observando-o com curiosidade, ele tinha uma tristeza proeminente em seus olhos. Parecia não querer sentir esperança, assim como eu.

- Sou Peter Parker! Deve ser só impressão mesmo, vou indo! - Parecia querer sair correndo, uma pessoa que não tinha mais pelo que lutar... Me vejo em uma criança, ele é só uma criança.

- Tudo bem, espero te encontrar por aí! - Afirmei sendo verdadeira, eu queria encontrá-lo, queria saber o porquê deu conhecê-lo.

- Eu também espero! - Sua voz saiu embargada, mordeu o lábio inferior numa tentativa de permanecer bem. Mas ele não estava bem.

Pedi um croissant, junto a um café preto sem açúcar e, após pegar o pedido, me sentei numa mesa começando a comer. Quando sentei senti um mar, estive tão ocupada tentando resolver tudo, focando em outras coisas, que quando tudo para uma chuva forte começa. As lágrimas irradiam meus olhos com uma simples promessa, a dor vai passar.

Só que a dor não passa, sempre que tudo se torna tranquilo, me lembro de quem matei, do que fiz e de como meus filhos me olharam com medo após me verem daquela forma. Eu preferia a morte. Perdi tudo, meus pais, meu irmão, meu marido, duas vezes, amigos e principalmente, meus filhos. A única razão pela qual eu queria lutar antes, era pelo fato de que, eu teria eles pra mim, mas acho que não vim a esse universo para ser feliz. Em outro talvez eu seja, mas nesse eu não consigo.

Voltei a mim quando senti uma lágrima quente descer pelo meu rosto, limpei rapidamente, para não dar chance de ninguém ver, terminei de comer e paguei. Apressadamente juntei as sacolas, após o pagamento, e fui embora. Tentando chegar o mais rápido possível ao complexo, andando sem desviar a atenção para meus pensamentos intrusos apenas segui e quando percebi já estava abrindo a porta do quarto de Sam.

Joguei as sacolas em cima da cama sentindo meus poderes prestes a colapsar. Tirei o casaco e o óculos, pondo-os na cama junto as sacolas e entrei no banheiro. Me despi completamente e liguei a água fria do chuveiro, jogando-me nela sem pestanejar, sentindo um choque de temperatura que me fez voltar a mim.

Minhas lágrimas voltaram, porém dessa vez me permiti chorar, sentei na banheira e chorei. Chorei enquanto a água fria do chuveiro caia em mim, abracei, meus joelhos, encostando a cabeça neles. Me esbarrei em muitas pessoas, mas acho que a meu maior esbarro foi na tristeza.

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Até quarta amores!

Capítulo Revisado

Palavras: 1085