22. Viva o SUS

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Na quarta-feira Simone já estava por Brasília, correndo de um lado para outro, resolveu passar pelo senado, pegar alguns documentos e se tivesse sorte veria Soraya por lá. Não teria tempo para conversarem mas já se contentava em vê-la.

Desceu do carro e entrou no elevador junto com várias pessoas. Era grande mas estava lotado 'deveria ter esperado' pensou, algumas pessoas a cumprimentaram, ela pegou o celular e encostou na parede dos fundos do elevador para fingir estar ocupada e não ter que interagir.

Abriu automaticamente a conversa de Soraya e sorriu ao ler sua resposta do dia anterior: "Simone, também já estou com saudades. O que você está fazendo comigo hein?"

Devia ser a décima terceira vez que ela lia aquela mensagem e, em todas, o sorriso do seu rosto era inevitável.

O elevador chegou ao térreo e ao invés das pessoas descerem mais pessoas subiram, entre elas estavam Soraya. Seus olhos se cruzaram e ambas sorriram de imediato mas de forma contida.

O espaço era péssimo e não tinha como conversar ou se mover, mesmo assim Soraya, no auge da sua efusividade, foi empurrando as pessoas sem tato nenhum até ficar frente a frente com Simone. Queria se colocar ao lado dela mas era impossível com tanta gente alí.

- Oiiii - disse movendo os lábios sem som algum.

- Oii - respondeu Simone da mesma maneira.

A porta fechou e ela virou pra frente, pegou o celular imediatamente, mesmo segurando alguns papéis e temendo cair.

Whatsapp
Soraya:
Não imaginei te ver por aqui hoje.

Simone:
Pois é...
Mas não ficarei muito
Tenho a caminhada agora.


Soraya:
Passa no meu gabinete antes.

Simone:
Era o que eu mais queria, mas não posso, a caminhada começa
agora às 17h

Soraya:
Será rapidinho...
preciso te dizer uma coisa importante.

Simone:
Risos, não posso Soso.
Me diz agora.

Soraya desligou o celular sorrindo para dentro, deu um pequeno passo para trás até sentir estar encostando na Senadora ese apoiou alí.

Tebet ao ver aquele movimento arregalou os olhos, olhou para os lados sutilmente antes de olhar para baixo e perceber a calça social, muito apertada, de Soraya pregada na sua frente.

Ninguém havia notado, dentro do elevador era impossível se mover, além disso as pessoas estavam ocupadas demais olhando seus celulares ou lendo textos em folhas soltas.

Soraya balançava o quadril de um lado para outro, da forma mais insinuante e sutil possível, colocando o peso da perna ora na direita ora na esquerda garantindo o máximo de fricção.

Simone engoliu em seco quando seu corpo começou a reagir àquele contato, o salto alto de Soraya deixava sua bunda, que convenhamos é grande, mais empinada ainda, se continuasse assim seria preciso chamar o SAMU... As filas do SUS já foram zeradas? ia precisar de atendimento urgente!!!

Deu um imperceptível passo para frente na busca desesperada pelo máximo de atrito de seus corpos, sua respiração começava a acelerar mas ela tentava parecer normal. Por fora fingia costume e por dentro dava um grito de súplica por não poder fazer nada... olhava pros lados com medo de ser descoberta e como ninguém notava absolutamente nada se sentia segura pra se inclinar mais pra frente ainda, numa sede impiedosa.

Amor sem democraciaOnde histórias criam vida. Descubra agora