Amor sem democracia

17. Janja lá

Simone não tinha tempo para respirar, a campanha a consumia, estava exausta! Seus assessores postavam diariamente nas redes sociais, nem pra isso ela tinha tempo.

Fez questão, porém, de postar sobre o orçamento secreto do atual governo, havia dado entrevistas sobre isso e se via na obrigação de digitar aquele tweet!

Pensava toda hora em mandar algo para Soraya, sentia realmente a sua falta, mas os dias atribulados a sobrecarregavam.

Recebeu várias mensagens pelo dia do professor, era impossível responder todo mundo e das raras vezes que pegava o celular abria a conversa da senadora pra ver se ali tinha algo, não tinha.

- Mãe, vamos! Você está atrasada.

- Vamos... Fer, você me faz um favor? pode dar uma olhada nas redes da Soraya, ver se postou alguma coisa esses dias.

- Nossa, você está gamadinha mesmo heim?

Simone não teve tempo de responder, dois assessores apareceram e o assunto mudou drasticamente. Fernanda porém, cumpriu o pedido.

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Soraya estava igualmente inquieta...

- Cristian, se você transa com um cara e nos dois dias seguintes ele desaparece... o que você faz?

- Sigo minha vida amiga. As vezes é só sexo casual, não um casamento, você tá muito sapatão emocionada!

- Tem razão. Sei lá... - Soraya abaixou a cabeça num gesto triste.

- Liga pra ela se achar que deve... Pergunte cadê a aliança de vocês!

- Não é isso... Ela sempre me ligava, entende?

- Talvez agora seja sua vez!

Soraya cedeu e ligou para Simone mas não teve sucesso, a chamada caiu na caixa postal duas vezes. Resolveu deixar uma mensagem:

Whats App
Soraya
Boa noite Simone,
Como passou esse dia dos professores? Parabéns por ter sido uma professora maravilhosa, minha menina prodígio!
Tenho um presente pra você, teacher, quando poderei te entregar?
Beijos da sua aluna!

Tinha sido exagerado? Soraya tentava se controlar pra não ser "emocionada demais" e ao mesmo tempo não queria parecer fria, resolveu dormir logo em seguida, o almoço na casa de César era no dia seguinte, não queira ir com olheiras.

Assim o domingo chegou e ela estranhou a ausência de resposta, Simone tinha visto a mensagem mas não havia respondido. Seria o fim daquele "lance" entre elas? Christian devia ter razão, foi apenas sexo casual.

Mas e daí? Qual era o problema? Não existia futuro nisso mesmo... Era melhor deixar assim, talvez essa história estivesse passando dos limites, pegou o celular e apagou a mensagem arrependida de ter enviado.

- Você ainda tá zangada comigo por causa das suas senhas? - Perguntou César abrindo a porta do carro pra descerem, percebeu ela mais calada e reflexiva.

- Que? Não! Alias... sim né! Quero minhas senhas! As pessoas estão pensando que tô num cativeiro.

No almoço de domingo Soraya tentou ser simpática com todos, a família de César era hospitaleira, ninguem tinha culpa do seu mal humor.

- Olha!! A Simone está no Rio de Janeiro, acabou de postar, eu quase votei nela mas escolhi você Soraya. - disse a mãe de César depois do almoço quando estavam todos conversando.

- Ahhh, obrigada sogrinha. - respondeu com um sorriso forçado.

- Uma pena ela estar se misturando com pessoas erradas né? olhe essa do lado, não é aquela Jandira Fegali Ferali Fedeli... não sei... não gosto dela!