WOMANIZER

Fine Line

Um teste da minha paciência
Há coisas que nunca saberemos
Sua luz solar, sua sedução
Minha mão está em risco, eu desisto
Trepidação nítida
Vou tentar deixar isso em breve
Te abrir
É a única maneira de conhecer você

Nós seremos uma linha tênue

Nell separou um conjunto de moletom confortável para trocar de roupa. Odiava ficar de saia perto de Ethan porque sempre uma coisa levava a outra e no final acabavam em uma cama. Mas dessa vez não podia. Tinha que ser firme mesmo que não parecesse intencionado a tocar seu corpo de forma que não fosse amigável.

Lavou o corpo, passou óleo de rosas e se vestiu. Escovou os dentes e prendeu os cabelos azuis em duas tranças. Tentava parecer menos atraente. Se olhou no espelho tentando pensar no que seria dito mas não sabia o que esperar.

Deixou o banheiro levando a roupa suja para o cesto. Não fez barulho. Espiou Ethan deitado em seu sofá com uma expressão perdida. Seu coração pesou um pouco com essa constatação apesar de ser apenas fruto de suas escolhas.

Como um gato, moveu-se até sentar na poltrona. O baterista se assustou um pouco ao reparar sua presença o que fez Antonella rir de leve.

- Sinto muito. Não quis te assustar.

- Estava distraído. - Ethan respondeu enquanto se levantava daquela posição.

- Tudo bem. Quer água?

- Estou bem. Obrigado.

- Então pode me falar sobre o que é isso?

- Eu queria poder falar. Tinha montado tudo perfeitamente na minha cabeça, mas, não sei o que falar e nem por onde começar.

- Em ordem cronológica pode ajudar.

- Posso tentar. Primeiro. Senti sua falta durante esse tempo. Sonhei com você diversos dias, mas, não tive coragem de te contar. Segundo, estou preocupado com você. Seu sumiço doeu e mesmo sabendo onde você estava não queria falar com você para... Sei lá, te dar espaço e também tem a ver com o próximo passo. Não vou ser pai. Descobrimos que muitas vezes a gravidez não chega ao terceiro mês do pior jeito possível. Quarto, mas, não menos importante. Soube que as meninas de Viena estão pres...

Antonella o beijou. Simplesmente o beijou. Não aguentaria ouvir mais uma palavra sem fazer isso. Foi correspondida após a surpresa de Torchio que não sabia exatamente como reagir a uma ação tão súbita uma vez que foi pego desprevinido.

- Sinto muito, Eth. Sinto muito. Por tudo. Pelo beijo. Por sumir. Pelo bebê.

Ethan sorriu e tomou seus lábios novamente. Era como se sentir em casa novamente após muito tempo na estrada. Era a deixa que o destino deixou pronta com eles da última vez. Ethan não conseguia parar de beijá-la. O gosto inebriante de seus lábios com a menta, o toque desesperado de suas mãos em seus ombros e seu corpo a disposição dele.

Nell respirava mais forte e só se deu conta que estava em seu colo depois de alguns momentos. Não conseguia evitar. Era intoxicante, magnético. Sabia a resposta e a pergunta, mas, não falaria. Na verdade era o que deixava tudo ainda melhor. Saber que ele estava apaixonado.

Com certa dificuldade separaram o beijo, mantendo-se unidos pela testa. Acalmavam a respiração com um sorriso tranquilo e revelador nos lábios.

- Acho que fica melhor conversarmos agora. - Ethan disse enquanto fazia um breve carinho no rosto de Nell.

- Com certeza fica.

Ethan contou a história toda. Desde quando conheceu Laura e ela era uma menina mimada que gostava de arte, mas, apenas do que era clássico. Foram aumentando a gama de conhecimento aos poucos e até ela reconhecer alguns privilégios, indo estudar sociologia na Universidade. Conversavam pela noite toda, mas, era um pouco frustrante fazer sexo já que ela gostava de tudo bem delicado enquanto ele não. Contou sobre a descoberta do vício em pornografia e como tudo começou a desmoronar. E passou a se encontrar com outras. Muitas outras. E alguns outros no meio do caminho para variar o cardápio e ter alguma aventura. Então Antonella entrou na jogada. Admitiu que no começo, apenas antes de conhecê-la, a odiou mas passou a admirá-la no momento seguinte pela coragem de enfrentá-lo ou qualquer um que cruzasse seu caminho. E a química sexual onde eram livres para qualquer coisa respeitando os limites. O quanto acalmá-la foi significativo. Deixar ser vista vulnerável. Quão forte era e o quanto conseguia enfrentar. E abdicar para ter paz. Voltar com Laura não parecia sensato depois de tomar a decisão porque já sabia do erro. Mas, estava com medo de deixá-la no momento.