listen before i go

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Desculpa, não pode me salvar agora (desculpa)
Desculpa, eu não sei como (desculpa)
Desculpa, não há outra saída (desculpa)
A não ser cair
Hmm, cair

Estavam de volta a Europa após quase 20 dias na América do Norte. Dessa vez aproveitavam um dia de folga em Lisboa.

A vida na estrada não era fácil, mas, Ethan estava acostumado. Na verdade não diria exatamente "difícil". Era cansativo demais para ele, introvertido, interagir tantas vezes por dia com pessoas que não eram suas favoritas. Então passava um tempo considerável sozinho sempre que podia. Dividia-se entre trocar mensagens com suas irmãs sempre que o fuso horário permitia, ego search após shows, algum livro ou série que o prendesse e seu vício.

Mesmo que não gostasse ou falasse em voz alta sabia que a maior parte do tempo era dedicado ao que prejudicava seu cérebro. Era consciente da necessidade de ajuda mas não tinha coragem de pedir ajuda. Todo mundo fazia aquilo escondido.

Laura tentou ajudar. Na verdade quase tomou o problema para si afinal, quem descobriu foi ela. Foi uma briga feia com direito a gritos. Ethan se sentia impotente, mas, não sabia como aceitar ajuda. Se fosse um homem ordinário já teria aceito, mas, uma pessoa pública não podia ter essa informação vazada.

Chegava a ser irônico como algo que o destruía tão gradualmente levava a um prazer tão satisfatório.

A verdade é que mesmo tentando esconder de todo mundo ele sabia a verdade. Seu segredo sujo. Ethan Torchio tinha um vício em pornografia desde o final da adolescência.

Chegou, é claro, a ler sobre o assunto várias vezes e sabia que tinha alguns dos sintomas escritos. Seus orgasmos reais chegavam de forma lenta. Às vezes durava quase uma hora. Sozinho conseguia em menos de 5 minutos.

Achava isso bom, mas, cansativo.

Porém comparava-se a outros homens, principalmente os atores, sempre.

Sim, era um homem inseguro com sua masculinidade. Na verdade, com tudo.

Nunca se achou um homem bonito como era principalmente por ter vindo de uma família sem muitos recursos financeiros. Sabia que por sua fama era desejado, mas, não se achava bonito. Era quando muito vaidoso com dentes tortos e com dificuldade para pronunciar um 'r' como qualquer outro. Portanto, evitava falar. E sorrir. E abrir muito a boca.

Foi muito rejeitado na adolescência e querendo ou não, com quase 22 anos de idade, ainda era tudo recente. Ainda corava quando suas fãs o elogiavam por beleza ou algo assim. Sabia que muito era devido ao seu corpo construído cuidadosamente pela bateria e treinos de academia. E ao ótimo metabolismo.

Se perguntava intimamente se sua vida romântica e sexual seria a mesma caso não tivesse projeção, afinal, seu primeiro sexo foi após a fama nacional. Mal havia beijado antes disso. Aquilo o agoniava já que, aos seus olhos, perto de Damiano não era desejável e expansivo. Era feio, quieto, estranho e com um sotaque estranho.

Nessas horas apenas a pornografia estava lá para ele, afinal, "seja homem! Não se preocupe com essas besteiras".

Laura o amou de verdade. Com cada fibra. Entendeu sua dor, estendeu a mão. Mas não conseguiu agarrar a oportunidade porque estava muito submerso em seus próprios dilemas. Talvez não estivesse pronto sequer para se relacionar afetivamente ou sexualmente enquanto não cuidasse daquilo.

Por isso pediu ajuda para Antonella. Talvez as estrelas dissessem alguma coisa. Precisava vencer algo que incomodava, destroçava sua alma em um bilhão de pedaços. O orgasmo era ótimo, arrebatador, mas, depois o vazio o invadia. Sentia-se sujo, culpado, nojento. Se aproveitando. Às vezes chorava, com raiva, por sua fraqueza tão grotesca e se perguntava quantos orgasmos foram fingidos apenas para agradar seu ego.

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