Recovery

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Então você pode me seguir
Até que eles me capturem e me matem
É minha recuperação
E vamos esquecer dos problemas
Não há empecilho
Não, amor, não há barreira
Não, amor, não há contratempo que me pare
Então você pode me seguir
Até eles me capturarem, me capturarem e me matarem, sim


O despertador agudo indicou que era hora de Antonella acordar. Não foi o melhor sono de sua vida nem nada de fato reparador. Seu cabelo ainda estava úmido e indicava exatamente a crise que tinha passado. A única coisa que agradecia de fato era a presença inusitada de Ethan, que, demonstrou ser uma pessoa atenciosa que sabia exatamente o que precisava dizer. Tentou dormir o quanto antes para que ele fosse embora.

E de fato, não estava mais lá.

Desligou o celular. Ainda tinha 2 horas e alguns minutos até o dia começar de verdade.

Rolou para fora da enorme cama e rastejou até o banheiro, fazendo sua higiene matinal básica e tomou um banho quente, relaxante. Lavou os cabelos com um produto adequado para manter a tonalidade azul dos fios.

Deixou a máscara agir enquanto esfoliava pele para em seguida limpar seu corpo com uma esponja macia com sabonete líquido com um cheiro neutro enquanto pensava que precisava dar uma explicação sobre o ocorrido. Pôde perceber que deixou Ethan preocupado, mas, não sabia como abordar o que havia acontecido.

Não devia absolutamente nada a ele ou a alguém. Só queria não ser vista em um estado tão vulnerável.

Terminou o banho logo que deu tempo da máscara agir, deixando um cheiro característico de tutti frutti que a cor sugeria. Enrolou-se na toalha e limpou o vapor com o pulso. Precisava secar o cabelo, vestir-se e praticar um pouco de yoga antes de tomar café da manhã.

Deixou tocando uma playlist de mantras indianos para acalmar a frequência e começar o dia com calma. Escovou os fios despretenciosamente apenas para modelar enquanto deixava-os secos. Agradeceu por não ter muito cabelo naquele momento porque caso contrário demoraria todo tempo livre.

Finalizou com uma camada fina de leave in e secou o corpo para vestir algo mais leve.

Cronometrou meia hora para a prática de yoga logo após acender um incenso de massala preso de forma improvisada em um prendedor de cabelo e grampo. Começou na posição da lótus enquanto esvaziava sua mente como fazia desde sempre.

Aprendeu sobre meditação e yoga enquanto trabalhava como escritora fantasma para um guru de internet que ajudava pessoas ansiosas, traumatizadas e com problemas neurológicos ou psicológicos a sentirem-se bem. Então, desde que começou a praticar com vídeos de internet percebeu uma melhora. Acabava inclusive ajudando em relação a pole dance, que, precisava de confiança nos músculos do corpo.

Bem, a postura do vagalume era o suficiente para forçar seu braço assim como o pavão real. Conseguia esvaziar sua mente por alguns momentos e sentir-se presente em cada músculo do seu corpo.

Gostava da sensação de tranquilidade. Já havia pensado em ser instrutora já que conseguia um controle muito bom que algumas pessoas com anos não tinham. Mas era algo muito particular, dela. Era seu momento de sentir cada molécula de seu ser e respirar tão calmamente que não conseguia sentir o ar deixando seus pulmões.

Aquilo eram, basicamente, seus momentos raros e escassos de paz que não permitiria tirar de si.


Assim que o som da tigela tibetana anunciou que havia acabado o tempo abandonou a postura da árvore e checou seus horários em seu planner logo após checar o horário. Era precisamente 7:53 da manhã.

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