ఌ︎ 11 - Motivos para ir embora

151 11 2
                                    

– Acabou com a criancice? – Cruzei os braços, olhando duro para um Cole que andava de um lado para o outro no quarto, em uma tentativa persistente de furar o chão.

– Não vai precisar aguentar minha criancice por muito mais tempo. – Torceu o nariz.

– Cole! – exclamei zangada. – Você vai mesmo me responsabilizar por isso? Foi você! – Enfiei um indicador raivoso em seu peito. – Foi você mesmo quem disse que não havia solução para nosso caso! Foi você mesmo quem quis me preparar para o pior! Ou já esqueceu?

– Não! Não esqueci! – berrou alto, e imaginei que, se subisse o tom um pouco mais, Luckas e Zahner poderiam ouvi-lo sem dificuldade. – Não me esqueci de nada! – Sentou-se na beira da cama com um peso desesperado, em um movimento que significava desistência ou frustração. Provavelmente, as duas coisas. Coloquei a mão sobre o peito, sentindo meus pulmões queimarem.

Era ruim o suficiente saber que eu ia ter que ficar sozinha naquela situação terrível. Principalmente depois de descobrir tanto conforto nos braços de Sprouse.

Meu último raio de esperança havia sido definitivamente apagado, e eu não podia sequer sofrer por isso: tinha que acalmar a infantilidade de Cole.

– Qual é o seu problema? – gritei de volta, exalando irritação por todos os poros. – Por que quer fazer com que eu me sinta mal por isso?

– Não quero nada,Lili. Não quero nada, está bem? Só achei que você quisesse que ficássemos juntos, mas se para você tudo bem…

– Se para mim tudo bem? Tudo bem? Sprouse, faz um bom tempo que não faço a MENOR ideia do que tudo bem significa. O cara aparece aqui e é a única pessoa em quem a gente pode arriscar confiar. E você quer que eu diga o quê? Não, obrigada? É nossa única chance de sobreviver! Pare de ser tão… Tão…Infantil! Não é uma brincadeira, Sprouse! Não é uma piada ou uma briguinha de casal! São NOSSAS VIDAS, seu moleque!

– Está me chamando de moleque? – Levantou o olhar desdenhoso para mim.

– Sim! Porque você está se comportando como um. Volto a tratá-lo como um adulto quando agir de acordo.

– O que você quer que eu diga? – Sacudiu os braços antes de enfiar o rosto nas mãos.

– Quero que você pare de agir como se isso fosse minha escolha. Como se fosse eu quem tivesse decidido que as coisas iam ser assim.

– Eu não disse isso!

– Disse! – gritei, indignada. – Acabou de dizer! Há dois minutos estava dizendo que era assim que eu queria!

– Disse que você não fez sequer questão de brigar para ficarmos juntos! – Se antes eu desconfiava de que Luckas e Zahner poderiam nos ouvir, agora eu tinha certeza.

– Por que isso é tão importante para você? – Esfreguei a testa nas mãos. – Não é você que vive dizendo que é independente?

– E eu sou! – ralhou, de volta.

– Que não quer corações, só sexo? – Ignorei sua manifestação.

– Não é tão simples assim!

– Por que ficarmos juntos virou uma coisa tão importante para você e tão rápido? – berrei, descarregando minha própria ansiedade.

– Porque estou com medo! – Algo em seu grito pareceu ter estourado a represa onde ele mantinha protegido o núcleo de todas as suas emoções.Lágrimas se formaram em seus olhos, e o percebi acuado: o homem que estava acostumado a cuidar de si mesmo e a lidar com todas as situações estava diante de algo que ele não poderia resolver. Diante de uma situação com que ele não poderia lidar. – Estou com medo, está bem? – Seus ombros caíram. – Aí está! Eu admito: EU ESTOU MORRENDO DE MEDO. – anunciou. Apertei meus lábios trêmulos,sentando na beira da cama, ao seu lado. Encarando o mesmo ponto irrelevante no chão que ele encarava. Perdida nos mesmos pensamentos, sofrendo dos mesmos receios. Expirei longamente, estiquei o braço procurando sua mão e entrelaçando nossos dedos. Dividindo com ele, em seu momento de angústia, o pouco de coragem que me restava.– Estou com medo de que isso dê errado – sussurrou. – Estou com medo de acharem a gente. Estou com medo do que vão fazer se nos encontrarem. Estou com medo de encarar Kulik em um tribunal. – Listando seus temores. Isso era algo com que eu conseguia lidar. Deixei que ele continuasse sua confissão apressada. Escutei em silêncio sua voz se tornando um sussurro cada vez mais grave e pesado. – Estou com medo de Zahner não ser confiável. Estou com medo do que vai acontecer com Lucky se descobrirem que ele nos ajudou. Estou com medo do que vai acontecer com Tim e os outros. Estou com medo de que te machuquem, Lili. – Virou-se para mim, e vi suas lágrimas mudarem o tom.Mais amargas agora. Mais densas. Mais escuras. – Estou com medo de morrer…– Passei meu polegar em sua bochecha, limpando o rastro úmido em seu rosto. –E acho que… Acho que mais que tudo… Estou com medo de ficar sozinho.

ꨄ︎ 𝐒𝐄𝐌 𝐕𝐄𝐑𝐆𝐎𝐍𝐇𝐀 ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗ Onde histórias criam vida. Descubra agora