ఌ︎ - epílogo

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Abri a porta e deixei Lucy me abraçar. Skye a seguiu e me abraçou também.

– Desculpe – pediu.

– Lucy… Não precisa pedir desculpas.

– Preciso sim… Foi errado te culpar daquele jeito. A culpa foi dos filhos da puta que puxaram o gatilho.

Quatro meses tinham se passado desde que Spider havia morrido, e eu podia apenas imaginar o quanto Lucy estaria sofrendo. A ideia de perder Mads tinha sido uma coisa bem próxima de mim, um dia, e eu não desejaria essa sensação a ninguém.

– Lil, estamos indo! – Mads saiu do quarto, puxando Monique, com uma cara de sofrimento.

Monique era uma pessoa desagradável na maior parte do tempo, mas quando acabava de terminar um namoro ficava ainda pior… Tinha uma necessidade insana de se achar gostosa, o que só acontecia quando diminuía todos ao seu redor. Então ficávamos, eu e Mads, tentando lembrar por que ela era nossa“amiga”.

– Ah, olá – Mads cumprimentou.– Lucy, Skye, esta é Mads. Mads, Lucy e Skye. E Monique – acrescentei,casualmente.

– São as amigas de Lili, da história que ela inventou? – Monique quis saber.

– História que ela…?

Monique estava se referindo à minha “crise de pânico, loucura temporária” e à minha fuga com Devon para as ilhas gregas, em férias não autorizadas. Ou pelo menos essa era a história que Zahner me tinha feito decorar. Não havia salvado meu emprego… Mas salvara minha vida. E depois de tudo o que aconteceu com Spider… Devon foi surpreendentemente cooperativo.

– É… Essa história maluca de que ela estava se escondendo em um iate com algum gostoso que lhe tirou a virgindade. Só alguma viciada em romances de banca de revista vai acreditar nessa história. Principalmente conhecendo a nossa Lili.

– Cala a boca, Monique – Mads mandou. – Estamos indo. Lucy e Skye, foi um prazer. Lili, a gente se vê mais tarde!

– É mais provável que ela tenha se escondido na antiga casa do avô, comendo bombons por duas semanas. Sinceramente… – resmungou, rindo.

– Você não contou para elas? – Skye perguntou. Notei que ela fingiu querer ser discreta, mas sua intenção era que todas lhe ouvissem.

A curiosidade de Monique a fez estancar.

Lucy estava rindo, e eu soube que as duas iam fazer alguma brincadeira perversa.

– Ela ficou com o gato do iate depois – Skye piscou para Monique.

– Pois é. – Lucy tinha um sorriso sensual e proibido. – Perdeu a virgindade com a gente. – Tocou Skye de um jeito íntimo, e o queixo de Monique foi para o centro da Terra.

Mads puxou nossa amiga entre um sorriso de admiração e uma pressa forçada,e fiquei a sós com as meninas.

– Vocês são horríveis – ri.

– A rapariga estava pedindo – Skye se defendeu.

– Implorando – acrescentou Lucy, sentando-se no sofá. – Você teve notícias dele?

A mínima menção a Cole ainda me trazia arrepios.

– Não. – Tentei sorrir, mas o sorriso não veio. – Acho que não vou ter.

– É melhor assim – Lucy me incentivou. – Pelo menos sabemos que ele está a salvo.

– E vocês? – Mudei de assunto. – Como estão?

– Eu voltei para o enterro de Spider – Skye pronunciava o nome dela como se fosse sagrado, e percebi que havia carinho mesmo naquela inimizade épica. –Fiquei por lá mais um tempo. Mas o Luckas, ele… Ele ficou mal.

Engoli em seco.

– Ei! – Lucy me chamou. – Não é culpa sua. Fui uma vadia com você quando o Luckas me contou o que aconteceu, mas… Não era culpa sua. Nunca foi. Fui uma idiota.

– Foi culpa minha… Em parte…

– Vamos parar com isso! – Skye bateu palmas e mudou de assunto mais uma vez. Elas estavam me contando novidades sobre a boate e quais eram seus planos para o futuro. Aparentemente, um assassinato não melhorou a reputação do local, e agora Luckas ia mesmo ter que vender tudo para o Allender. Mas ele estava resistindo…

As meninas começaram a me contar todos os seus inventivos planos de resgatar o point sexual do Lucky’s. Eu ri e suspirei.

Elas beberam muito vinho, me abraçaram, beijaram meu rosto e me fizeram prometer ir visitá-las. Depois se foram em uma despedida animada. Deixando para trás um buraco em meu coração.

Fechei a porta e encarei o céu através da minha janela.

Controlando minha crise de ansiedade. Resistindo ao impulso de listar tudo o que poderia dar errado.

Coloquei uma mão sobre meu peito e a outra sobre a barriga.

Respirando do jeito certo.
Eu não conseguia parar de pensar nele.

Talvez fosse assim pelo resto da minha vida. Ou talvez eu superasse…Seja como for, Lucy estava certa: pelo menos eu sabia que ele estava bem.

Estava a salvo.

E talvez um dia eu mandasse uma mensagem para algum endereço de e-mail obsceno e recebesse uma resposta. Ou talvez entrasse em um clube de striptease e fosse recebida pelo mais novo membro da equipe. Ou talvez eu estivesse em alguma situação constrangedora e impossível, e uma mão familiar me seguraria pelos ombros e me puxaria para um abraço que faria tudo ficar bem.

Independente de como fosse, eu tinha em mim uma certeza incompreensível de que o veria de novo.

Mas, até lá, seria suficiente saber que ele estava bem.

Até lá, seria suficiente ter meus momentos íntimos, sozinha, sempre pensando nele.

Lembrei-me de seu toque. De sua saliva. De seu calor.

Você é a única mulher com quem já estive que consegue me fazer embolar de rir sem deixar de ficar duro de tesão.

Toquei o sorriso nos meus lábios com as pontas dos dedos, fechando os olhos,lembrando como era a sensação de ter seus lábios ali.

Tinha sido tão rápido e ao mesmo tempo tão intenso.

Ficar com você é bom e… Gostoso. Em mais de um sentido.

Nunca ninguém me fez me sentir como Cole fazia.
E eu duvidava de que algum dia isso mudasse.
Ele tinha carinho e safadeza nas medidas certas.

Carinho e safadeza.

Sorri sozinha, me lembrando da sua voz e do seu pedido. Uma promessa.

Fui até a geladeira e peguei um pote antes de me sentar perto da janela, me lembrando do homem mais gentil que eu já conhecera e das situações inusitadas que tinha vivido por sua causa. Abri o pote encarando os morangos que me esperavam. Peguei um deles com um sorriso. Podia ouvir sua voz…

Você é muito gostosa.

Comi meus morangos encarando o céu, pensando em onde ele poderia estar…Se estaria respirando do jeito certo ou tendo uma crise anafilática de saudades de mim.

Comi meus morangos lembrando que tinha prometido fazer duas coisas em sua memória.

Uma delas estava feita.

Levantei e guardei o pote de volta na geladeira, me preparando para fazer a outra.

continua...

ꨄ︎ 𝐒𝐄𝐌 𝐕𝐄𝐑𝐆𝐎𝐍𝐇𝐀 ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗ Onde histórias criam vida. Descubra agora