Tudo precisava ser feito em uma velocidade sobre-humana. Os capangas de Kulik haviam levado o moleque, e eu precisaria segui-lo.
Esperei poucos segundos depois que eles se foram, antes de correr para a escada. Alguém acendeu a luz do salão e gritou. Um grito alto e agudo que atravessou minha pele, rachando minha confiança.
Eu odiava ouvir mulheres gritarem de desespero. Ativava uma parte superprotetora em mim à qual eu não tinha tempo para ceder: não era hora de confortar ninguém, era hora de seguir lutando.
Abaixei-me, evitando pisar na poça de sangue e coloquei meus dedos sobre a jugular da mulher negra caída ao chão.
Nada.
– Não! Ai, meu Deus! Spider! – A mulher loira que tinha gritado se ajoelhou no meio do sangue e segurou a amiga nos braços. Um barulho súbito acima de nós me fez levantar a arma para uma senhorita Reinhart de olhos arregalados e um semblante do mais absoluto pânico.
– Vou chamar uma ambulância.
Ela correu por nós após ter lançado um olhar temeroso para a loira no chão, mas a segurei pelo cotovelo.
– Um computador? Com internet? – pedi. – Ou um celular, de preferência.
Ela balançou o braço, se livrando do meu toque com violência.
– Vou chamar ajuda primeiro! – rosnou, com os dentes semicerrados.
– Eles levaram seu namorado! – Segurei-a de novo, e dessa vez, colaborou sem resistir. – Preciso de internet para rastrear meu celular.
– Seu celular? Quem era? – Sua voz falhava e seus olhos se abriam cada vez mais. – Para onde levaram o Cole?
– Posso responder suas perguntas ou posso ir atrás dele. O que prefere que eu faça?
Mordeu o lábio e acenou com um gesto.
Ela parecia em choque. Mas estava funcional.
Eu admirava pessoas assim.
Pessoas que não desligam o cérebro quando a merda se alastra.Ela correu para algum lugar, e a segui. Revirou uma bolsa ou duas no camarim apertado do clube e me entregou um celular.
– Não é meu. Você vai precisar devolver – explicou.
Era cômico como isso acontecia com pessoas comuns, que não eram acostumadas com problemas de vida ou morte. O inferno estava caindo sobre suas cabeças e elas encontravam em si forças para prestar atenção nos mais mínimos e irrelevantes detalhes.
Como a dona de casa que perdeu toda sua moradia em um terremoto e só conseguia pensar em como as roupas recém-lavadas e penduradas no quintal haviam ficado imundas.
Vou ter que lavar tudo de novo. Ela tinha dito.
Parecia ser o modo como as pessoas conseguiam encontrar racionalidade em um ponto além de qualquer razão: atendo-se a detalhes insignificantes.
– Eu trago de volta – avisei, dando ao aparelho os comandos necessários para encontrar o meu celular.
– Com o Cole! – Ela gritou. Nem sequer olhei para trás. Comecei a ligar para amigos da polícia holandesa. Com corrupção ou não, agora eu precisaria de ajuda.
Lili estava correndo para o telefone da boate na sala de Luckas.
Seu plano devia ser ligar para uma ambulância, pedir socorro, chamar por ajuda…
Ela poderia fazer o que quisesse, não importaria: um dos tiros havia atingido a cabeça de sua amiga. Morreu antes mesmo de cair no chão.
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ꨄ︎ 𝐒𝐄𝐌 𝐕𝐄𝐑𝐆𝐎𝐍𝐇𝐀 ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗ
Fanfic+ 18 | Sem Vergonha, que traz Lili Reinhart e Cole Sprouse em uma intensa e perigosa fuga pela Europa. Lili é uma jovem bem-sucedida profissional e academicamente. No entanto, nem todos os setores de sua vida possuem tanto êxito, pois sua virgindade...