A esgrima do aposentado

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*15 DIAS DEPOIS*

-E assim, a loja está abrindo pela 30° vez. - Falei para mim mesmo enquanto mudava a placa de fechado para aberto e me dirigia para o balcão.

Hoje completava 1 mês que eu havia me mudado para o Vilarejo do Rio de Madeira, a vida aqui é boa e pacífica apesar dos recursos limitados. Os cidadãos já estavam acostumado com minha presença e depois que a notícia sobre minhas poções se espalhou todos do vilarejo começaram a me respeitar e pararam de desconfiar de mim. A notícia inclusive se espalhou em toda região e começaram a surgir pessoas de vilarejos próximos e até mesmo viajantes solicitando poções (as vezes elas nem estavam realmente feridas mas tinham a curiosidade de experimentar devido ao sabor). Apesar disso minha prioridade continuava sendo as pessoas do vilarejo então mesmo não sendo muito bom para os negócios o meu horário continuava sendo de madrugada e manhã.

-Boa noite Gabriel - Disse uma voz feminina enquanto abria a porta da loja.

-Boa noite Lara- Respondi já reconhecendo a voz. 

-Como vão os negócios? - Perguntou ela adentrando na loja e encostando no balcão.

-Depois que dois aventureiros começaram a espalhar na região sobre minhas poções, confesso que vão de vento em polpa. Eu preciso até deixar algumas poções já prontas devido a clientes noturnos e viajantes. 

-Que bom saber disso! Agora você tem dinheiro o suficiente para me pagar uma bebida na taberna certo?

-Haha- Ri em voz alta. 

-Por que a risada? Não é normal um cavaleiro pagar uma bebida para a dama que ele cobiça? - Perguntou ela aproximando seu rosto ao meu. 

-Sim, porém eu sou um alquimista e não um cavaleiro. Além do que, a senhora está muito convencida - Eu disse rindo afastando o meu rosto do dela.

-Como você é chato - Disse ela se afastando do balcão.

-Enfim, a que devo a visita? - Perguntei

-Hoje uma amiga minha vem da capital te visitar. Ela ficou encantada quando escrevi uma carta dizendo que no meu vilarejo tinha chego um alquimista que faz poções doces. Eu vim esperar ela com você.

Eu engoli seco.

-Você tem amigos na capital?

-Muitos. Por que pergunta? Nem começamos um relacionamento e você já está com ciúmes? - Questionou ela em um tom provocativo

-Não é ciúmes, é medo.

-Medo do que?

-Do tipo de amizades que uma caipira como você possa ter. 

Ela me olhou com uma cara emburrada.

-Caipira é o seu rabo. Saiba que apesar de ter nascido nesse vilarejo eu já andei por todo o país.

Eu ri alto

-Ta rindo do que o palhaço? Se continuar assim vai ter que usar as poções de cura em si mesmo em breve - Disse ela em um tom ameaçador.

-Desculpa - Falei ainda rindo - Mas é que sua reação foi a melhor de todas.

-Enfim, vai me servir um café enquanto esperamos minha amiga?

-Claro, vamos até a cozinha.

Lara entrou antes de mim na minha cozinha e já se sentou na cadeira. Depois que João espalhou que eu tinha ajudado a curar seu filho, Lara e Marcos vieram se desculpar em conjunto comigo. Depois disso Marcos nunca mais me seguiu na floresta (para falar a verdade, eu nunca mais havia cruzado com ele) e Lara passou a me visitar frequentemente durante a madrugada para jogar conversa fora e beber café. 

Um mago aposentado.Onde histórias criam vida. Descubra agora