A prisão do Aposentado

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Ana e Miguel adentraram o Palácio atravessando aquele corredor de soldados e eu os segui logo atrás. Apesar de parecer calmo eu estava em completo pânico por trás da máscara afinal a situação estava completamente diferente do que eu havia pensado: antes eu poderia falar o que eu pensava para o rei sem problemas pois apenas Ana, Miguel e  alguns soldados não seriam capazes de me prender vivo porém, com quase todos os soldados que protegem as muralhas como reforço, a situação já mudava um pouco de figura.

Enquanto nos aproximávamos do palanque onde o rei se encontrava, juntamente com toda a família real, (que consistia na rainha e a filha do casal) pude observar que no final do corredor de soldados estavam presentes de forma alinhada todas as demais Santas: Julia, Natália, Maria e Mariana com seus respectivos equipamentos de batalha. Todas estavam após o término do corredor e de costas para o mesmo olhando fixamente para vossa majestade.

Ao se aproximar do palanque, Ana e Miguel se alinharam ao lado das demais Santas e todos se ajoelharam simultaneamente. Eu que estava atrás dessa linha continuei de pé encarando o rei:

-Todos devem se ajoelhar diante do rei! - Gritou um nobre no segundo andar

-Comece o julgamento logo! - Gritou outro

Julgamento? Do que ele está falando?

-Todos de pé- Disse o rei enquanto se levantava do trono e se aproximava de nós, porém sem sair do palanque.

Todas as Santas e o Miguel se levantaram com a ordem do rei enquanto eu continuei o encarando sem desviar o olhar.

-Como todos sabem, estamos diante de uma situação muito peculiar -Começou o rei a discursar para todos os presentes - Miguel, por meritocracia e apenas isso, iria ser nomeado como o novo Mago do grupo da elite do exército conhecido como as Santas porém, algo aconteceu: o popular porém, criminoso de guerra, Mago da Sabedoria entrou em contato comigo solicitando para voltar ao grupo da elite. 

Acho que já tenho ideia de onde esse discurso vai chegar.

-Um criminoso que abandona seu país não merece novas chances! -Gritou um nobre 

De repente começou um murmúrio de entre os nobres após esse comentário.

-Silêncio! -Gritou o rei - Sabemos que a pena por deserdar é a pena máxima: a morte. Eu reuni vocês nobres para discutirmos se deveríamos dar uma nova chance para o criminoso porém, herói popular, mago da sabedoria ou se deveríamos executá-lo.

O murmúrio entre os nobres começou novamente até que um deles gritou:

-Vamos executá-lo agora, pegar sua máscara e por no rosto de Miguel: assim evitaríamos revoltas populares e faríamos a justiça! 

Um silêncio reinou após a declaração do nobre e o rei disse em um tom provocante:

-Ótima ideia, o que acha dela grande mago da sabedoria? 

-Perfeita, porém antes de ir para o inferno faço questão de levar aquele que sugeriu a ideia e quem sabe algum sujeito que tenha uma filha que aprovou a ideia. -Respondi encarando o nobre

-Ga... Mago! -Gritou Ana claramente inconformada e desesperada com minha resposta.

-Palavras ásperas para quem está prestes a morrer -Respondeu o rei me olhando.

-Eu discordo dessa ideia, acho que Miguel deveria mostrar seu rosto para receber toda a Glória merecida! -Disse outro nobre que estava a direita.

Olhei para o Nobre e entendi o porque de sua sugestão: o nobre que se pronunciava era ninguém menos do que o pai de Miguel. 

Um mago aposentado.Onde histórias criam vida. Descubra agora