Conforme eu ia andando pelo castelo conseguia escutar muitas vozes e diversos comentários proveniente dos soldados, alguns especulando sobre o resultado da luta enquanto outros apenas falando que eu deveria ser executado/ perdoado, de fato as opiniões pareciam estar bem divididas. Quando finalmente saímos do castelo eu pude perceber o verdadeiro clima do confronto: ouvia inúmeros gritos de pessoas falando que eu ia morrer e juro que ouvi até uma espécie de torcida gritando de forma sincronizada o nome de Miguel enquanto tocava uma espécie de tambor gigante. Parecia que eu estava em um coliseu contra o oponente da casa (e se parar para pensar, minha lógica não está totalmente equivocada).
Após andarmos um pouco, finalmente paramos e ouvi Julia falar no meu ouvido perante toda aquela multidão berrando:
-Vou tirar o saco, cuidado com os olhos para não ficar cego por conta da Luz.
-Obrigado pelo aviso, vou olhar pro chão.
Fechei os olhos e olhei para o chão enquanto Julia retirava o saco. Assim que ela retirou o saco totalmente abri devagar meus olhos e senti uma dor (porém muito leve) nos olhos por conta da Luz. Após meus olhos se adaptarem olhei ao meu redor: eu estava de pé no meio do pátio do colégio de magos.
-Esse lugar me trás até uma certa nostalgia. -Falei para Julia que estava parada ao meu lado.
-Foi aqui que tudo começou né?- Perguntou ela
-Sim, porém não será aqui que tudo acabará.
-Disso eu tenho certeza. -Respondeu ela sorrindo para mim.
-Deixa eu te perguntar: porque a população está contra mim?- Questionei pensando em todos os gritos que eu ouvi até chegar no colégio.
-Não estão. O que você ouviu foi uma baderneira causada exclusivamente pelos nobres. Apenas alguns plebeus estão sabendo da luta porém, estão proibidos de adentrarem a segunda muralha. Imagino que quando tudo isso acabar toda a população já vai saber do confronto.
Quando Julia disse que eram apenas os nobres tocando instrumentos, percebi que a música havia cessado.
-E cadê a nobreza que estava fazendo barulho?
-Olhe nos prédios ao seu redor.
No entorno do pátio, encontravam-se três imponentes edifícios: dois posicionados nas extremidades e um no centro. Os edifícios das extremidades eram exclusivos para o uso dos alunos do primeiro e segundo ano, enquanto o prédio central era reservado aos estudantes do terceiro ano. Cada um dos edifícios possuía dois andares, abrigando diversas salas de aula. O corredor do segundo andar era aberto, permitindo que os alunos sempre tivessem uma visão privilegiada do pátio.
Quando olhei a minha volta percebi que os prédios laterais estavam cheios de nobres enquanto o prédio central estava "apenas" a família real e as demais Santas.
-E por quê pararam a cantoria?
-Imagino que por uma questão de respeito a família real e ao colégio. -Respondeu Julia
-E cadê a figura?
-Já vai chegar. Deve estar esperando todos os nobres entrarem nos prédios para acompanhar a luta da vida dele.
-Bom, não vou esperar de pé. -Disse para Julia
Após dizer isso coloquei meu cajado e minha espada no chão e sentei enquanto olhava para o prédio central onde a família real se encontrava.
-Ainda com esse sentimento? -Questionou Julia
-Nunca superei. -Respondi
-Antes era difícil, agora eu diria que é quase impossível.
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Um mago aposentado.
FantasíaGabriel é um jovem alquimista que vive em um pacato vilarejo do Império. Com uma história trágica, ele busca reiniciar sua vida de forma tranquila, longe da guerra ou de qualquer conflito. Para realizar seu sonho, Gabriel abre uma pequena loja de po...