A última noite do aposentado

10 1 1
                                    

Após minha conversa com os guardas eu me sentei no canto da cela e fiquei esperando Fernando voltar com um banjo. Após uns trinta minutos Fernando apareceu com o Banjo na masmorra:

-Onde você estava Fernando? Estava começando a ficar preocupado com você -Falei o recebendo

-Desculpe a demora Mago, é que me ocorreu um imprevisto.

-Algo com que devemos nos preocupar? -Perguntou um dos guardas que havia ficado comigo.

-Bem... Eu acho que não. -Respondeu ele hesitante.

-E para mim será um problema? -Questionei. 

-Para você eu tenho certeza que não. -Respondeu Fernando de forma firme enquanto se aproximava da cela com o banjo.

Assim que ele se aproximou eu abri a porta da cela e peguei o banjo em minhas mãos. Era um banjo comum da cor branca, muito similar ao que eu tocava na minha terra natal. Assim que peguei o banjo fechei a porta da cela imediatamente (para os guardas ficarem mais confortáveis) e comecei a tocar nas cortas isoladamente com a intenção de afiná-las.

No meio da afinação um dos guardas que eu ainda não sabia o nome me questionou:

-Senhor mago, o senhor sabe realmente tocar banjo?

-Por quê perguntas?

-Bem.... -Disse ele hesitante - É que banjo é um instrumento considerado da massa social e não de nobres, levando em consideração o status social do senhor eu imaginava que você tocasse violino, piano o algo mais requintado. 

-Vocês tem a mesma opinião? -Perguntei para os demais guardas

-Mago sem ofensa mas sim, é difícil imaginar uma pessoa como você tocando um instrumento desse tipo. Principalmente porque a espadachim divina toca violino e a sacerdote da salvação toca flauta. Não é de se esperar que um dos principais membros do grupo toque algo como banjo.

-Bom senhores -Comecei a falar- Eu não venho de uma família de nobres nem nada do gênero, particularmente nunca nem gostei de política. A verdade é que antes de me tornar um mago ou espadachim eu tocava Banjo em uma taberna para ganhar a vida. 

Um silêncio pairou no ar após eu dizer isso. Não acredito que eles botaram fé em minhas palavras mas eu estava prestes a provar que estava falando a verdade afinal, o banjo estava afinado:

-Bom senhores, aqui vai uma música autoral que eu cantava para inspirar os viajantes que passavam na Taberna:

Comecei a tocar as cordas lentamente e fui aumentando o ritmo devagar (mas não muito rápido afinal, a música em si era um pouco lenta). Fazia tempo que eu não tocava Banjo mas essa era a minha principal música nos tempos de taberna então acho que o despreparo não ia ser um grande problema:

♫Pelos cinco cantos caminhei 

♫E muitas coisas eu vi 

♫Por muitas mulheres me apaixonei

♫Mas nunca com elas dormi

♫Por todos os perigos que passei

♫Os amigos que quase perdi

♫Por todo o respeito que conquistei

♫Pela cerveja que bebi....

♫Ergam seus copos por quem vai partir

♫Honrem os que não estão mais aqui

♫Se afaste em respeito a tudo que vivi

♫A desgraça está a me seguir♫

Um mago aposentado.Onde histórias criam vida. Descubra agora