Senhor fofinho parte 2

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Tinha acabado de sair da floricultura quando decidi dar uma volta de carro pelas ruas, foi aí que eu vi. Eu reconhecia aquele corpo, aquele cabelo e aquela porra de garrafa de shake. Era Nate, o corpo de Nate jogado na calçada, algo escorria da sua boca e não passava nenhuma pessoa por lá. Eu não sei o que eu senti, mas não foi uma sensação boa, por um lado eu senti alívio, vivia com medo dele voltar a fazer algo comigo. Não poderia ligar para a polícia, sou o ex namorado que já havia tentado denuncia-lo algumas vezes e nada funcionava, quem tem dinheiro tem tudo. Eu seria apenas um suspeito e não posso com isso agora. Acelero o carro indo para casa, me jogo no sofá com o coração acelerado. Nate está morto. NATE ESTÁ MORTO. Levanto com as mãos no cabelo andando em círculos pela casa sem saber o que fazer, quando ouço meu celular tocar o atendendo de prontidão.

-Alô? - falo com a voz baixa enquanto apenas ouvia uma respiração do outro lado.
-H-Harry? Sou eu, Alissa. - é a irmã de Nate, sinto minhas mãos suando e meu coração batendo disparado em meu peito, ela estava chorando e eu não sei lidar com pessoas chorando, logo sinto lágrimas caírem pelas minhas bochechas precisando me conter para que ela não saiba que eu o vi.
-Oi Alissa, como estão as coisas? - pergunto tentando ao máximo não falhar a voz ou gaguejar, ouço um soluço alto vindo do outro lado.
-O Nate, está morto. M-Me ligaram agora falando que encontraram seu corpo na calçada perto de onde ele corria sempre e o levaram para o hospital. Disseram ser parada cardíaca, Harry, parada cardíaca. - ela diz entre soluços e eu preciso controlar os meus também.
-Eu sinto muito Alissa, muito mesmo. - falo sincero com uma voz de conforto, ela é uma boa garota.
-Eu sei que ele nunca te fez bem, mas eu achei que você precisava saber. - limpo as lágrimas que insistiam em cair e respiro fundo.
-Obrigado por avisar, se precisar de qualquer coisa, não hesite em me ligar, você sabe onde eu moro. - ela agradece e desliga.

Sinto um bolo se formando em minha garganta e finalmente desabo a chorar. Eu estava com medo, assustado, preocupado com Alissa, ela tem apenas 19 anos, mas sei que os pais estão com ela agora. Estou sentado no sofá novamente, os dedos trêmulos ligando para Troy, não sei ao certo o motivo de estar fazendo isso, mas estou. Ele diz que posso ir na sua casa após eu contar o que houve, então saio de casa entrando no meu carro e indo para Troy, eu estou assustado, muito assustado.

Estou na frente de sua porta, não consigo parar de tremer, toco a campainha e logo Troy aparece com um sorriso reconfortante me abraçando apertado. Não contenho o choro, sei que ele estará aqui para me ouvir chorar agora, seguimos abraçados para o sofá e me deito em seu colo acalmando meu choro enquanto sentia seus dedos brincando com meu cabelo.

-É só tão...estranho, Troy. Uma parada cardíaca? Ele sempre esteve em forma, isso foi tão do nada. - me sento no sofá olhando para o chão enquanto secava as lágrimas que restavam, sinto sua mão em minha coxa enquanto vira meu rosto em sua direção.

-Eu sinto muito, meu amor. Mas eu li uma vez que exagerar em shakes antes de correr, poderia causar isso. - ele diz simples e eu o encaro com o cenho franzido. Eu nunca o contei que Nate corria.

-Como...- começo a falar me afastanto minimamente para que pudesse o olhar melhor. -Como você sabe que ele corria? - pergunto com medo de sua resposta, mas ele apenas sorri pequeno enquanto ainda acariciava minhas costas.

-Harry, me desculpe, mas só pelo o que você me falou, corrida faz completamente o tipo dele. - ele responde sincero e eu concordo com a cabeça, abaixando meu olhar novamente. Ele tem razão, era meio óbvio.

-Sim, ele era o típico padrão londrino. Sempre gostou de correr, mas só começou a fazer isso de fato, aqui. - falo voltando meu olhar ao seu. -Eu sei que eu deveria estar aliviado, ele nunca me fez bem, mas o choque foi muito grande, é estranho e confuso demais. Eu estou de fato aliviado, vivia com medo dele fazer algo comigo novamente, por isso tentei continuar nossa amizade. Sabe o velho ditado? "Mantenha os amigos por perto e os inimigos mais perto ainda"? Era exatamente isso. - finalizo suspirando pesadamente e sinto seu olhar em mim, me fazendo sorrir quando me rouba um selinho.

-Obrigado por estar aqui, Troy. - digo sincero e ele sorri me encarando enquanto acariciava meu rosto.

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