Styles

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⚠️TW: descrição de violência física, homofobia e morte, se não gostar, pule quando ver o ⚠️, e volte a ler quando ver o ⚠️ novamente.

Boa leitura.

Eu tinha apenas 16 anos quando tudo aconteceu. Estava no ensino médio junto com meu melhor amigo Rick. Rick era um garoto muito legal, inteligente e todos os trabalhos em dupla fazíamos juntos. Ele tinha os cabelos cacheados como os meus, foi assim que começamos nossa amizade, por conta dos nossos cabelos. Nos aproximamos muito rápido, almoçavamos juntos todos os dias e depois íamos ao parque dividir um café gelado e os fones de ouvido enquanto víamos cachorros correndo e pulando sem parar. Nós nunca ficávamos separados, até que Rick começou a duvidar da sua sexualidade. Com 16 anos eu já sabia perfeitamente que gostava apenas de homens, já Rick passou a vida inteira achando gostar de mulher. Foi em uma quinta feira a tarde quando ele começou a ficar estranho comigo, eu perguntava se estava tudo bem e ele dizia que sim, mas eu sabia que não, pois ele sequer me olhava para responder.

Então, um dia eu apareci sem avisar em sua casa para confronta-lo sobre a sua mudança de comportamento completamente do nada, entramos em seu quarto e ele segurou as minhas mãos, demorando completos 3 minutos para enfim dizer:

-Acho que estou me apaixonando por você, Harry!

E foi aí que tudo mudou. Ele me encarava esperando uma resposta, minha boca abria e fechava para responder, mas som algum se ouvia dela. Eu estava em choque. Eu via Rick apenas como um melhor amigo, nunca sequer cogitei em olha-lo de outra forma. Eu certamente não poderia corresponder com aquilo. Segurei com mais firmeza em suas mãos, respirei fundo e olhei em seus olhos para declarar.

-Rick, eu gosto de você, mas... - fechei os olhos por alguns segundos, logo tornando a abrir. -Eu não te vejo assim, não consigo corresponder isso, você é meu melhor amigo.

Rick solta minhas mãos frustrado me fazendo suspirar pesadamente, eu não queria me afastar dele, eu não podia faze-lo. Mas Rick achou melhor nos afastarmos até ele organizar seus pensamentos. Na escola ele fez um novo amigo, o James. Todos os trabalhos em dupla eu tinha que fazer com uma pessoa aleatória, pois Rick fazia com James. Passei a almoçar todos os dias sozinho e quando eu ia ao nosso parque, Rick já estava lá com James, dividindo o café gelado e os fones de ouvido, merda.

⚠️

Até que o fatídico dia, aconteceu. Estava a caminho do parque depois da aula, quando ouvi gritos e palavras ofensivas demais, me fazendo correr para ver o que estava acontecendo. Um garoto segurava Rick pelos braços com força o suficiente para imobiliza-lo enquanto o outro desferia socos em seu abdômen e rosto, garotos desconhecidos chamando Rick de "baitola" antes de desferir dois socos.

-Cadê o viadinho do seu namorado James para te defender agora?

Se ele queria ser covarde de fazer dois contra um, eu consigo ser mais covarde ainda, filha da puta. Jogo minha mochila quando me aproximo mais de onde eles estavam, chego por trás do garoto que batia em Rick e antes que seu amigo pudesse avisa-lo, o puxo pelo pescoço com as duas mãos e o jogo no chão, subindo em cima dele no mesmo instante para não dar chance de se levantar.

-Baitola é a porra do seu pai, seu covarde do caralho. - falo pausadamente desferindo socos em seu rosto, em cada intervalo de palavra. Ele tentava revidar, mas eu estava concentrado demais para me deixar ser atingido. O sangue corria quente em minhas veias, e eu não pretendia parar de socar aquele nariz que já havia quebrado, até arranca-lo de sua cara nojenta. O garoto batia em meu braço rapidamente para que eu parasse, mas eu não conseguia. Foi quando ele acertou um soco na minha boca me fazendo cambalear lentamente, que eu travei o maxilar segurando com as duas mãos em sua cabeça e a batendo uma única vez com força no chão. O garoto não reagiu, sangue escuro escorria por trás de sua cabeça. Me levantei cambaleando tonto olhando para seu corpo esticado no chão e foi só quando a adrenalina abaixou, que consegui ouvir que Rick gritava desesperado para que eu parasse. Meus olhos estavam arregalados em completo choque olhando para a cena em minha frente. Ele estava...

⚠️

-H-Harry o que você fez? - Rick estava sozinho, o amigo do garoto já havia corrido, provavelmente buscar ajuda, e meu olhar levanta até o seu quase como uma súplica.

-E-eu protegi você, Rick. - falo me aproximando mas ele se afasta assustado.

-Você m-matou ele, meu deus VOCÊ MATOU ELE.

Depois disso, tentaram me levar para uma prisão de menores de idade, eu ter dito que estava defendendo meu amigo de ataques homofóbicos não signicou nada. Mesmo minha intenção não sendo matar o garoto, aconteceu e isso tornou minha vida um inferno. Conheci sua mãe, ela chorava e me xingava de todos os nomes possíveis mas não me afetava. O garoto, que descobri se chamar Brian, era um moleque homofóbico de merda. Eu não queria ter o matado, mas aconteceu e agora temos um homofóbico a menos entre nós. Minha mãe teve que pagar muito para não me prenderem e não sujarem o nome da nossa família, ela não ficou chocada com a minha atitude, mas o meu pai e Gemma sim. Eles choravam de um jeito assustador e eu não entendi na época, mas passei a entender.

Minha mãe simplesmente acha que eu não consigo controlar a minha raiva, e que vou sair matando no soco todo mundo que me olhar torto na rua. Depois do incidente no parque ela começou a agir completamente diferente comigo, me tratava com desdém, não me chamava mais para almoçar em família e Gemma quem levava o prato de comida para mim no quarto. Meu pai simplesmente nunca mais falou comigo, eu tentava conversar com ele e entender o motivo, mas ele sequer me olhava, ele provavelmente sente que criou um monstro. Me tornei a má influência da família.

Foi quando completei meus 18 anos que conheci Nate, meu primeiro e único namorado. O começo do relacionamento foi simplesmente um conto de fadas, ele era o homem dos meus sonhos. Viviamos jantando fora, ele comprava minhas comidas preferidas, fazíamos piqueniques todas as sextas à noite. Quando completamos 6 meses de namoro, eu descobri a primeira traição, e aquilo doeu como o inferno. Ele deixou o celular desbloqueado em cima da mesa quando foi buscar uma garrafa de vinho para comemoramos e chegou uma mensagem de uma garota, que reconheci ser de sua academia. Quando questionado, ele mudou completamente, gritando que eu estava invadindo sua privacidade e me empurrou em cima da mesinha de vidro que havia ao lado da porta de entrada, causando um corte profundo no meu braço direito.

Tentei contar para a minha mãe o que aconteceu quando ela me levou para o hospital, e ela disse que era o karma por tudo o que eu havia feito com Brian e sua família. E eu aceitei. Nate passou a me machucar com frequência, quando eu ria alto demais recebia um beliscão em cima da minha recém cicatriz, parei de questiona-lo sobre as garotas pois ele chegava em casa fedendo a perfume feminino e jogava na minha cara que elas fodiam melhor que eu, que elas eram magras e gostosas, diferente de mim. As palavras machucavam, mas eu merecia aquilo.

Fiquei 2 anos com Nate e só terminamos quando ele assumiu um relacionamento com uma de suas amantes, me ligou por telefone e disse estar namorando e que eu devia pegar minhas coisas em sua casa. Depois disso, eu definitivamente não conseguia mais aceitar qualquer tipo de ameaça sobre mim. Agora sim minha mãe tinha com o que se preocupar.

Mas aí eu conheci Troy. Com sua calmaria e risada gostosa, seus olhos azuis infinitos e um abraço aconchegante, que me faz sentir em casa. Eu nunca vivi esse sentimento de aconchego, família, agora eu sei como é delicioso e não pretendo acabar com isso, nunca.

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Oiiiii! Foi um capítulo mais curtinho mesmo, mas foi só para vocês conhecerem um pouco mais sobre o passado do nosso querido Harry ❤️ beijossss


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