SE NÃO FOSSE A LUA

12》A BESTA

     Acordo, a visão ainda meio turva, meu corpo parece cansado, eu gastei muita energia nesses três dias de Rut.
    Me viro pro lado, sentindo o peso de alguém ao meu lado, me viro e Henry está deitado, ainda dormindo. Reparo em seu corpo nu, com o lençol fino cobrindo parte de sua coxa apenas. Eu fiz um estrago.
        Seu ombro e pescoço tem marcas roxas, alguns lugares com marca de mordida, minhas mordidas, feita no auge de minha insanidade. Seu ombro um pouco mais acima, rente ao pescoço, tem marcas de meus caninos, eu o machuquei feio, e tenho certeza que irá doer. Se ele fosse lobo, isso nos uniria, a marca da união de duas almas. Mas como foi feito em um humano, fora das condições de ligação, se torna apenas uma marca, que com certeza vai doer por uns dias. Me ajeito na cama, passando o braço pela sua cintura, não sei como ficaremos depois disso, lembro da noite, a três dias atrás, dele dizendo aquelas palavras que nos levaram até aqui, 'PASSA COMIGO'. Ele é louco, eu poderia ter matado ele, se não me controlasse algumas fezes. Meus sentimentos por ele são neutros, gosto de sua presença, e ele me encanta, não tenho dúvida que ele é o ser que eu via em meus sonhos, me atraindo sempre a capturá-lo, pra ser meu. Mas um homem? Nunca me perguntei sobre minha sexualidade, nos lobos também não temos tabus sobre isso, o ato de Rut, não nos impede de passar com alguém do mesmo sexo, e só que eu não parei pra pensar sobre isso, quando se tratava de mim. Eu gosto da sua companhia, e quero ele na minha vida, até porque eu o transformei em um guardião, sem seu consentimento, mas foi necessário, ele sabe oque sou, e é importante que ele mantenha em segredo, eu preciso me manter vivo e seguro.

     Sinto um movimento, e volto minha atenção pra ele, seus olhos piscando devido a luz que entra pela janela. Ele esfrega seus olhos e boceja. Quando mexe seu corpo é nítido a expressão de dor que seu rosto faz.

_ bom dia, ou é boa tarde? Não sei. Hm... desculpas pela mordida e as marcas. _ digo vendo ele já desperto me olhando, um pouco envergonhado, mas se mantendo no lugar.

_ tudo bem, só não sabia que ia me sentir quebrado e dilacerado. Confesso não sei como estou vivo, você foi... um pouco bruto._ ele diz, ficando mais vermelho. Solto um sorriso e viro meu olhar pro teto.

_ obrigado, por ter me ajudado com isso. Mas, você não devia ter feito isso, eu poderia ter te matado.

_ mas, mas eu... quis. Eu queria isso._ ele diz tentando se sentar, mas voltando a se deitar. Pela expressão de dor, ele não vai conseguir se sentar e andar facilmente, dou um sorriso com isso.

_ mas me diz, porque você voltou pra casa aquele dia, pensei que iria curtir o festival?_ pergunto ainda sorrindo, vendo seus olhos opaco distante, como se lembrasse de tudo oque aconteceu.

_ não sei, eu fiquei com medo, eu estava no festival, com Drew_ ele parece se lembrar de algo, e fica vermelho novamente_ mas então, ouve um rosnado, e muitos tiros, pessoas começaram a correr, gritando ser a besta. Eu só... fiquei com medo de que você estivesse lá e pudesse se machucar.

   Ele fala, me fazendo lembrar do que ocorreu aquela noite antes de meus intintos sexuais possuir minha cabeça.
_ mas eu estava lá, naquela noite, não como lobo, quer dizer, não o tempo todo.

Ele me olha confuso, então conto pra ele oque ocorreu:

' Eu estava indo pro monte, fazer minha celebração de outono, como todo ano. Mas algo me dizia pra ir ao festival, pra ir ver Henry. Então mudei minha rota e cruzando fazenda e pastos Gigantes, me pondo ao perigo em área aberta, mas como todos estavam no festival, não seria visto. Quando cheguei na cidade, andei por entre as árvores, pela floresta que contorna a cidade. Eu volto a forma humana, usando apenas a mão pra cobrir minhas partes íntimas. E vejo ele, ele estava sentado diante da fogueira, com Drew ao seu lado. A apresentação das pessoas, que vestia as roupas em homenagem aos Deuses antigos me surpreendia. Foi então que em questão de segundo um grande caos surgiu. Mas a frente, em outro ponto do bosque onde eu me escondia, um rosnado alto e grutural surgiu. Olho pra onde Henry estava, e ele beijava Drew, em seguida o pandemônio se instaurou, pessoas gritavam, guardas e fazendeiros pegavam armas e corriam em sentido ao rosnado, mandando a população se proteger onde pudessem. Volto a correr pra fugir dali. Mas vejo Henry, entrando no carro de Drew e saindo, indo em direção a estrada que leva a sua casa. Me transformo e lobo e corro, o mais rápido que pude, acompanhando o carro. Vejo ele sair e ir pra casa, corro mais rápido, voltando a forma humana, subindo pela varanda como sempre fiz e indo pro seu quarto, quando escuto passos na escada, eu me deito na cama e me cubro, fingindo estar dormindo. Escuto Drew e Henry conversando. Quando ele retorna e me olha, espero até a hora de me levanta. Quando sua atenção não cai sobra mim, eu saio da sua cama, como um ser da noite, parecia que era parte da escuridão, foi quando uma fisgada surge em meu ventre, me fazendo perde o controle'