Emergindo

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  No dia seguinte acordei cedo como todos os dias, mas sabendo que não ia mais para o mesmo lugar.

E isso era estranho... De toda forma me levantei, me arrumei e sai do meu quarto poucos minutos para sete e quem estava ali na antessala parado e olhando em direção a minha porta era ninguém menos do que Clóvis.

E a cara dele não era a das melhores.

— A Imperatriz me convocou para uma reunião as cinco da manhã antes de ir para a Índia. – Ele disse sem emoção, mas geralmente ele era do tipo monocórdio então não me preocupei até vir a segunda parte: - Me trocar por você é no mínimo ultrajante.

E aí estava exatamente o que eu achava que ia acontecer. Suspirei.

— Foi escolha dela e eu não posso dizer não assim como você não pode. Ela não quer mais que você passe estresse com o Inki, não vejo o porquê de você estar tão irritado.

— Continua sendo ultrajante.

— E você quer que eu faça o quê?

Perguntei indo até ele e o encarando mais perto. Clóvis cruzou os braços:

— Fracasse e seja remanejado para folha de pagamento.

Suspirei. Um mês atrás eu tremeria na base, claro, mas eu já tinha entendido como as coisas funcionavam ali e para todos ser 'rebaixado' era o ápice da humilhação pública; não alterava salário, mas alterava status não oficial, acontece que para mim status era algo inútil, na realidade.

— Que eu vá, isso não muda o fato de que você não consegue conviver com o Inki, isso estava afetando seu rendimento e a Imperatriz não é burra nem cega. Trabalho é trabalho, seja ao lado da The Boss, seja home office, eu até prefiro trabalhar sozinho no jardim do que dez horas no fim de um labirinto, mas isso é gosto pessoal. De todo modo ainda te vejo como um colega de trabalho importante e capacitado que está neste exato minuto bravo com a pessoa que não tem culpa e que logo vai cair em si que isso é sem noção; eu tenho que ir, bom dia.

Sai dali o deixando para trás e torcendo para que eu ficasse de pé e com cara de 'tô legal, 'tô de boa' até o carro do Pcy.

— Não vai tomar café da manhã de novo? Mesmo não precisando estar na loja até as oito?

Pcy era um cara conversador e tínhamos nos dado bem, mas também parecia sempre de olho em mim e era mais detalhista do que eu.

— Esqueci, acho que me acostumei, sei lá.

Respondi rolando os olhos. Realmente hábito era uma coisa...

— Então quer o quê? Ir direito mesmo?

— Sim, vamos.

— Ok.

Chegamos lá em vinte minutos e a Loja ainda estava fechada, quer dizer, eu entrava com o leitor ótico então não tinha grandes problemas agora, sobre o labirinto... o plano era chegar no Inki mesmo e aquele caminho eu sabia fazer.

— Tem roupas de mergulho de vários tamanhos no closet próximo ao tanque, pode usar.

Pcy disse antes que eu saísse do carro e eu sorri agradecido. Eu era bem óbvio, pelo visto...

Cheguei na borda do tanque e olhei para a água pensativo.

Muitas coisas aconteceram noite passada, inclusive eu chegar no meu quarto e ligar para meu pai remarcando nosso encontro para a noite por causa do trabalho... E claro, para que eu colocasse a cabeça no lugar antes de encará-lo de novo.

O novatoOnde histórias criam vida. Descubra agora