EXTRA - Circe, parte 2

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  Jongin

 Ele desceu até o salão principal do enorme templo antigo no coração daquela floresta e onde Laine fazia morada nos últimos anos e evitou rolar os olhos diante da escolha da amiga.

Sim, não escolheu aquela mulher para ser madrinha do seu filho apenas pelos seus poderes que ainda ecoavam dos resquícios de magia restante naquele mundo. Não, ele também gostava muito dela, desde sempre, desde que se recordava ainda aprisionado dentro daquele orfanato repugnante.

Ela transmitia paz e segurança a todos ao seu redor, talvez fosse aquilo o seu grande potencial talento de reunir pessoas dispostas a defender o que ela defendia. A segui-la, a aprender com ela. A ouvi-la.

Ele atravessou as pilastras de sustentação do velho templo que um dia esteve totalmente na superfície e era morada de sacerdotisas egípcias negras e observou o trabalho ali executado enquanto se recordava que no auge daquela construção, ele ainda morava isolado em uma ilha e coberto de irritação geral pela humanidade e pelos deuses.

Mas o tempo, as areias e a florestas cobriram aquele passado enquanto o tédio cobriu o seu e agora ele estava ali, e ela... Estava ali.

— Como se sente, Jongin?

Laine parou ao seu lado e ele sorriu pequeno. Ele era a pessoa que podia se teletransportar pela barreira do espaço, mas ela era a mais silenciosa dos dois:

— Recarregado e inteiro de novo. Obrigado pelos cuidados.

— Sabe que sempre pode vir a mim em horas difíceis. Minha casa sempre será a casa do filho adorado de minha filha e do meu melhor amigo.

— Só por isso?

Foi a vez de ela sorrir e negar com um leve movimento de cabeça:

— Claro que não. Também faço porque sempre te achei um moleque de temperamento difícil que precisava de uma madrinha paciente para te dar bons conselhos.

Eles se entreolharam e logo riram baixinho:

— Yuto trouxe Sehun de volta, talvez ele conseguisse fazer o mesmo com ela... Ainda que eu reprove.

Eles olharam para a frente e viram o esquife de gelo com uma bela mulher aparentando apenas estar adormecida dentro, com seus longos cabelos purpura e rosto de porcelana. Duas mulheres terminavam de acender velas ao redor do esquife sobre um altar de pedra achatada e baixa e saíram silenciosas por corredores ao fundo.

Laine negou:

— Não, Jongin. Sua mãe dormirá na morte para sempre até que a profecia se realize. Seu pai suportou enquanto pode, mas infelizmente meu querido amigo não conseguirá ver esse dia chegar.

— E ele sofre com essa maldição infernal! – Jongin se sentia em fúria toda vez que pensava naquilo, em tudo aquilo! – É por isso que o amor é um erro e é por isso que tentei evitar que Yuto seguisse por essa trilha.

— Mas o destino tem seus próprios caminhos, Jongin...

— Se ele ainda fosse vivo e não mais apenas um resquício de poder que emana sobre o Universo, eu o degolaria.

Ele deu as costas para a matriarca e saiu dali evitando de socar algo pela frente.

Mas claro que ela o seguiu e logo sentia uma das mãos dela em seu ombro e parou no meio do corredor que levava ao andar superior.

— Você é o único deus vivo nesse mundo, Jongin e Yuto é o portador da abóbada celeste. Você viu o poder da marca, você a viu em seu filho. Não há mais dúvidas sobre ser ele e mais dia, menos dia, ele começará a realizar seus próprios desígnios...

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