Domenic

495 60 68
                                    


  Eu realmente era um Domenic e aqueles três eram minha família.

Como eu sabia disso? Bem, eu sentia e para mim agora é mais do que suficiente. Mas não só por isso, e sim porque quando estávamos juntos, dava para perceber a olhos vistos.

Como naquele momento, naquele exato momento em que eu, Bibi, Gun e Earth entrávamos naquela boate exclusiva em Xangai vestidos em tons diferentes de rosa perolado e cercados por dois brutamontes da segurança especial que Bibi colocou em nossos dois primos.

Nós entramos, subimos para o nosso camarote escolhido a dedo por minha prima e nos sentamos nos dois sofás em formato de S, um de frente ao outro, e com vista privilegiada para a pista de dança e balcão de bar; estávamos ali para uma missão e eu estava bem agitado e animado por dentro.

Era nossa primeira missão em campo.

E toda a minha animação com isso era mais do que minha condenação sobre meu sangue materno: O sangue inclinado ao caos e as tendências incendiarias.

— Bem, agora... Primo, temos de começar.

Earth me disse sorrindo quase que ladino e suavemente manso e eu acabei dando uma risadinha: Sim, era hora de começar.

Meu primo desceu o casaquinho rosa brilhante e deixou os ombros a mostra exatamente no momento em que o alvo passou lá embaixo e eu... Bem, eu fiz o que era a minha parte fazer ali, me curvei sobre o sofá e consequentemente a grade do balcão do camarote e me foquei no homem elegante, multimilionário e que tinha todas as informações das quais precisávamos e me concentrei.

Bibi e Gun estavam no outro sofá, de frente a mim e a Earth e prontos para me ajudar a qualquer sinal de exaustão ou problemas e eu confiava piamente nos dois. Earth era a isca, eu o invasor.

Eles eram minha família. Meus primos, meu sangue e estávamos juntos no mesmo objetivo agora, no mesmo projeto.

No mesmo negócio.

Eu me foquei e entrei na mente do homem enquanto ele era atraído irremediavelmente ao meu primo que sim, era o sonho molhado do homem e que já sabíamos de antemão: um garotinho jovem, mignon, vestido em roupas de Barbie, com rostinho de Barbie, o encarando de olhos brilhantes e boca levemente adornada de gloss. Eu dei a ele, noite passada, pérolas feitas com as minhas próprias lágrimas, pérolas brilhantes, quase mágicas, que atraiam o olhar daquele que o seu portador desejava e que ele transformou em um colar... E como eu sabia daquele efeito? Bem, eu aprendi nos últimos dias a me ouvir melhor. Dias bem esclarecedores também...

O fato era que o meu primo agora era uma armadilha irresistível para quase todo mundo, e especialmente para aquele cara; assim o foco dele veio sobre o meu primo com rapidez e eu tive a facilidade de ter a mente dele focada em um único ponto e fácil de invadir.

E eu entrei.

Entrei sem o menor problema porque bem... Eu treinei.

Eu já me conhecia melhor... Assim como agora meus primos também.


Foram três semanas.

Três incríveis semanas desde que cheguei na casa da minha prima.

Eu cheguei na mansão dos Domenic naquele primeiro momento quase ao raiar do dia e ela me recebeu sem perguntas e por isso, mais do que tudo, eu me joguei nos braços de Beatrix e chorei, chorei pela primeira vez desde que soube de tudo pelos próprios lábios do Third.

Meus primos estavam lá, ainda tentando ajudá-la a organizar o caos em que se encontrava a Organização, sem muito sucesso, e passamos a primeira manhã xingando homens idiotas que achavam que estavam acima dos direitos civis dos outros; o que era um pouco irônico porquê de certo modo todo os Sete viviam em estruturas mafiosas e que direitos humanos padrão não era nem cogitado em vários degraus da coisa toda, de toda forma eu, Gun e Earth não nascemos dentro daquilo tudo e tínhamos uma mente parecida, já Bibi estava disposta a mudar tudo, mudar ela mesma, a Organização, o mundo a sua volta:

O novatoOnde histórias criam vida. Descubra agora