Baby

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Hazel narrando

Parece que o problema era geral. Ninguém sabia o porquê, mas todos os meninos de ambos os acampamentos haviam se transformado em bebês e crianças pequenas. Alguma esquisitice divina? Talvez. A maior questão seria arrumar tempo para cuidar dos pequenos. Eu fui acordada por uma mensagem de Íris de Piper e Annabeth, perguntando se o mesmo tinha acontecido no Acampamento Júpiter. E depois de andar um pouco, eu descobri que sim, tinha. Eu estava um pouco ocupada encomendando fraldas, mas Lavínia fez questão de me lembrar algo.

L:- Hazel.

H:- eu tô ocupada agora, mas o que foi?

L:- e o Frank?

Parei o que estava fazendo e ergui meu olhar para ela. Eu havia esquecido. Se todos os meninos haviam virado ou bebês ou criancinhas, significa que Frank também devia ter sido afetado. Suspirei.

H:- pode terminar de conversar com o cara da farmácia aqui pra mim? Está difícil explicar a compra de tantas fraldas.

Entreguei o telefone a ela. Normalmente não usávamos, mas como era uma emergência e eu sabia mexer no WhatsApp, era melhor para lidar. Ela concordou e fui andando pelas calçadas em direção ao quarto dele. Durante o trajeto, vi vários dos garotos legionários nas mãos das garotas, muitos deles chorando e alguns chamando a mãe. E a maioria das garotas não tinham ideia do que fazer. Instinto materno, é? Cheguei e abri a porta devagar. O quarto estava meio escuro, como Frank sempre deixava antes de dormir. Olhei para a cama. Apesar do lençol todo bagunçado, apenas um pequeno pontinho na cama estava ocupado. Andei devagar até lá. Pela quietude, ele ainda estava dormindo. Eu admito ter esperado uma criança de dois ou três anos, ou ao menos um bebê grande, mas o que estava na cama era um dos menores bebês que eu havia visto até então. Os olhinhos pequenos estavam fechados, a boquinha entreaberta, de onde escorria baba. Ele era rechonchudinho e muito fofo! Fiquei encarando ele de cima. Já tinha o cabelo curtinho em toda a cabeça, mas parecia um dos mais novos que surgira até aquela hora. Fiz um carinho leve com o dedo na bochecha limpa. Ele debateu os pés por um momento. Assim como os outros garotos, ele já estava com uma roupinha apropriada, e provavelmente agora teria o guarda-roupa cheio delas. Só faltavam todos os outros recursos. Fiz outro carinho em sua bochecha. Dessa vez ele resmungou e abriu os olhos. Deu um bocejo e esfregou um dos olhos com a mãozinha fofa de forma desengonçada. Olhou em volta e depois fixou o olhar em mim.

F:- ga.

H:- meus deuses, como você é fofinho!

F:- blfrrr.

H:- me desculpa, mas você parece uma batatinha.

F:- a!

Ele se debateu. Fiquei meio confusa, então peguei ele no colo. Ele parecia tão confuso quanto eu. Não podia culpá-lo, estava sem todas as memórias de depois da idade que tinha. E então, a coisa mais assustadora disso tudo aconteceu: ele começou a chorar.

H:- ah não... não chora...

Mas era tarde. Ele já estava fazendo um barulhinho esganiçado acompanhado de uma careta, além de se contorcer no meu colo. Suspirei e levei ele para fora. Ele continuou chorando. Cheguei no arsenal, que agora estava lotado de utensílios de bebê. As garotas estavam tentando entender como usar cada coisa, e muitas estavam falhando miseravelmente. Encontrei uma mamadeira e uma receita de leite, do tipo comprada em farmácias, numa latinha. Coloquei algumas colheres da solução em pó e enchi de água. Coloquei num dos micro-ondas que haviam sido instalados emergencialmente e pedi para uma filha de Vulcano acionar o código certo naquela coisa. E mini-Frank continuava chorando no meu colo. Não seria o ideal, mas eu precisava me safar daquilo por hora. Quando o micro-ondas apitou, tirei a mamadeira lá de dentro, me sentei, coloquei Frank baby version deitado no meu colo e ofereci o bico para ele, tentando fazê-lo mamar. Torci para que estivesse na temperatura certa. Bom, eu não sabia se estava certo ou não, mas Frank agarrou a mamadeira de qualquer forma. Ele quase não tomava tempo para respirar enquanto comia. Em questão de minutos, ele tinha esvaziado tudo. E começou a choramingar de novo.

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