Frank narrando
Eu estava na fila para pegar um autógrafo de uma artista famosa. Estava empolgado, pois ela cantava coisas muito legais, eu era muito fã dela e, majoritariamente, eu estava preocupado com ela. Ok, isso parece ridículo, mas entenda, eu detesto idolatria infundada que corrompe o corpo e a alma de alguém, como acontece com os artistas, e com ela essa preocupação era maior, pois ela tinha apenas 16 anos. Portanto, além do papel do autógrafo, eu tinha uma carta:Oi Hazel. Acho que você deve receber muitas cartas, bilhetes ou mensagens de fãs, mas eu queria te falar isso, mesmo sabendo que meio que não tenho oportunidade: você está bem? Eu tenho notado uma frequência excessiva de shows que você tem feito, e parece exaustivo. Imagino que pareça patético um cara aleatório se preocupar tanto com você, mas eu não ignoro a sua humanidade como vejo a maioria fazer, então eu queria me certificar se está tudo certo. Se quiser conversar com alguém (como uma garota normal) vou deixar meu número (mesmo sabendo que provavelmente vou ter que assinar um termo de confidencialidade pra isso ou coisa parecida). Não espero que me responda, só quero poder ser gentil com você, caso precise.
Atenciosamente: apenas um fã.Quanto mais a fila avançava, mais eu me sentia ridículo com aquela carta na mão, mas agora eu não iria voltar atrás. Entenda: eu sempre tive a mania de ser realmente gentil. Tipo, perguntar se uma pessoa aleatória quer carona, ajudar alguém a levar as sacolas de compras para casa, ceder o banco do ônibus, perguntar se uma pessoa desconhecida na rua está bem por estar fazendo uma cara de poucos amigos, essas coisas. E com artistas não era diferente. Isso porque eu não enxergava esse pedestal em que todo mundo colocava uma pessoa de forma massiva. Mesmo que fosse pelo fato de que a pessoa ser totalmente única, oras, todos somos únicos e todos temos algum talento. Não podemos minar a energia de um número determinado de pessoas com tanto fanatismo.
Eu sempre me sinto patético quando digo ou penso nisso. Apertei a carta entre os dedos, com cuidado para não amassar. Eu era o próximo. A minha frente, havia um garoto latino que falava algum flerte enquanto ela lhe passava o autógrafo. A ouvi suspirar e lhe dar um fora. Ele deu de ombros e saiu dizendo: "qualquer coisa me liga" de brincadeira, enquanto piscava. Então eu fui chamado. Puxei meu bloquinho de notas (que eu levava em shows para pedir autógrafos) e coloquei na mesa. Percebi que ela encarou minhas unhas por um momento. Não posso julgar, não é todo mundo que pinta as unhas de rosa e preto. Então ela levantou o olhar e perguntou:H:- o que quer que eu escreva?
F:- "para um fã atencioso, de Hazel Levesque".
Ela ergueu uma sobrancelha antes de escrever. Depois, depositei a carta sobre a mesa.
F:- e queria deixar isso com você.
Ela pegou o envelope antes de eu ser convidado a ceder o espaço para o próximo fã. Sai empolgado por ter o autógrafo dela. O motorista da minha família me mandou mensagem dizendo que estava esperando em frente ao salão de eventos. Comprei um salgadinho numa máquina à frente do salão e saí. Ofereci um pouco ao motorista, que recusou educadamente. Como já era noite, apenas cheguei em casa, me arrumei e dormi. Eu estava de férias, então não tinha que me preocupar em acordar antes das nove no dia seguinte.
Logo que desci para o café da manhã, ali pelas oito e meia (eu não disse que não acordaria antes das nove só porque podia acordar depois disso) encontrei minha avó no escritório dela (onde eu sempre passava pra dar bom dia). Ela me encarou por um momento.
Li:- a acessoria de uma cantora ligou. Disseram que querem marcar uma reunião a pedido da própria. É a mesma de ontem à noite, que você foi no show?
Pisquei.
F:- imagino que sim.
Minha avó suspirou.
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Contos Frazel
FanfictionIsso aqui existe porque eu tenho surtos aleatórios de amor a determinados personagens, e o que sai é basicamente isso.