Quando um pretor sai, o outro quase enlouquece

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Aviso: ingestão de medicamentos controlados e alerta de crise de pânico
Hazel narrando
Cai na minha cama do beliche após meu turno como sentinela seguido dos jogos de guerra e meus horários como centuriã. Meu cargo era bem mais cansativo do que Dakota e Gwen faziam parecer. Levantei antes que eu roncasse sem querer e olhei pela janela. Ainda eram umas 15:00 da tarde. Minha vista foi basicamente Frank, ao mesmo tempo, ensinando arco e flecha para um pequeno grupo de legionários, sendo babá de uma menininha filha de um veterano escalado para uma missão e resolvendo algum assunto burocrático do Acampamento Júpiter. Ergui as sobrancelhas ao vê-lo com total controle das três situações simultaneamente. Eu não duvidava nem um pouco das capacidades e habilidades de Frank, eu apenas... ficava levemente encantada quando descobria novas capacidades da parte dele - algumas que ele sequer aparentava ter. Quando que eu imaginaria meu namorado com uma criança no colo dormindo encostada em seu ombro com toda a paz de espírito desse mundo? Talvez eu devesse imaginar essa cena com um possível futuro filho, mas eu geralmente tinha assuntos mais atuais com os quais me preocupar. Porém, ver Frank segurando aquela menina com tanto jeitinho e ainda desempenhando outras duas funções me fez pensar na possibilidade de sermos pais. E agora eu estava refletindo sobre nomes, manias e aparências possíveis para futuros filhos. Isso soa quase patético, o que é meio triste se pararmos pra pensar. Balancei a cabeça na tentativa de afastar possíveis pensamentos negativos. Peguei minhas coisas, tomei um banho e voltei para o beliche, dessa vez tirando meu tão necessário cochilo.

***

Me estiquei, logo após as lutas de gladiadores acabarem com eu derrubando Lavínia. Fui procurar Frank, na esperança de achá-lo. Por sorte, ele não estava longe, ajudando na organização das espadas, tridentes, armaduras e outros artigos de gladiadores utilizados essa noite. Ele guiava e organizava os ajudantes em fileiras de acordo com o equipamento que buscavam, para colocá-lo no devido local de armazenamento do arsenal. Ele também estava mostrando como colocar a armadura no suporte e separando quem seriam os responsáveis por polir os equipamentos no dia seguinte.
Esperei ele terminar o trabalho dele como "guia da guardação de armaduras" para ir falar com ele. Frank estava com a mão dada a menininha, que agora estava acordada mas não muito disposta.

H:- oi?

F:- oi Haz. Tudo bem?

H:- fora alguns arranhões e a cara feia de Lavínia, sim. E quem é essa pequena?

Frank pegou a garotinha no colo novamente. Ela carregava um ursinho, tinha uma chupeta na boca e devia estar na casa dos três anos.

F:- Hazel, essa é a Maya. Maya, diz "oi" pra Hazel.

A pequena levantou os olhos, um pouco pesados, e murmurou um "oi" para mim, acenando. Ela tinha uma clara ascendência cherokee, adornada por intensos olhos verde esmeralda. Ela se segurou em Frank e fechou os olhos, em uma posição semelhante à de hoje mais cedo. Frank deu uma risadinha.

F:- uma das ascendências divinas dela é Somnus, ela vive dormindo.

Quando ele mencionou sobre o lado divino da garotinha, eu olhei um pouco melhor seus olhos. Frank não tinha sinais fortes de cansaço, ou seja, não tinha olheiras, o que era no mínimo suspeito pois os pretores geralmente tinham, pelo menos, pequenas camadas roxas abaixo dos olhos.

H:- por falar em sono, pelos meus cálculos, a última vez que você dormiu direito foi anteontem. Como você não está com olheiras?

Frank deu uma leve comprimida nos lábios antes de responder.

F:- uma palavra: maquiagem.

Franzi a testa. Ok, maquiagem geralmente esconde olheiras mas eu deveria ao menos notar quando chegava perto, não?

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